Apesar da expectativa de aprovao da reforma da Previdncia "de magnitude maior que o esperado" e de reduo da taxa bsica de juros, um dos maiores investidores do pas, Luis Stuhlberger, diz estar "moderadamente otimista" com a retomada da economia brasileira.
O comandante da gestora Verde Asset Management, que descreve sua companhia como um cachorro vira-latas que ganhou pedigree devido aos bons resultados financeiros, diz ser necessrio realizar outras reformas econmicas para que o PIB brasileiro possa engatar um ritmo contnuo de crescimento.
"O dinheiro vai voltar, mas no vai ser imediato, vai levar um tempo. Precisa de mais reformas econmicas. Ainda tem muita coisa para acontecer", afirmou o gestor durante evento da XP Investimentos.
"A gente tem uma opinio diferente da mdia. Mesmo respeitando o consenso, achamos que, na questo do PIB, a gente pode sofrer uma no linearidade positiva."
Stuhlberger afirma que os investimentos da gestora esto direcionados hoje, principalmente, para ttulos pblicos de longo prazo atrelados inflao (NTN-Bs) e aes de empresas fora dos setores financeiro e de commodities com grande potencial de valorizao, alm de ndices da Bolsa de Valores.
"Nesse grupo tem alguns [papis] que no esto carssimos. No esto baratos, mas onde as coisas vo acontecer", afirma. "No curto prazo, parece haver espao de upside [potencial de valorizao] no ndice pelo que ainda est para acontecer."
Stuhlberger diz acreditar que a taxa bsica deve cair dos atuais 6,5% ao ano para algo prximo de 5%, aps a aprovao da Previdncia, e permanecer nesse patamar por um bom tempo. Isso deve contribuir para o crescimento do mercado de capital, em um processo de substituio do BNDES como alavanca de financiamento ao investimento privado.
Isso ajudar, segundo ele, que o pas cresa sem artifcios econmicos, como na poca da Nova Matriz Econmica do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
"O Brasil est crescendo pouco, mas o crescimento no base de esteroides. A gente vai crescer com as prprias foras. No usando artifcios", afirmou. "Se melhorar o humor e outras reformas acontecerem, haver uma retomada. A gente moderadamente otimista, no v motivo para ser catastrfico."
Antes de encerrar sua apresentao, Stuhlberger disse que no poderia deixar de fazer um alerta sobre o que considera o maior risco hoje, que a deteriorao na relao entre EUA e China. Por isso, afirma ter zerado posies em ativos externos. "Esse confronto pode ter alguma consequncia no mercado."
Folhapress, Eduardo Cucolo