A principal iniciativa para enfrentar o ivo ambiental e regularizar a atividade mineral na regio do Rio Peixoto de Azevedo vem da Cooperativa dos Garimpeiros do Vale do Rio Peixoto (Coogavepe).
Fundada h 11 anos e com cerca de 5.500 associados em sete municpios, a entidade presta assistncia tcnica para obter licena ambiental da Sema e para recuperar reas j exploradas por meio do nivelamento do solo, do replantio e do reaproveitamento dos buracos para a piscicultura.
"Estamos tentando mudar a cultura", afirma o presidente da Coogavepe, o ex-bancrio paulista Gilson Camboim. "A represso no est resolvendo. O que vai resolver a mudana de conscincia."
Para auxiliar na recuperao de reas, a cooperativa conta com um bilogo, um engenheiro florestal, alm de disponibilizar mudas de plantas nativas, produzidas em convnio com a prefeitura, entre outras iniciativas.
Camboim levou a reportagem a trs reas de extrao de ouro. Em ambas, chamam a ateno os buracos profundos e o uso intensivo de escavadeiras e tratores, em uma escala mais prxima da minerao mecanizada e distante do garimpo de mo de obra intensiva e prticas rudimentares.
Nesses casos, o nivelamento feito com a utilizao do topsoil, a camada superior, rica em matria orgnica, que fica armazenada enquanto ocorre a explorao. Como a maioria da minerao atual est sobre reas j desmatadas, o replantio feito com pastagem.
Outra aposta da Coogavepe tem sido o aproveitamento das crateras abandonadas para a piscicultura, ainda incipiente. O caso mais bem-sucedido do produtor rural Vilamir Longo, que cria pirarucu aps transformar crateras do garimpo em tanques.
J na rea prxima do rio, a antiga rea de garimpo foi aos poucos tomada pela capoeira, vegetao mais baixa do que a floresta original. "Evidentemente que o homem jamais vai refazer o que Deus fez", afirma o produtor gacho.
Um dos principais especialistas em restaurao florestal, o bilogo da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq-USP) Ricardo Rodrigues afirma que a regulamentao no licenciamento ambiental previsto pela Sema adequada, mas a fiscalizao em campo ineficiente. "O problema sempre volta para [falta de] tcnicos capacitados, idneos."
Com relao ao ivo ambiental, Rodrigues discorda da Sema ao afirmar que a recuperao responsabilidade do Estado. "Todo mundo sabia que havia atividade garimpeira l, e o poder pblico no fez nada para evitar e corrigir. Est sendo transferido para a sociedade, mas foi uma ineficincia do Estado."
Rodrigues se ope abertura de terras indgenas para a minerao. A atividade depende de regulamentao do Congresso e consulta aos povos afetados. Bolsonaro promete apresentar uma proposta.
"Antes temos de demonstrar que o que estamos fazendo nas frentes atuais adequado. A qualidade de restaurao est muito aqum do desejado nas reas que esto sendo mineradas. Por que elas seriam melhores nas reas no mineradas?"
O sobrevoo do rio e parte das agens areas foram custeadas pelo ISA (Instituto Socioambiental).