Na ltima semana, vrios debates movimentaram o cenrio poltico local. Dentre eles, chamou ateno a manuteno do veto ao Projeto de Lei Complementar n 36/2020, na Assembleia Legislativa, o qual visava modificar as normas da aposentadoria de servidores estaduais inativos. A proposta de plebiscito para que a populao escolha entre BRT ou VLT tambm dividiu posicionamentos.
O Leiagora conversou com o deputado estadual Wilson Santos (PSDB) sobre esses e outros assuntos que circulam nos bastidores da poltica. Confira ntegra abaixo:
Leiagora - Te surpreendeu de alguma forma essa manuteno do veto ao PLC 36?
Wilson Santos: Os deputados derrubaram dois vetos e mantiveram um. Foi surpresa porque esse processo foi longo, transparente. Em momentos muito mais difceis os deputados colocaram a cara, subiram tribuna, defenderam, votaram abertamente. Ento a sociedade acompanha os processos at hoje, sabe nome por nome como cada um se manifestou e como votou.
Eu votei as duas vezes abertamente, discursando a favor do PLC 36 do colega Ldio e votei sim, votei pela derrubada do veto, como votei pela derrubada do veto da Empaer e da RGA do Poder Judicirio. Foi uma surpresa, no espervamos. Mas, na minha opinio no est terminado. O governo ainda deixa uma fresta de porta aberta. Ainda h um espao para a gente negociar. Eu vou agora protagonizar essa discusso. Vou na Casa Civil trabalhar a construo de um novo projeto, que, se no atenda integralmente o que os aposentados querem, pelo menos diminua o tamanho desse desconto.
Leiagora - Acha que isso pode gerar um desgaste com o governo?
Wilson Santos: Encaminhando de maneira correta, respeitosa, no.
Leiagora - Qual sua avaliao sobre o plebiscito do VLT?
Wilson Santos: Eu sou o autor do projeto. H um projeto de resoluo na Assembleia, onde eu propus, diante da demora do governo em decidir, eu propus a realizao do plebiscito, que previsto na Constituio Estadual e Federal. Mas isso foi antes do governo decidir. Depois que o governo decidiu, est decidido. Agora vamos fazer obra.
Leiagora - Nesse momento, o senhor acha que politicagem?
Wilson Santos: No, no sinto isso. Qualquer um dos dois modais, seja o BRT ou VLT, superior ao que est a hoje. O que est a hoje que tem que sair. nibus velhos, nibus caros, desconfortveis, no cumprem horrio, uma verdadeira palhaada o que est a. Se colocar BRT, um salto extraordinrio. VLT tambm. Ento independente do modal que vier, preciso decidir e decidiu, vamos obra.
Leiagora - Mas existe a questo da Caixa Econmica Federal, que no autoriza o uso dos recursos do VLT para outro modal.
Wilson Santos: Mas o governo no precisa mais desse dinheiro. O governo tem dinheiro em caixa para fazer. O secretrio Gallo j falou disso na semana ada. O Governo de Mato Grosso no vai buscar emprstimos, ele tem o dinheiro.
Leiagora - Ento a mudana de modal aprovada pela Assembleia no deve ser palco de discusso mais para frente sobre a constitucionalidade?
Wilson Santos: No, isso refora a legalidade da deciso do governador. O prprio Poder Legislativo ratificou a deciso e isso importante. Porque foi a Assembleia l atrs, h quase 10 anos, que decidiu tambm mudar o modal para VLT. Ento agora a Assembleia anula aquela deciso e volta o BRT, que era original.
Quando eu fui prefeito de Cuiab, o Murilo Domingos estava em Vrzea Grande e Blairo Maggi no governo. Ns trs assinamos o BRT. Ento a origem o BRT, a gnese disso o BRT.
Leiagora - Deputado, o PSDB j esteve em uma situao um pouco melhor, uma expressividade maior com um correligionrio ocupando o Governo do Estado. Quais so os planos para 2022, para recuperar essa expressividade? Deve lanar um nome prprio ao governo?
Wilson Santos: cedo. O PSDB comea se reorganizar. Aqui em Mato Grosso ns tivemos a quarta maior votao nominal nas eleies municipais. O presidente Avallone comea a correr o interior, vamos ter encontros em breve. Em nvel nacional o partido sempre disputou eleies e vai disputar.
Leiagora - Tem alguma orientao para a estadual?
Wilson Santos: Para a estadual a tendncia nossa acompanhar o Governo Mauro Mendes. H uma tendncia forte de irmos com ele na reeleio.
Leiagora - No existe uma ordem de cima para lanar candidato ao governo?
Wilson Santos: No, nenhuma ordem. At porque os estaduais tm autonomia.
Leiagora - Como est a situao do Nilson Leito? H uma conversa de que ele tem sido paquerado por outras siglas.
Wilson Santos: O Leito tem recebido convites para a mudana partidria, mas tem garantido que no vai aceitar nenhum, vai permanecer no PSDB.
Leiagora - E com relao ao BID Pantanal, como esto as conversas?
Wilson Santos: Uma pena que as autoridades no esto levando a srio. O Governo de Mato Grosso no tem projeto para o Pantanal. O Governo de Mato Grosso do Sul tambm no tem projeto para o Pantanal. E a Unio tambm no tem projeto.
E ao mesmo tempo existe um projetao, um projeto estruturante, que levou seis anos para ser construdo, aprovado pelo Senado, dinheiro liberado, que analisa de A a Z todos os atores do Pantanal, apresenta solues, caminhos e dinheiro para todas as demandas do Pantanal. O que preciso fazer atualizar o projeto, cortar o que tem que ser cortado, acrescentar o que tem que ser acrescentado e ir em frente.
E um projeto extraordinariamente bem executado, bem elaborado pela Universidade Federal de Mato Grosso, pela federal de Mato Grosso do Sul, pela Embrapa Pantanal, Unemat, Ministrio de Meio Ambiente, pela Sema de Mato Grosso, pela Sema de Mato Grosso do Sul, pelos pescadores, pecuaristas, pelas prefeituras.
Leiagora - O que falta?
Wilson Santos: Falta os que tm poder de deciso, os governadores e o presidente conhecer o projeto, apaixonar-se por ele e ir luta e tirar do papel.
Leiagora - Qual a perspectiva para retomar esse debate?
Wilson Santos: Eu estou cobrando. Falei semana ada com o representante do BID aqui no Brasil, conversa muito boa. Ele disse que o projeto l est encerrado, mas o banco, uma das suas principais funes financiar o desenvolvimento sustentvel, e que ele v com bons olhos o reincio da discusso. Para isso, primeiro ns tnhamos que apresentar uma carta-proposta para iniciar. Ento estou aqui cobrando, vou continuar cobrando.
A salvao do Pantanal no so medidas paliativas nem a varejo, um programa estruturante, como o BID Pantanal.
