A Polcia Federal prendeu nesta nesta tera-feira (23) quatro pessoas sob suspeita de hackear telefones de autoridades, incluindo o ministro da Justia, Sergio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol, chefe da fora-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
A PF no divulgou detalhes da investigao.
Foram cumpridas 11 ordens judiciais, das quais 7 de busca e apreenso e 4 de priso temporria nas cidades de So Paulo, Araraquara (SP) e Ribeiro Preto (SP). Foram presos trs homens e uma mulher, depois transferidos para Braslia, onde prestaro depoimento Polcia Federal.
A operao se chama Spoofing, termo que, segundo a PF, designa "um tipo de falsificao tecnolgica que procura enganar uma rede ou uma pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informao confivel".
A reportagem apurou que a PF chegou aos suspeitos por meio da percia criminal federal, que conseguiu
rastrear os sinais do ataque aos telefones. Para investigadores, o grau de capacidade tcnica dos hackers no era alto.
A investigao, segundo a reportagem apurou, ainda no conseguiu estabelecer com exatido se o grupo investigado em So Paulo tem ligao com o pacote de mensagens privadas dos procuradores da Lava Jato obtido pelo site The Intercept Brasil.
Uma possvel relao entre os dois assuntos no foi confirmada oficialmente pela PF. Segundo o rgo, "as investigaes seguem para que sejam apuradas todas as circunstncias dos crimes praticados".
O advogado Ariovaldo Moreira, que defende Gustavo Henrique Elias Santos, um dos presos em Araraquara, disse desconhecer o envolvimento de seu cliente com atividades de hackers. Segundo o defensor, Santos trabalha como DJ. O suspeito j foi condenado pelo Tribunal de Justia de SP por porte ilegal de arma.
A reportagem no confirmou os nomes dos outros trs suspeitos.
As ordens judiciais foram expedidas pelo juiz federal de Braslia Vallisney de Souza Oliveira. O delegado da PF frente do caso Lus Flvio Zampronha, que em 2005 e 2006 presidiu o inqurito que apurou o escndalo do mensalo.
A investigao em curso foi aberta em Braslia para apurar, inicialmente, o ataque a aparelhos de Moro, do juiz federal Abel Gomes, relator da Lava Jato no TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2 Regio), do juiz federal no Rio Flvio Lucas e dos delegados da PF em So Paulo Rafael Fernandes e Flvio Reis.
Segundo investigadores, a apurao mostrou que o celular de Deltan Dallagnol tambm foi alvo do grupo. O caso de autoridades da Lava Jato em Curitiba est sendo tratado pela PF no Paran.
Mensagens reveladas pelo site Intercept desde 9 de junho apontam colaborao entre o ento juiz e Deltan quando ambos atuavam em Curitiba. Em 23 de junho, a Folha de S.Paulo comeou a publicar reportagens que exploram o material obtido pelo site.
Em audincia no Senado, Moro deu detalhes do ataque hacker de que foi vtima. Afirmou que, em 4 de junho, por volta das 18h, seu prprio nmero o telefonou trs vezes.
Segundo a Polcia Federal, os invasores no roubaram dados do aparelho do ministro –apenas Deltan teve informaes captadas durante o ataque que sofreu.
Moro afirmou ainda que deixou de usar o Telegram, aplicativo de onde as mensagens vazadas foram extradas, em 2017. Aps notcias de ataques hackers nas eleies dos Estados Unidos, ele comeou a desconfiar da segurana do aplicativo de origem russa.
O ministro diz que apagou o Telegram de seu aparelho e que no tem mais os arquivos das conversas. Em junho, a fora-tarefa da Lava Jato no Paran divulgou nota afirmando que os procuradores da operao desativaram suas contas no aplicativo e excluram os histricos de conversas aps sofrerem ataques hackers neste ano.
Segundo o Telegram, se o usurio no ar o aplicativo por seis meses, a conta destruda automaticamente.
A empresa tambm afirma que, caso um usurio tenha deletado a conta, todos os dados, como mensagens, grupos e contatos associados, so apagados do sistema.
Direto de Braslia,RUBENS VALENTE, FBIO FABRINI E REYNALDO TUROLLO JR.
BRASLIA, (FOLHAPRESS)