Em tom de desabafo, o presidente da Cmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a aprovao do texto-base proposta da reforma da Previdncia (PEC 6/19) na noite desta quarta-feira (10) um “momento histrico” para os que apoiam e os que no apoiam a proposta. Responsvel pela conduo da aprovao da reforma, Maia fez um discurso emocionado, que durou 16 minutos, no qual agradeceu aos lderes partidrios e destacou trechos da proposta.
“Todos ns falamos muito em combater privilgios, e o nosso sistema previdencirio e de assistncia comete um dos maiores erros que um sistema pode cometer, porque o nosso sistema previdencirio, como deficitrio, coloca o Brasil em uma realidade muito dura. Para cada idoso abaixo da linha da pobreza, ns temos cinco crianas, e estas reformas vm no intuito de reduzir desigualdades, e esse o objetivo de todos os parlamentares aqui presentes”, afirmou.
A expressiva votao com que a proposta foi aprovada – 379 a 131 – foi capitaneada por Rodrigo Maia. Apesar da tendncia de aprovao da matria, mapeamento de votos realizado pelo governo indicava que seriam 330 os votos favorveis, pouco acima dos 308 necessrios para aprovao de proposta de emenda Constituio. O deputado foi s lgrimas quando o lder do PSL, Delegado Waldir (GO), pediu aplausos a Maia por sua conduo na apreciao da matria.
“Quando ns construmos um texto, ele no o texto dos sonhos de cada um de ns. Eu no defendo a [regra] de transio nem dos servidores pblicos, nem dos professores, nem para a Polcia Federal. Mas existem muitos representantes dos servidores pblicos aqui, e alguma transio foi construda. Ela mantm alguns benefcios em relao aos brasileiros que no conseguem completar nem 15 anos de contribuio e que se aposentam com mais de 65 anos hoje – antes da reforma”, ressaltou Maia.
Ao apontar as despesas pblicas como o primeiro “monstro” a ser enfrentado, Maia criticou a iniciativa privada destacando que o setor recebe do Estado R$ 400 bilhes em renncias fiscais e no gera o retorno esperado, tanto em eficincia quanto em empregos.
"Quem fala em reduzir impostos hoje, no est falando a verdade. Ns temos que primeiro enfrentar esse 'monstro' que so as despesas pblicas – que so concentradas em poucas corporaes pblicas e privadas. O setor privado tambm tem responsabilidade porque leva R$ 400 bilhes por ano [em renncias fiscais], muitas vezes sem eficincia na sua empresa e sem gerar empregos para os brasileiros. No s o servio pblico que responsvel”, afirmou.
Maia tambm defendeu o Congresso e o chamado centro, grupo de partidos de centro, que tem sido criticado em manifestaes de apoio reforma da Previdncia pelo Brasil. Para Rodrigo Maia, o Parlamento brasileiro recuperou seu papel institucional, que no tinha h muitos anos.
“O centro, essa coisa que ningum sabe o que , mas do mal. Mas o centro que est fazendo a reforma da Previdncia, so esses partidos que se dizem do centro. Eu tenho muito orgulho de presidir a Cmara e de ter a confiana dos lderes, no s daqueles que pensam como eu penso, mas daqueles que pensam de forma distinta da que eu penso. Essa relao de confiana que faz o Parlamento de hoje ter um protagonismo que no tem h muitos anos, e ns no podemos perder a oportunidade, sem interesse de tirar nenhum poder do presidente da Repblica, sem tirar nenhuma prerrogativa do presidente da Repblica”, disse.
Aprovao
Depois de oito horas de debates, o plenrio da Cmara aprovou, em primeiro turno, o texto principal da reforma da Previdncia. A proposta teve 379 votos a favor e 131, contra. A expectativa de Rodrigo Maia que a Casa conclua a votao, em segundo turno, at sbado (13) de manh.
Direto de Braslia,Heloisa Cristaldo e Wellton Mximo, Agncia Brasil