O resultado das eleies presidenciais e as manifestaes que ocorreram em seguida se tornou pauta entre deputados estaduais durante a sesso ordinria realizada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), nesta quinta-feira (3), a primeira realizada aps o pleito. Na tribuna, alguns parlamentares classificaram os atos como antidemocrticos, outros defenderam o direito da populao se manifestar, e alguns buscaram acalmar o embate.
O debate teve incio quando o deputado Valdir Barranco (PT) apresentou requerimento endereado ao governador Mauro Mendes (Unio), ao secretrio estadual de Segurana Pblica, Alexandre Bustamente, e ao comandante-geral da Polcia Militar no estado, a fim de saber “quais medidas o estado est tomando para conter as manifestaes antidemocrticas e desobstruir as rodovias”.
O parlamentar criticou a demora em colocar em prtica a deciso do Supremo Tribunal Federal, que determinou a desocupao de rodovias, e afirmou que encaminhar ofcio ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para reportar que “em Mato Grosso nada foi feito para que as vias pblicas fossem desobstrudas e para que cessassem os processos antidemocrticos”.
Na sequncia, o presidente do Parlamento estadual, Eduardo Botelho (Unio), informou de uma reunio ocorrida nessa quarta-feira (2), convocada pelo governador, ocasio em que Mauro comunicou que aguardaria at a data em questo, por um feriado nacional, para s a partir desta quinta tomar alguma providncia.
“Ficou definido ontem que a partir de hoje a Polcia Militar iria agir em todos os sentidos para acabar com todos os bloqueios e todo e qualquer impedimento que tivesse, que porventura ocorresse a partir de hoje e parece que depois da fala do presidente [Bolsonaro] ontem esses bloqueios esto se dissipando automaticamente”, observou Botelho.
Carlos Avallone (PSDB), por sua vez, disse ter ficado bastante impressionado com a quantidade de pessoas que foram s ruas protestar aps o resultado das eleies e ponderou que, apesar da demora, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi muito firme em seu pronunciamento ao pedir aos manifestantes que desobstrussem as rodovias do pas.
O parlamentar comentou que tambm se impressionou com a pauta levada s ruas, “que foi a interveno militar”. “Veja bem, j para mim muito estranho fazer esse pedido no Brasil, mas num estado que teve Dante de Oliveira, que foi o homem das Diretas, o homem que lutou para que ns pudssemos no Brasil voltar a ter direito a votar, daqui fazermos movimentos pedindo interveno militar na porta dos quartis...”, comentou indignado e pediu calma aos descontentes com o pleito.
Ao final da fala, Avallone disse que “democracia no o ideal, no tudo, mas o melhor sistema que ainda temos”, em detrimento da ditadura.
Elizeu Nascimento (PL), em seguida, usou a tribuna para defender o direito de manifestao dos cidados. Ele avalia tambm que no o momento de pressionar o governo ou a PM para retirar os manifestantes das ruas. “Quando se d ordem polcia, ela deve cumprir, ento temos que ter muito cuidado com os nossos posicionamentos para que ns no tenhamos pais e mes de famlia sendo atingidos em confronto com quem quer que seja”.
Ludio Cabral (PT) destacou que o processo de eleio de Luiz Incio Lula da Silva (PT) foi legtimo e democrtico, e avalia que quem perde com esse movimento a ala bolsonarista. O petista reconhece que Bolsonaro se fortaleceu nessa eleio ao alcanar mais de 58 milhes de votos, o que lhe agrega “acmulo poltico”.
“Isso prejuzo poltico e eleitoral para o prprio bolsonarismo no pas. Na democracia a gente tem que saber perder. E olha, perderam acumulando politicamente e isso positivo para continuar a luta poltica no Brasil durante quatro anos, para fazer legitimamente oposio”.
Aps a fala do petista, Botelho pediu aos parlamentares que focassem nas pautas legislativas.