Mais tradicional corrida de rua do Brasil, a So Silvestre ficar centenria em 2025. E em todos estes anos de realizao, a competiono perdeu uma caracterstica: reunir uma grande quantidade de corredores annimos, que participam dela para se divertir, para cumprir uma promessa ou at mesmo por causa da sade. H tambm quem participe da prova para fazer um pedido especial: o de casamento.
Esse foi o caso de Reginaldo Barbosa Pereira, que completar 44 anos de idade nesta quarta(1). Ele, que vive em Santa Luzia (MG), corre a So Silvestre h quatro anos. Neste ano, a prova teve um significado diferente. Ele decidiu pedir a noiva Vanessa Cristina Ferreira, de 33 anos, com quem namora h seis anos, em casamento.
“Eu a conheci atravs da corrida e acho que essa foi uma ocasio especial para pedi-la em casamento”, contou ele reportagem daAgncia Brasil. “E a resposta foi sim, Graas a Deus. Ainda bem que ela aceitou!”.
Analista de recrutamento, Vanessa disse que eles correm a So Silvestre juntos porque “essa uma corrida incrvel”.
“Essa uma corrida que desperta muitas emoes. Meu av, que foi minha figura de pai, era esportista e gostava muito dessas coisas. Eu tambm gosto. Mas a gente corre porque essa uma corrida sem igual”, disse ela. “E essa So Silvestre est sendo mais do que especial. No estava esperando isso, no [o pedido de casamento]. Ou melhor, eu esperava o pedido, sim, mas no aqui. Mas isso foi muito especial mesmo. Ele me pediu em casamento hoje, quando completamos seis anos de namoro. Chorei muito. E a resposta foi sim, claro!”.
J a tcnica de enfermagem Regiane Silva, 58 anos, corre desde 2017 por causa de uma fibromialgia. “Para evitar tomar medicao”, disse.
Ela contou Agncia Brasilque correr a So Silvestre “ espetacular”. “Ela ocorre no ltimo dia do ano e nos desafia a fazer algo diferente. Ela nos motiva. Cada caso um caso. Cada corredor uma histria diferente. Mas para todas elas no importa se voc corre bem ou se corre mal, se voc vai caminhar ou correr. Eu mesma no me preparei porque tive um problema de sade. Eu vou caminhar [este ano] e pegar a minha medalha. E, no ano que vem, que o centenrio [da prova], quero estar aqui de novo”.
H tambm os que participam da prova fantasiados, para “divertir as crianas”. Este o caso de Miguel dos Santos Rocha, 64 anos, de Paulnia (SP). Esta j a quinta vez em que ele participa dessa prova. “Todo ano venho fantasiado. E este ano eu vim de Chapolim. No ano ado, eu vim fantasiado de notas antigas de dez reais. Correr fantasiado mais difcil. Mas eu adoro correr. E a So Silvestre tem um gosto especial. Ela fecha o ano mesmo”, contou ele, que j sofreu dois AVCs (acidente vascular cerebral) e portador de marcao.
O publicitrio e escritor Leandro Leal, 47 anos, por sua vez, tem um objetivo especial: correr ao lado do pai, Jos Batista Leal Filho, 82 anos.
“Corro a So Silvestre, primeiramente, porque este um evento muito brasileiro e muito paulistano. Acho que quem mora em So Paulo e gosta de correr no pode perder. Aqui tem corredores do Brasil inteiro”, falou. “Mas h trs anos meu objetivo correr sempre com meu pai. Prometi a ele que, enquanto ele quisesse e pudesse, eu ficaria em So Paulo nos finais de ano para correr com ele”.
O preparo para a prova tambm especial para eles. “Eu fao um jantar para ele na vspera, com massa e carboidrato. Para o meu pai, tenho essa impresso, como se fosse uma vspera de Natal para uma criana. Ele vem para c com o nimo de uma criana e, para mim, esse meu maior objetivo”, falou Leandro.
Para o pai, correr a So Silvestre tambm qualidade de vida. “Decidi correr aps um cncer. O atletismo para mim qualidade de vida. A So Silvestre como se fosse um atestado mdico”, contou. “Quanto mais fazemos exerccios e mais esporte, mais sade. O atletismo muito importante para a vida”.
As histrias so muitas. Mas o objetivo de todos os corredores da So Silvestre um s: conseguir terminar a prova. O maior obstculo para isso o trecho final, a subida da Brigadeiro Luiz Antnio. “J chegamos na Brigadeiro cansados. Mas apostamos na adrenalina”, brincou Jos Batista Leal Filho.
