Os dados fazem parte do estudo A Medicina Intensiva no Brasil: perfil dos profissionais e dos servios de sade, divulgado nesta tera-feira (19) pela Associao de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).
Em nota, a entidade avalia que, apesar do aumento considerado significativo, a distribuio permanece “gravemente desigual”, tanto pelo aspecto territorial, quanto pelo social.
“Uma anlise crtica sobre as informaes do estudo demonstra a necessidade de adoo de polticas pblicas que promovam uma distribuio mais justa da infraestrutura hospitalar e de profissionais intensivistas pelo pas”.
De acordo com a Amib, a disparidade comea pela comparao entre a oferta de leitos para a rede pblica e para rede privada de sade. Em 2024, do total de leitos de UTI existentes no Brasil, 51,7% ou 37.820 so operados pelo Sistema nico de Sade (SUS). Os demais 48,3% ou 35.340 esto no sistema suplementar.
“Apesar da proximidade dos nmeros de leitos de cuidados intensivos disponveis entre as redes pblica e privada, a diferena entre a populao atendida pelos dois universos evidencia o problema”, completou a associao.
Os nmeros mostram que no SUS, sistema do qual dependem 152 milhes de pessoas, h 24,87 leitos por 100 mil habitantes. J na rede privada, que tem 51 milhes de beneficirios de planos de sade, a disponibilidade de leitos de UTI de 69,28 por 100 mil beneficirios.
Outra disparidade verificada entre as regies brasileiras. Enquanto o Norte apresenta 27,52 leitos de UTI por 100 mil habitantes, o Sudeste registra 42,58 leitos. Em todo o pas, a densidade de leitos por 100 mil habitantes de 36,06. Entretanto, 19 dos 27 estados da federao esto abaixo desse patamar – os extremos vo de 20,95, no Piau, a 76,68, no Distrito Federal.
Intensivistas
O estudo destaca ainda que, enquanto o nmero total de mdicos, com ou sem especialidade, cresceu 51% entre 2011 e 2023 em todo o pas, a quantidade de mdicos especialistas em medicina intensiva cresceu 228% no mesmo perodo – foram contabilizados 8.091 intensivistas em 2023, e 2.464 em 2011.
De acordo com a Amib, a maior parte dos mdicos intensivistas em atividade no Brasil se formou h mais de 10 anos, sendo que mais de 75% acumulam entre 10 e 39 anos de prtica profissional.
Dentre os intensivistas, a maioria do sexo masculino (60%) e a faixa etria predominante fica entre 35 e 64 anos, com uma idade mdia de 52 anos. As mulheres esto as mdicas mais jovens, “sugerindo uma possvel tendncia de aumento da participao feminina na especialidade ao longo do tempo”.
Apesar do crescimento geral da especialidade, Norte e Nordeste registram uma mdia inferior de intensivistas por habitante quando comparadas s demais regies, acompanhando a tendncia apresentada pela presena menor de leitos de UTI. O Sudeste soma 6.239 registros profissionais, enquanto o Centro-Oeste tem 899 registros. J o Norte conta com 348 registros.
O Distrito Federal responde pela maior densidade de mdicos intensivistas no pas, com 14,06 especialistas para cada 100 mil habitantes. O ndice representa quase o dobro da densidade do Sudeste (7,35) e quase trs vezes a densidade do Mato Grosso do Sul (4,9), que tem base populacional semelhante.
No outro extremo, o Amap conta com cinco intensivistas, “o que gera uma densidade praticamente nula de especialistas para cada 100 mil habitantes”.
“Nas capitais, a probabilidade de encontrar esse profissional significativamente maior. A densidade de intensivistas nas 27 capitais brasileiras (14,28) cinco vezes maior do que a encontrada na soma de todos os outros municpios (2,84)”, concluiu a Amib.
Agncia Brasil