Ao menos trs das oito rdios citadas pela campanha do presidenteJair Bolsonaro(PL) por supostas irregularidades na insero da propaganda eleitoral gratuita j se pronunciaram rebatendo as acusaes de fraudes.
Em comunicados divulgados nesta quarta-feira (26), as emissoras falam em falhas no recebimento dos materiais do atual mandatrio, candidato reeleio, entre os dias 7 e 10 de outubro e alegam at mesmo ter procurado a prpria coligao Pelo Bem do Brasil, solicitando a regularidade dos envios, o que no teria acontecido.
O assunto ganhou mais repercussoaps exonerao do servidor Alexandre Gomes Machado, ento coordenador do pool de emissorasnoTribunal Superior Eleitoral(TSE). Aps a demisso, ocorrida nessa tera-feira (25), o ex-funcionrio da Corte procurou a Polcia Federal e disse ter sido demitido aps tomar conhecimento sobre um erro nas inseres de campanha de uma rdio em Minas Gerais – o que o Tribunal e a emissora negam que tenha acontecido.
O que dizem as rdios?
Primeira citada na lista de emissoras, a rdio Bispa, de Pernambuco, divulgou um comunicado nas redes sociais afirmando que a informao divulgada pela campanha de Jair Bolsonaro falsa, uma vez que apresenta erro na frequncia associada ao canal de comunicao.
Na relao enviada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aliados de Bolsonaro afirmam que o nmero da emissora 97.1 FM, mas a frequncia 98.7 FM. “Estamos em dias com o Tribunal Eleitoral, veiculamos todas as inseres que so enviadas para ns, e estamos fazendo nossa parte. (…) Por favor, parem de propagar informao falsa, no somos a 97.1, somos a Rdio da Bispa 98.7 FM”, diz o comunicado.
Tambm citada, rdio Viva Voz FM, de Vrzea da Roa, na Bahia, esclarece que na campanha ao segundo turno das eleies de 2022, recebeu o material de campanha de todas as coligaes no dia 6 de outubro, com exceo da coligao de Jair Bolsonaro, que enviou quatro dias depois, em 10 de outubro, conforme prints do e-mail da emissora tambm divulgados.
“A Viva Voz FM preza pela boa-f e enaltece a liberdade de expresso e a democracia”, afirma a emissora, que fala em compromisso com a verdade e misso em realizar “um servio social com base na transparncia”.
Outra a se manifestar foi a rdio do Povo, de Feira de Santana, na Bahia. Em nota, o Sistema Pazzi de Comunicao afirma ser integrado por seis emissoras de rdios e que todas “prezam pelo respeito populao baiana e s autoridades institudas”.
Com isso, o grupo detalha que todos os materiais de campanha vo veiculados conforme as determinaes do Tribunal Eleitoral, no havendo “erros ou omisses nessas veiculaes”, que so registradas em mapas, “comprovando a lisura de seu procedimento”. “Na hiptese de ter havido qualquer fraude, elas no foram cometidas pelas emissoras Rdio Povo da Bahia que sempre prezaram pela cumprimento da lei”, finalizada nota.
Na tarde desta quarta-feira, outra rdio que se manifestou sobre o assunto foi a JM Online, de Uberaba, em Minas Gerais. Embora no tenha sido citada no documento apresentado pela coligao Pelo Bem do Brasil ao TSE, a rdio foi mencionada pelo servidor Alexandre Gomes Machado durante declarao Polcia Federal.
Em depoimento, o ex-servidor disse ter sido demitido cerca de 30 minutos depois que encaminhou para chefia da Corte um e-mail em que a emissora supostamente itia erros nas inseres da campanha de Jair Bolsonaro, o que a rdio nega que tenha acontecido.
Assim como a Viva Voz FM, a JM diz que no incio do segundo turno das eleies presidenciais os mapas e materiais da campanha bolsonarista deixaram de ser enviados, fato identificado em 10 de outubro. Com isso, a emissora afirma ter questionado o TSE quais medidas deveriam ser adotadas, da mesma forma que acionou o Partido Liberal solicitando as mdias para propaganda.
