Desigualdade, marginalizao e uso insustentvel da terra e do oceano expem ainda mais a populao mundial s mudanas climticas induzidas pelo homem. Segundo relatrio do Intergovernamental sobre o Clima (IPCC), da ONU, divulgado nessa segunda-feira (28), entre 3,3 bilhes e 3,6 bilhes de pessoas esto vulnerveis hoje a esses efeitos - com consequncias diferentes entre pases e regies, mas marcadamente piores conforme a fragilidade socioambiental.
No caso brasileiro, o documento aponta efeitos negativos na produo agrcola, com reflexos sobre a economia e a segurana alimentar, a maior exposio da Amaznia aos efeitos das mudanas climticas e da ao humana e o perigo de no futuro grandes massas migratrias no Nordeste serem causadas por eventos extremos como secas e inundaes mais frequentes.
O ltimo documento do IPCC mostrou, em agosto de 2021, que a Terra est esquentando mais rpido do que era previsto e se prepara para atingir 1,5C acima do nvel pr-industrial j na dcada de 2030, dez anos antes do que era esperado. Com isso, haver eventos climticos extremos com maior frequncia, como enchentes e ondas de calor.
A estimativa da populao hoje exposta aos efeitos das mudanas climticas representa at mais do que 50% da populao mundial, de 7,8 bilhes de pessoas. Mesmo que a temperatura exceda temporariamente 1,5C acima dos nveis pr-industriais, os impactos esperados so severos e alguns at irreversveis.
"Abdicar da liderana criminoso. Os maiores poluidores globais so culpados de destruir a nossa prpria casa", disse o secretrio-geral da ONU, Antnio Guterres. "Negao e procrastinao no so estratgias, mas a receita para o desastre", acrescentou o enviado especial do governo americano para o clima, John Kerry.
Mais atingidos
Apesar dos esforos para atenuar esses efeitos, as populaes e os ecossistemas menos capazes de lidar com as mudanas climticas tm sido os mais atingidos, diz o documento aprovado no domingo por 195 membros do IPCC. So locais marcados por padres de desenvolvimento ligados a colonialismo e governana ineficaz.
As Amricas Central e do Sul esto altamente expostas, diz o relatrio. A regio vulnervel e fortemente afetada pelo aquecimento global, situao amplificada por desigualdade, pobreza, crescimento populacional e alta densidade populacional nas cidades, com a ocupao de reas de risco.
Nesse contexto, diz o documento, algumas regies do Brasil tm alta probabilidade de sofrer consequncias drsticas. Na Amaznia, as mudanas no uso da terra e o desmatamento a deixaro mais suscetvel a eventos extremos e incndios florestais.
No Sudeste brasileiro, so esperadas mudanas no padro de chuvas e secas que traro impactos para a vida econmica das grandes aglomeraes urbanas. J no Nordeste, assim como regio andina e norte da Amrica Central, os efeitos das mudanas climticas, como secas e inundaes, podem causar o deslocamento forado de populaes.
Neste ano, no Brasil, por exemplo, sofreu com fortes chuvas, mais concentradas e frequentes, atingiram os Estados da Bahia, de Minas, de Gois, do Esprito Santo e do Rio de Janeiro. Mais de 200 mortes foram registradas em Petrpolis neste ms em decorrncia de temporais e deslizamentos.
As informaes so do jornalO Estado de S. Paulo