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14/12/2024 s 14:33 2s4i2m

MEIO AMBIENTE 3d4053

Amaznia tem o maior nmero de queimadas e incndios em 17 anos 35655m

Par o estado que lidera em nmero de focos de calor 19s14

Agncia Brasil

Amaz

Foto: Agncia Santarm

“J vi situaes extremas, mas eu nunca tinha visto nada to forte quanto agora”.

A frase de Francisco Wataru Sakaguchi, agricultor de Tom-Au, no nordeste da Amaznia paraense, d o tom do que representaram as queimadas e incndios florestais este ano. Sakaguchi tinha agendado uma palestra em Manaus no incio de dezembro, mas teve que cancel-la de ltima hora para impedir que o fogo chegasse na propriedade dele. Os esforos deram resultado, mas outros vizinhos no tiveram a mesma sorte.

“A minha situao est resolvida, fiquei mais protegido. Mas muita gente perdeu tudo. A gente presencia o desespero das pessoas, perguntando o que vai ser da vida delas dali para frente. E tudo o que a gente pode fazer dar um apoio moral”, disse o agricultor, em vdeo enviado para a TEDxAmaznia.

Dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que em 2024 a Amaznia teve o maior nmero de focos de calor dos ltimos 17 anos. At o incio de dezembro foram 137.538, o que inclui queimadas, controladas ou no, e incndios florestais. O perodo s no foi pior do que em 2007, quando foram registrados 186.480 focos.

Em relao a 2023, houve aumento de 43%. Em todo o ano ado, foram 98.646 focos. Em 2024, a maior parte dos registros ocorreu entre julho e novembro, com nmeros acima da mdia histrica. S em setembro foram 41.463 focos. A mdia para o ms de 32.245.

A Amaznia o bioma mais impactado, com 50,6% de todos os focos do pas. Logo na sequncia, vem Cerrado (29,6% / 80.408 focos), Mata Atlntica (7,7% / 21.051), Caatinga (6,5% / 17.736), Pantanal (5,3% / 14.489) e Pampa (0,2% / 419). E no se trata apenas de ter o maior nmero de focos, mas da capacidade de reagir ao fogo.

“A Floresta Amaznica do tipo ombrfila, por ser muito mida. Ela tem vrios estratos que impedem a agem do vento e mais sombreada. Caso o fogo ocorra e se propague nela, o impacto muito maior. Porque ela no tem adaptaes de resistncia ao fogo. A casca mais fina, as folhas so mais membranosas. Diferentemente do Cerrado, que uma vegetao dependente do fogo e evolui em dependncia dele. A vegetao tem casca mais grossa, as gemas so protegidas”, explica o engenheiro Alexandre Tetto, coordenador do Laboratrio de Incndios Florestais (Firelab) e do Laboratrio de Unidades de Conservao (Lucs) no Setor de Cincias Agrrias da Universidade Federal do Paran (UFPR).

O Par, que tem como bioma predominante a Amaznia, o estado que lidera em nmero de focos de calor: 54.561. Os municpios mais impactados so os de So Flix do Xingu (7.353), Altamira (5.992) e Novo Progresso (4.787).

Nas ltimas semanas, o cu paraense foi coberto por uma fumaa densa, oriunda das queimadas e incndios florestais. A maior parte est relacionada ao desmatamento ilegal da Amaznia. A qualidade do ar ficou comprometida em diversas cidades. Santarm ganhou destaque pelos nmeros altos de concentrao de poluentes e teve decretada situao de emergncia ambiental.

Segundo o Ministrio Pblico Federal (MPF), no dia 24 de novembro, a poluio do ar no municpio foi 42,8 vezes superior diretriz anual de qualidade do ar da Organizao Mundial de Sade (OMS). A Secretaria Municipal de Sade disse que, entre os meses de setembro e novembro de 2024, Santarm registrou 6.272 atendimentos relacionados a sintomas respiratrios.

Brigadistas

Daniel Gutierrez, faz parte da brigada voluntria de Alter do Cho, um dos distritos istrativos de Santarm. O grupo existe desde 2018 e tem lidado cada vez mais com episdios de fogo na regio e arredores. Na semana ada, um esquadro precisou ser enviado Reserva Extrativista Tapajs-Arapiuns para ajudar a combater trs incndios. O grupo se juntou s equipes do Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade (ICMBio) e s outras brigadas de locais prximos.

“A gente que vive aqui, sentiu que aumentaram muito as queimadas. E, agora, parece que estacionou uma nuvem. A fumaa que a gente sentiu nos ltimos meses, eu nunca tinha visto antes, em dez anos morando aqui. As pessoas que so daqui e vivem h muito mais tempo do que eu, tambm nunca tinham visto. Esse ano foi muito pior”, relata Gutierrez.

O brigadista destaca que preciso melhorar as investigaes sobre os focos de incndios e queimadas, porque eles so majoritariamente provocados pela ao humana.

“A vegetao fica seca e mais propensa a pegar fogo. Mas algum provoca, no tem fogo natural. Fogo natural na Amaznia de raio. S que quando tem raio, tem chuva. Pode acontecer um fogo com raio? Pode. Eu s vi uma vez aqui em Alter do Cho, em um dia que no choveu. Mas uma exceo da exceo”, diz o brigadista.

