O ex-deputado federal e atual conselheiro da Confederao da Agricultura e Pecuria do Brasil, Nilson Leito, fez duras crticas ao chamado “tarifao” imposto pelos Estados Unidos sobre produtos chineses e de outros pases, e alertou para os impactos diretos e indiretos que a medida pode trazer ao Brasil.
Para ele, essa disputa entre gigantes econmicos mundiais no beneficia ningum. “ o jogo do perde-perde. Eu no concordo que bom. No bom de jeito nenhum”, afirmou.
Leito reconhece que, em um primeiro momento, a deciso norte-americana pode abrir oportunidades ao Brasil, j que a China tende a buscar outros fornecedores. No entanto, ele alerta: os impactos colaterais so inevitveis.
“Alguns pases da frica, de outros lugares, vo ter uma tarifa de 70%. O Brasil vai ter uma tarifa de 10%, ento se alguns pases quebrarem, o Brasil vai ficar com o olho roxo. s essa diferena. Esse olho roxo que vai atingir o Brasil”.
Segundo ele, a nica sada para o Brasil manter uma posio de equilbrio. O pas, lembra, grande exportador de alimentos e commodities, e no pode se dar ao luxo de entrar em disputas ideolgicas.
“O Brasil no pode escolher lado. Precisa estar de bem com os Estados Unidos comercialmente e precisa estar bem com a China comercialmente. A China nosso maior cliente. Os Estados Unidos, para soja, milho e algodo. E tambm para minrio, suco de laranja, caf. A Europa tambm importante. O Brasil no tem o direito de brigar com ningum, porque ns somos vendedores”.
Ao comparar o papel do Brasil no comrcio global, Leito foi direto: “O dono do supermercado no briga com o cliente. No interessa a religio que ele , no interessa que partido ele quer. Interessa que ele o cliente, e o cliente tem que ser bem atendido.”
O ex-parlamentar tambm criticou a transformao da lei da reciprocidade em um instrumento poltico. Segundo ele, esse dispositivo no foi criado por causa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas surgiu como resposta a presses da Unio Europeia, especialmente nas discusses ambientais e na moratria da soja, h cerca de dois a trs anos.
“Agora uma realidade que vai se assentar. O pas vai se adequar. Se algum taxar o Brasil, como a Argentina na carne, o Brasil tem que responder na mesma moeda. A lei da reciprocidade uma ferramenta legtima para equilibrar o jogo do comrcio internacional”.