“Boa tarde. Voc poderia enviar todas as mdias referente a esse mapa? No estvamos recebendo nenhuma at a chegada desse e-mail”, diz mensagem. A rdio informa ainda que, “diante da ausncia de orientao da Justia Eleitoral sobre eventual necessidade de reposio das inseres no veiculadas”, a emissora encaminhou um e-mail para formalizar o pedido de orientao do Tribunal Superior Eleitoral, mensagem que teria sido citada – de forma deturpada – pelo servidor Alexandre Gomes Machado, em depoimento Polcia Federal. “Lamentamos que o assunto tenha motivado um debate poltico acirrado e absolutamente desproporcional sobre um questionamento que poderia ter sido resolvido com a simples resposta pedida pela emissora”, conclui a rdio.
Entenda o caso das inseres eleitorais
As manifestaes das emissoras de rdios acontecem dois dias aps a campanha de Jair Bolsonaro denunciar supostas irregularidades em inseres do candidato em rdios do Norte e Nordeste.Como a Jovem Pan mostrou, na ltima segunda-feira, 24, o ministro das Comunicaes, Fbio Faria, e o chefe de comunicao da campanha de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, afirmaram em coletiva de imprensa que diversas inseres deixaram de ser veiculadas em rdios, falando em “grave violao do sistema eleitoral”. Segundo eles, uma auditoria contratada pela campanha do presidente flagrou irregularidades nas inseres publicitrias do candidato. De acordo com o levantamento, o atual presidente teve 154.085 inseres a menos que seu concorrente. “S no Nordeste, na semana de 7 a 14 de outubro, foram 12 mil inseres a menos. E na semana seguinte, dos dias 14 a 21, foi para mais de 17 mil. O lugar mais forte disso o Estado da Bahia. S na primeira semana, foram mais de 7 mil a mais para Lula”, defenderam. Segundo Faria e de Wajngarten, a regio mais afetada foi o Nordeste, com 18,24% menos inseres que Luiz Incio Lula da Silva, candidato doPartido dos Trabalhadores.
Aps as denncias, o presidente da Repblica apresentou requerimento ao Tribunal Superior Eleitoral pedindo a “imediata suspenso da propaganda de rdio” da campanha de Lula.Em resposta, o presidente do TSE, ministroAlexandre de Moraes, se manifestou, afirmando que as acusaes so “extremamente graves” e determinou que a equipe jurdica do presidente apresente, dentro de 24 horas, “provas ou documentos srios” que corroborem a alegao de fraude, sob pena de indeferimento de instaurao de inqurito para apurao de crime eleitoral. Nesta tera, a campanha do atual mandatrio entregou Corte Eleitoral um link do Google Drive com os dados que justificariam o levantamento realizado e as supostas fraudes. Entretanto, as emissoras alegam erros da prpria campanha que justificaram as supostas inseres a menos.
Tambm nesta quarta-feira, depois de repercusso da exonerao de Alexandre Gomes Machado, do cargo de assessor de gabinete da Secretaria Judiciria da Secretaria Geral da Presidncia, o Tribunal Superior Eleitoral se pronunciou afirmando que oex-servidor foi demitido por “reiteradas prticas de assdio moral, inclusive por motivao poltica”. Segundo a Corte, as alegaes feitas pelo ex-funcionrio Polcia Federal, dizendo ser “vtima de abuso de autoridade” e itindo “temer por sua integridade fsica”, fazem parte de uma tentativa de evitar “possvel e futura responsabilizao em processo istrativo que ser imediatamente instaurado”. “As alegaes feitas pelo servidor em depoimento perante a Polcia Federal so falsas e criminosas e, igualmente, sero responsabilizadas”, diz nota. OTSE tambm reiterou que compete s emissoras de rdio e televiso cumprir a legislao eleitoral, no sendo uma funo da Corte disponibilizar ou fiscalizar as inseres.