Focos de calor

O engenheiro florestal Alexandre Tetto explica que as condies climticas em 2024 foram favorveis para a propagao do fogo, seja ele natural, legal ou criminoso.

“Picos de focos de calor ocorrem em funo de duas coisas. Maior disponibilidade material combustvel, quer dizer, voc tem mais vegetao para queimar. E condies meteorolgicas: temperaturas mais altas, umidade relativa do ar mais baixa, velocidade do vento maior, e estiagem, tempo maior sem precipitao. Tudo isso acaba possibilitando a maior ocorrncia e propagao dos incndios”, diz o especialista.

O fogo pode ser usado de forma controlada e autorizada em determinadas condies meteorolgicas. Quando o ndice de incndio est baixo ou mdio, a queima controlada pode ser feita com mais segurana.

“A queima controlada e autorizada tem uma srie de funes e objetivos no campo, desde melhoria do habitat para fauna, manejo de vegetao, abertura de rea para agricultura de subsistncia. Inclusive para a FAO [Food and Agriculture Organization, das Naes Unidas], a queima controlada vista como uma forma de reduzir a pobreza, por possibilitar ao pequeno agricultor abrir uma rea com baixo custo, de uma forma relativamente segura”, explica Alexandre.

Tempo de extremos

Em Tom-Au, onde vive o agricultor Francisco Sakaguchi, a chegada da chuva esta semana ajudou a impedir que o fogo se propagasse e causasse danos ainda maiores. Mas os acontecimentos climticos extremos e inditos deste ano no deixam boas perspectivas para o futuro.

“Nunca vi o meu lago secar. Tem umas reas de brejo, alagadas, que tem muito aa. Nunca vi o aaizeiro, que eu sempre andei quando criana e andava dentro do igap, morrendo pela seca. E esse anos, eu estou vendo isso”, relata Francisco. “Ns aqui da comunidade sempre tivemos preocupao de medir ndice pluviomtrico, umidade relativa do ar. A gente usa isso como ferramenta da nossa agricultura. E eu nunca vi na minha vida, a umidade relativa do ar ser abaixo de 50% aqui na nossa regio. E esse ano teve dias que marcaram 42%. Foram cento e cinquenta dias sem chuvas”.

Notas

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Par disse que o combate s queimadas em Santarm e outras regies do estado foi intensificado. Desde o fim de novembro, as operaes receberam um reforo de “40 novos bombeiros, totalizando 120 profissionais na linha de frente, distribudos em cinco frentes de trabalho. Alm disso, oito novas viaturas e abafadores de incndio foram incorporados s trs j em operao, com o e adicional de dois helicpteros no combate areo. O monitoramento realizado em tempo real via satlite, garantindo uma resposta gil e coordenada aos focos de calor”.

A nota diz ainda que "somente 30% do territrio do Par est sob jurisdio estadual. Os outros 70% so federais, o que demanda uma coordenao de esforos com a Unio. Neste sentido, o estado solicitou em setembro deste ano o apoio do governo federal com recursos para reforar o combate s queimadas no estado. Alm disso, a gesto estadual faz parte do Centro Integrado Multiagncias de Coordenao Operacional Nacional (CIMAN), coordenado pelo governo federal, que rene representantes dos estados e de rgos federais como Ministrio do Meio Ambiente, IBAMA, ICMBio, FUNAI, CENSIPAM e INCRA, para discutir linhas de trabalho e atuaes em conjunto para o combate s queimadas".

Em nota, o Ministrio do Meio Ambiente disse que “em 2024, desde o incio das aes de combate aos incndios na Amaznia, o governo federal mobilizou mais de 1.700 profissionais, disponibilizou 11 aeronaves, mais de 20 embarcaes e mais de 300 viaturas, alm de combater 578 incndios de grandes propores. importante ressaltar que a resposta foi iniciada em 1 de janeiro de 2023, com a criao da Comisso Interministerial Permanente de Preveno e Controle do Desmatamento e Queimadas. Atualmente, 500 profissionais atuam no combate aos incndios no Par e no Maranho”.

A pasta tambm disse que em junho, o governo federal assinou “um pacto com governadores para combater o desmatamento e os incndios no Pantanal e na Amaznia". Em julho, foi sancionado o Projeto de Lei n 1.818/2022, que institui a Poltica Nacional de Manejo Integrado do Fogo. O Comit Nacional de Manejo Integrado do Fogo, previsto pela poltica, foi instalado pelo governo federal em 9 de outubro e j realizou duas reunies”. Alm disso, assinou, em setembro, uma medida provisria “que autoriza crdito de R$ 514 milhes para o combate aos incndios na Amaznia, incluindo R$ 114 milhes para o MMA. Uma terceira MP, assinada em novembro, flexibiliza a transferncia de recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) para estados e municpios em regies com emergncia ambiental, priorizando a agilidade no combate aos incndios”.

* A equipe viajou a convite da CCR, patrocinadora da TEDxAmaznia 2024.
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