" um erro pensar no soldado das Foras Armadas como um policial", disse o ministro Sergio Moro ao apresentador Ratinho, do SBT, em entrevista exibida na noite desta tera-feira (18).
"Colocar o Exrcito para fazer o trabalho de policial pode criar situaes complicadas", afirmou, sem citar exemplos.
Em abril, militares dispararam mais de 80 tiros contra o carro de uma famlia que ia a um ch de beb na zona oeste do Rio de Janeiro e mataram um msico e um catador de reciclveis que tentou socorr-los. Eles teriam confundido o veculo com o de um criminoso.
A entrevista foi gravada na segunda-feira. Moro falou tambm sobre o ataque que sofreu de um hacker em seu celular, mas no dos vazamentos divulgados pelo site The Intercept Brasil.
O ministro da Justia e Segurana Pblica do Brasil tambm falou sobre seu pacote anticrime, a reduo da criminalidade e a crise prisional no pas. Moro mencionou medida provisria para leiloar bens apreendidos de traficantes, com renda revertida para investir no combate ao crime.
"Precisamos aplicar as melhores prticas", disse o ministro sobre uma eventual soluo para a superlotao de presdios no pas. Moro deu o exemplo do trabalho realizado por detentos em um presdio de Chapec (SC), em que o salrio dividido entre o preso –o que ajuda a afast-lo do crime organizado, segundo o ministro– e investimentos na infraestrutura do prprio presdio.
Questionado por Ratinho sobre a situao especfica da violncia no Rio de Janeiro, Moro defendeu aes conjuntas da Unio, estado e municpios. O titular da Justia afirmou que um projeto ser executado no segundo semestre em cinco cidades diferentes, com foco em bairros mais violentos. O ministro no adiantou quais seriam os municpios, porm.
Sobre a votao do pacote anticrime no Congresso, Sergio Moro afirmou que a prioridade a Previdncia, mas que to logo a discusso da reforma e, esse ser o tema a ser tratado entre Executivo e Legislativo. "Temos que endurecer em relao criminalidade mais grave -corrupo, crime organizado e crime violento", disse. Em outro momento, afirmou que "a gente se tornou leniente demais com quem infringe a lei".
Sobre a poltica em relao a drogas, Moro falou que a legalizao da maconha no est na agenda do governo e se disse contra a liberao, mas relativizou quando perguntado sobre o caso da Cannabis medicinal, dizendo que casos em que seja comprovada a necessidade para tratamento com medicamentos base de canabidiol so diferentes.
Em relao ao tratamento de dependentes qumicos, o ministro defendeu a internao voluntria, e reconheceu a internao compulsria como alternativa para casos mais graves.
Moro falou ainda sobre a crise de segurana no Cear logo nos primeiros dias do governo Bolsonaro. "Ali foi um momento difcil, tnhamos acabado de assumir. O governo federal reagiu rpido, em um ms a crise de segurana tinha acabado", disse. "Os nveis de criminalidade no Cear despencaram", afirmou, acrescentando que nos dois primeiros meses houve uma queda de 23% em homicdios no pas, em relao ao mesmo perodo de 2018.
O ministro falou ainda que seu projeto anticrime prev que as "saidinhas", os indultos temporrios concedidos a presos em datas como o Natal e o Dia das Mes, sero suspensas em casos de crime hediondo.
Provocado por Ratinho sobre vandalismo em manifestaes, Moro afirmou que "se foi muito leniente a isso no ado, como se pudesse a baderna". "Uma coisa a pessoa protestar, ter manifestaes pacficas. No pode destruir propriedades privadas."
Direto de So Paulo, FOLHAPRESS