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O impacto da covid-19 nos autistas: jovem acompanha todas as notcias e relata seu dia a dia 2r3ks

Segundo especialista, aps meses de distanciamento, muitos autistas apresentaram melhora no comportamento, pois se livram de grande fator de estresse, que a socializao 4rq4y

Maria Clara Cabral

O impacto da covid-19 nos autistas: jovem acompanha todas as not

Carlos Eduardo Fernandes

Foto: Arquivo pessoal

De sua casa na fazenda Itamarati, no municpio de Campo Novo do Parecis (290 km de Cuiab), o jovem autista Carlos Eduardo Fernandes, 18 anos, acompanha todas as notcias sobre a covid-19. “Esse vrus mortal n? Vejo notcias do lockdown, toque de recolher, abertura de comrcios, plat. Bancos, teatros, museus, parques pblicos e privados, retomadas de shows”, diz ele.

Confinamento em massa, auxilio emergencial, servios essenciais tambm so alguns dos termos que fazem parte do vocabulrio que ele traz tona em suas conversas nos ltimos meses. Ele sabe que o presidente considera o coronavrus uma “gripezinha” e que as coisas s vo se normalizar quando chegar a vacina.

Carlos sabe dizer, inclusive, a quantidade atualizada de infeces e bitos pelo novo coronavrus no municpio onde mora, nas cidades prximas e at no pas. O jovem conta que, alm de combater os mais diversos tipos de preconceitos, ele agora luta pelo fim da covid-19.

O macete para isso, ele j decorou e repete a todo momento: fique em casa, se sair use mscara, lcool em gel e mantenha distncia segura de 1,5 metro. Dias atrs, o primo Joel filmou seu recado. O vdeo, que foi feito sem compromisso, acabou fazendo sucesso nas redes sociais. “Gravei pra mandar pra minha tia, ela gostou e resolvi editar e coloquei no Facebook. Fez o maior sucesso na Itamarati e regio”, conta Joel.


Recado importante do Carlos Eduardo para todas as pessoas! O Carlos um adolescente de 18 anos com autismo e criou esse vdeo lindinho com muito carinho pra ns! #fiqueemcasa #preveno #TEA #empatia #amor

Publicado por Meire P Silva em Quarta-feira, 15 de julho de 2020

Com apenas 16 anos, Joel vem se aventurando na locuo de rdio, assumindo o programa ‘Aviva Jovem’, na Amiga FM. “Gosto de comunicao, gosto de interagir com a pessoas”, conta. Alm da palavra de Deus, ele tambm costuma levar informaes sobre a covid-19 para jovens como ele. Inclusive, j incluiu o primo Carlos na programao e far novamente no dia 8 de agosto.

“Pensei por que no trazer um jovem autista para saber a forma como ele v a situao que estamos vivendo? Me parece que no tem ningum olhando para essas pessoas”, reflete Joel.

Carlos Eduardo mesmo conta que descobriu o autismo, transtorno do neurodesenvolvimento que afeta principalmente a comunicao, aos 5 anos. Hoje, ele diz que j lida muito melhor com o diagnstico e se sente mais “preparado para as amizades”, desde que comeou a usar as redes socais, em 2016.

Quando a covid-19 chegou em Mato Grosso, Angela teve medo do que o filho enfrentaria diante de uma pandemia e do isolmento social, j que Carlos gosta de sair. “Sempre que eu tentava prender ele ou dizer ‘no’ ele entrava em crise”, conta a professora. Mas para surpresa e alvio da me, ele se adaptou a ficar em casa ao compreender a gravidade da situao.

“No comeo fiquei bastante preocupada dele ficar muito em casa. Depois achei que ele ia rejeitar bastante o uso da mscara, mas ele entendeu o perigo e respeita certinho. Quando ele vai para cidade, no tira a mscara de jeito nenhum e todo lugar que ele entra toda hora lcool em gel”, relata.

Mas tambm houveram momentos em que Carlos teve medo. Principalmente de que o pai, que trabalha como motorista, fosse para a cidade, se contaminasse e, alm da sade, perdesse o emprego ou a vida. Como ele mesmo diz, o pai precisa trabalhar para ganhar o po.

Para se ocupar sem a escola, Calos conta que a os dias “deitado rolando na cama ouvindo msicas da Iza”, navegando nas redes sociais, conversando com amigos, artistas e ando portais de entretenimento. Sem as aulas presenciais, a me no cobra que o filho estude online, pois ele no se adaptou ao mtodo.

“Nem mesmo na escola no elaboram nada diferente. Ele participa das aulas pela oralidade, quando o professor d oportunidade. Interpreta muito bem imagem”.

Autismo e Covid

A psiquiatra Luciana Staut explica que o autismo um transtorno do neurodesenvolvimento que possui uma variedade de manifestaes, que comeam, em geral, aos seis meses, mas que podem ser evidenciados muito mais tarde. Alguns quadros podem ser regressivos.

Segundo a especialista, o que determina o espectro autista (TEA) em crianas e adultos alterao da comunicao social, verbal ou no verbal, o que no significa necessariamente
alteraode fala. Trata-se de dificuldade de convivncia e socializao, de entender gestos, ironias ou at mesmo um contexto social.

O autismo geralmente associado s estereotipias, que no so caractersticas de todos os casos. J os “padres de interesses fsicos s” so comuns e uma das principais questes quando se trata de autismo no atual contexto. “So interesses fixos e s. Uma necessidade de manter sempre as mesmas atividades para se sentir confortvel. o que, na pandemia, pode gerar dificuldades para mudar a rotina, explica Luciana.

Por isso, em um primeiro momento da pandemia, a profissional identificou maior agitao nos relatos das famlias de seus pacientes. “Justamente porque no incio o que se fez foi a mudana de rotina. E ainda tem o fator de que a maioria das crianas tiveram que parar com todas as terapias bem l no incio. Ento foi um momento de bastante ateno”.

Aps alguns meses, sem as aulas, veio o “outro lado” das manifestaes do TEA diante da desobrigao de alfabetizao em um ambiente que pode ser incomodo para eles, dedido a alta sensibilidade, principalmente auditiva. “A criana tirou um imenso fator e ponto de estresse, que a socializao”, explica Luciana. Assim, muitos pacientes apresentaram melhora no comportamento e at mesmo no padro de desenvolvimento.

“A maioria, nesse momento – e isso no regra – pode estar melhor do que antes, porque no esto precisando fazer esse papel da convivncia social. Associado a isso, temos tambm o fator dos pais estarem mais presentes nas vidas dos filhos, se sentindo mais seguros”.

Essa oscilao de contextos, inclusive, alerta para a necessidade de uma readaptao no retorno ao “novo normal”. O uso das mscaras, por exemplo, pode ser um desafio, j que as pessoas neuro atpicas apresentam alta sensibilidade. A readaptao no prprio ambiente escolar poder ser necessria, inclusive para crianas neurotpicas de menos idade.

“Como eles gostam da previsibilidade, talvez a maior dica seja que, a partir do momento que percebe qualquer adaptao de rotina, por mnima que seja, comunicar essa criana, evitando muita antecedncia para no gerar ansiedade na criana. Se a criana vai voltar para a escola, deixar a mochila num lugar mais visvel, provar o uniforme, tudo isso de forma gradual para essa criana se reestruturar”, orienta Luciana.
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