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Artigos / Colunas / Gabriel Oliveira - Crnicas do Cotidiano 52502s

31/03/2019 s 20:00 3l114j

1964 e o regime que viveu probleminhas 2s354m

31 de maro a data de incio do regime militar no Brasil 471n67

Protesto contra a ditadura militar

Protesto contra a ditadura militar

Foto: Paulo Pinto / Fotos Pblicas

O mundo fervilhava no incio da dcada de 1960.

Ainda no fim dos 1950 foram lanados vrios projetos culturais alternativos ao moralismo rgido ento vigente. A literatura beat de Jack Kerouac, o rock de garagem marginal aos grandes astros, movimentos de vanguarda no teatro e no cinema. Nos EUA, a eleio de John Kennedy (1960) rompia com um perodo de domnio poltico mais conservador. Alguns pases ocidentais acenavam (uns mais, outros nem tanto) politicamente esquerda, com a Revoluo Cubana de 1959, a coalizo italiana de centro-esquerda (1963) e os trabalhistas britnicos (1964). No Brasil, o governo Joo Goulart sorria para a Unio Sovitica.

poca de questionamentos para os americanos, com a segunda onda do feminismo e os movimentos civis de negros e gays. Joo 23 abre conclio que mexeria com o catolicismo. Movimentos de contracultura, como o hippie, protestavam por um mundo de paz e amor, contra a Guerras Fria e do Vietn. Havia um certo lirismo no ar, com manifestaes socioculturais e um idealismo advindo de um esprito de luta do povo. At a Bossa Nova sofre uma ruptura, com nomes como Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo, Carlos Lyra e Nara Leo se aproximando mais do morro e das razes brasileiras, como o samba de Z Ketti e Cartola e o xote de Joo do Vale.

Na economia os tempos por aqui eram difceis. A urbanizao e a industrializao do perodo JK resultaram em declnio no crescimento do Brasil. A dvida externa era galopante, dados os emprstimos para a modernizao do pas, que ava por queda na produo interna, j que a indstria nacional no era competitiva. Essa conjuntura causou queda do poder aquisitivo dos salrios, desemprego e inflao. As novas indstrias no criavam empregos o suficiente para o rpido crescimento populacional urbano, e a renda estava ainda mais concentrada.

Crise socioeconmica, movimentos contraculturais, questionamentos morais, o “perigo comunista” sovitico, isso tudo junto e misturado, mais uns interesses daqui e dali, resultaram com que Joo Goulart fosse deposto da presidncia, em golpe poltico apoiado por segmentos sociais importantes, como os grandes produtores rurais, a burguesia industrial paulista, boa parte da classe mdia urbana e o setor catlico conservador, que promoveu a “Marcha da Famlia com Deus pela Liberdade” poucos dias antes do 31 de maro de 1964, quando os militares assumiram o poder. Seguiu-se no Brasil um perodo politicamente ditatorial de 21 anos marcado por um regime nacionalista e autoritrio.

Nesta ltima semana, Jair Bolsonaro, presidente de formao militar e eleito sob a vigncia do Estado Democrtico de Direito, e poucos dias depois de ordenar comemoraes pelo 31 de maro, declarou em entrevista Rede Bandeirantes que no houve ditadura no Brasil, e no perodo de mais de duas dcadas aps o golpe de 1964 “de vez em quando teve um probleminha”, como h em qualquer casamento.

Durante o regime militar, segundo o relatrio da Comisso Nacional da Verdade, 423 pessoas foram mortas ou desapareceram, crimes resultantes de uma poltica de Estado. Ao todo, 4.841 pessoas perderam seus direitos polticos, tiveram seus mandatos cassados, foram compulsoriamente aposentadas ou demitidas. Em 1968, o Ato Inconstitucional nmero 5 (AI-5) produziu mais de 2.200 casos denunciados de tortura de presos polticos. So alguns dos probleminhas ocorridos durante o regime.

Bela matria da revista Superinteressante explica os mecanismos psicolgicos que levam postura de negao da existncia de uma ditadura no Brasil, por exemplo.

Este que vos escreve entende que no h o que comemorar no 31 de maro de 1964 para a nao brasileira. Entende que neste dia houve um golpe civil-militar que implantou uma ditadura militar causadora de feridas histricas de que jamais devemos esquecer, para que nunca se repitam!

Gabriel Oliveira - Crnicas do Cotidiano

Gabriel Oliveira - Cr
As Crnicas do Cotidiano se dedicam a vislumbrar o quo surpreendente pode ser aquilo que aparentemente corriqueiro, e que depende de cada um tornar grandioso e significativo para si mesmo o que naturalmente parece trivial e insignificante. Este um espao dedicado reflexo de que todas as aes possuem reaes que afetam a ns e ao mundo em nosso redor, ideia de que somos seres polticos e que exercemos esta caracterstica nas escolhas que fazemos no cotidiano.

Gabriel Oliveira, professor do Instituto Federal de Mato Grosso - IFMT, Doutorando em Lingustica pela UNICAMP, Mestre em Cincias da Comunicao pela USP e Graduado em Letras pela Federal do Rio Grande - FURG. Concentra suas pesquisas na rea de Anlise do Discurso. membro da diretoria da Associao Brasileira de Estudos da Homocultura - ABEH e possui larga experincia com docncia superior em instituies de MT e de SP, alm de trabalhos e projetos em Comunicao no mundo corporativo.
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