O Ministrio Pblico do Rio de Janeiro decidiu analisar as prestaes de contas eleitorais do senador Flvio Bolsonaro (PSL-RJ) no perodo em que seu ex-assessor Fabrcio Queiroz esteve vinculado ao seu gabinete.
O policial militar aposentado esteve ao lado de Flvio em quatro disputas eleitorais: duas para a Assembleia Legislativa do Rio, uma para a prefeitura e a ltima ao Senado.
O senador se tornou alvo de investigao aps um relatrio do governo federal ter apontado a movimentao suspeita de R$ 1,2 milho na conta de Queiroz entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
Alm do volume movimentado, chamou a ateno a forma com que as operaes se davam: saques e depsitos em dinheiro vivo. As transaes ocorriam em data prxima do pagamento de servidores da Assembleia Legislativa.
Queiroz, que foi funcionrio de Flvio de janeiro de 2007 a dezembro de 2018, j itiu que recebia parte dos valores dos salrios dos colegas de gabinete. Ele diz que usava esse dinheiro para remunerar assessores informais de Flvio, sem o conhecimento do ento deputado. Segundo o ex-assessor, essa medida gerou ganhos eleitorais ao chefe.
A participao do ex-assessor em temas de campanha foi informada pelo prprio senador em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
"Queiroz se sentou comigo na mesa quando empresrios queriam doar alguns milhes de reais na campanha. Neguei na frente de todo mundo", disse ele, sem apontar a qual campanha se referia.
Dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) no mostram um aumento significativo nos valores depositados ou sacados das contas de Queiroz em 2016, quando Flvio se candidatou a prefeito do Rio de Janeiro. No h dados disponveis sobre os outros anos.
Outro alvo das quebras de sigilos bancrio e fiscal, Valdenice Meliga, a Val, foi tesoureira da campanha de Flvio ao Senado. Ela recebeu procurao para cheques e ser responsvel financeira da campanha, atuando de graa. O servio foi contabilizado como doao estimada em R$ 5.000.
O recibo eleitoral apresentado por Val foi uma das ressalvas apontadas pelo Tribunal Regional Eleitoral ao aprovar as contas de campanha do senador. O documento no foi apresentado na primeira prestao parcial de contas, quando j estava, em tese assinado.
O mesmo ocorreu com o recibo de pagamento de R$ 5.000 empresa da contadora Alessandra Cristina Ferreira de Oliveira, que tambm foi alvo da quebra de sigilo.
As duas tambm atuavam como assessoras de Flvio na Assembleia, razo pela qual foram alvos da medida judicial.
O objetivo da Promotoria identificar relao entre a arrecadao de recursos de Queiroz e as disputas eleitorais. Contudo, caso um ilcito eleitoral seja identificado, o caso sai da esfera criminal para a eleitoral. Deciso recente do Supremo Tribunal Federal determinou que a Justia eleitoral deve julgar mesmo crimes comuns que tenham conexo com crimes eleitorais.
O senador Flvio afirmou, em nota, que a anlise das contas eleitorais pela Promotoria " s mais uma tentativa de criar factides para alimentar a imprensa e a campanha caluniosa" contra ele.
"A Justia Eleitoral responsvel por analisar e aprovar as contas da campanha eleitoral, tendo j validado toda a contabilidade de 2018. Minha campanha foi uma das mais baratas, feita por voluntrios e patriotas", afirmou. "O pouco dinheiro que usei foi aplicado de acordo com as regras, de maneira transparente. No momento certo a Justia vai revelar a verdade e os excessos do Ministrio Pblico", disse.
A defesa de Queiroz no se pronunciou sobre o caso. Em oportunidades anteriores, apontou ilegalidades tanto na quebra de sigilo como na conduo da investigao.
Val e Alessandra afirmaram que no foram notificadas da deciso e que no temem a apurao do caso.
Direto de So Paulo, Catia Seabra e Italo Nogueira / Folhapress
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