A relao com o PT um dos alvos de debate de umencontro que o PSB realiza, desde quinta-feira (27), no Rio de Janeiro.
No partido, os recentes discursos do ex-presidente Luiz Incio Lula da Silva contrariam at seus mais veementes defensores, como o caso do ex-governador da Paraba Ricardo Coutinho.
Para Coutinho, as falas de Lula aps sua soltura isolam o PT. Em reunio com o comando petista, o ex-presidente disse, por exemplo, que o PT no nasceu para ser um partido de apoio.
O ex-governador da Paraba diz que esse no era o papel que se esperava de Lula, que foi solto em8 de novembro, aps 580 de priso.
"Lula se portou muito mais como chefe de partido. O papel dele deveria ser de um lder com estatura para aglutinar mundialmente setores afinados com a democracia. No entendi essa expresso mais localizada", criticou Coutinho, que conversou com o ex-presidente trs dias aps sua libertao, mas no aps os discursos endereados ao PT.
No Congresso do partido, ocorrido no dia 22, Lula queixou-se de o PT ser cobrado a fazer ummea culpa, enquanto no se exige o mesmo de outras siglas.
Nas palavras de Lula, "a autocrtica que o Brasil espera a dos que apoiaram, nos ltimos trs anos, a implantao do projeto neoliberal que no deu certo em lugar nenhum do mundo".
Essas declaraes tambm foram criticadas por dirigentes do PSB, que busca descola sua imagem do PT.
"Se o PT acha que no precisa fazer autocrtica, essa j nossa maior diferenciao", disse o ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg.
Em seu discurso de abertura da Conferncia Nacional da Autorreforma, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse que o partido tem que assumir responsabilidade pelo trgico cenrio que levou eleio do presidente Jair Bolsonaro.
"Os governos de esquerda no foram capazes detaxar os lucros e dividendos dos banqueiros. Por outro lado, o atual governo j taxou os trabalhadores desempregados. Isso no normal, isso fruto das nossas falhas", discursou.
Siqueira disse ainda que o partido no vai alimentar a estril polarizao entre PT e o governo Bolsonaro.
Dirigentes do PSB insistiram na ideia de descolamento do PT para construo de uma nova alternativa.
"No d para o PT buscar permanentemente hegemonia no campo poltico", afirmou o governador do Esprito Santo, Renato Casagrande.
Pr-candidato do PSB Prefeitura do Rio, Alessandro Molon afirmou que o PT no est em posio de jogar sozinho.
Para o ex-deputado Beto Albuquerque, no s o PT, mas tambm o PSB tem que avaliar os erros cometidos que culminaram na eleio de Bolsonaro.
Uma das falhas do PSB, destaca, foi no ter se rebelado contra aes das quais discordava quando participava do governo petista.
O deputado Jlio Delgado (MG) lembrou que o PSB j vem se dissociando do PT, por exemplo, ao discordar do governo Niclas Maduro, da Venezuela, ou sair do Foro de So Paulo, organizao de partidos de esquerda no continente.
Delgado afirma que outra demonstrao desse afastamento ser o encaminhamento favorvel aprovao de projeto que permitiria a priso aps condenao em segunda instncia, o que poderia afetar diretamente Lula.
Segundo Delgado, ainda existe no PSB um grupo de defensores de Lula e do alinhamento com o PT, mas hoje esse grupo rene pouco mais de um tero do partido.
O prefeito doRecife, Geraldo Jlio, pode ser um exemplo disso. Dissonante, ele afirma que o importante hoje confrontar o aumento da pobreza e da desigualdade social.
O prefeito afirma que o debate deve se concentrar na vida dos brasileiros e que a oposio deve se unirpara combater as perdas sociais. "No o momento de discutir a hegemonia de A, B ou C."
Folhapress