03/09/2018 s 08:24 2t651v
Redao Leiagora
Os bombeiros controlaram por volta das 2h da madrugada desta segunda-feira (3) o incndio de grande proporo que atingiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio. As equipes permanecem no local fazendo o trabalho de rescaldo para debelar pequenos focos de fogo.
Cerca de 80 homens de 12 quartis do Corpo de Bombeiros foram enviados ao local para combater o incndio que comeou por volta das 19h30 deste domingo (2). Parte do interior do edifcio desabou.
O fogo comeou depois que o local j havia encerrado a visitao -tanto do museu quanto do zoolgico, que tambm fica na Quinta da Boa Vista. No h informaes sobre vtimas.
Segundo o comandante-geral dos bombeiros do Rio, Roberto Robadey, o combate ao fogo foi prejudicado por falta de gua nos hidrantes prximos ao edifcio. Os bombeiros tiveram que apelar a caminhes-pipa e at para a gua do lago prximo.
REITOR CRITICA BOMBEIROS
O reitor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Roberto Leher, criticou na madrugada desta tera a atuao dos bombeiros no combate ao incndio que destruiu o Museu Nacional, gerido pela universidade. Ele itiu, porm, que a falta de verbas inviabilizou obras de melhoria da infraestrutura do palacete onde funcionava o museu.
" bvio que a forma de combate no guardou proporo com o tamanho do incndio. Percebemos claramente que faltou logstica e capacidade de infraestrutura do Corpo de Bombeiros que desse conta de um acontecimento to devastador com foi esse", afirmou ele, em entrevista durante as operaes de combate s chamas.
Inicialmente, foram enviadas equipes de quatro batalhes ao local, mas no havia gua nos hidrantes prximos ao edifcio. O combate s chamas foi feito com o apoio de caminhes-pipa e gua de um lago dentro da Quinta da Boa Vista, parque na zona norte da cidade onde est o museu.
"A prpria equipe da prefeitura universitria orientou os bombeiros onde buscar gua. Tivemos certamente problemas de logstica. Essa dificuldade logstica no do mbito do Museu Nacional", continuou Leher.
O palacete imperial no tinha sistema de preveno de incndio, que seria instalado com verba de contrato de R$ 21 milhes para a restaurao assinado com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social) em junho, quando o Museu Nacional comemorou 200 anos.
"Esta uma edificao muito antiga, que foi concebida em um contexto em que no havia uso de energia, como usam as edificaes acadmicas. Ns temos laboratrios, reas istrativas, informtica, que tm grande uso de energia", disseLeher. A restaurao,afirmou, previa a instalao de um sistema de preveno de incndio muito robusto".
Leherdefendeu que a UFRJ no dispe de recursos para custear as obras. "A UFRJ, como as demais universidades brasileiras, vive hoje em um contexto de muita restrio oramentria.E obvio que nesse contexto todas as reas da universidade so afetadas", alegou.
O diretor do Museu Nacional,AlexanderKellner, cobrou responsabilidade do governo federal na alocao de recursos para o museu e pediu apoio para a reconstruo. Em maio, antes da comemorao do bicentenrio,ele j alertava sobre as precrias condies do edifcio.
ACERVO HISTRICO
Mais antigo do pas, o Museu Nacional subordinado UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e vem ando por dificuldades geradas pelo corte no oramento para a sua manuteno.
Desde 2014, a instituio no vinha recebendo a verba de R$ 520 mil anuais que bancam sua manuteno e apresentava sinais visveis de m conservao, como pareces descascadas e fios eltricos expostos.
A instituio est instalada em um palacete imperial e completou 200 anos em junho -foi fundada por dom Joo 6 em 1818.
Seu acervo, com mais de 20 milhes de itens, tem perfil acadmico e cientfico, com colees focadas em paleontologia, antropologia e etnologia biolgica. Menos de 1%, porm, estava exposto.
O museu guardava o meteorito do Bendeg, o maior j encontrado no pas, e uma coleo de mmias egpcias. Tambm o crnio de Luzia, a mulher mais antiga das Amricas. Alm de colees de vasos gregos e etruscos (povo que viveu na Etrria, na pennsula Itlica).
Em maio, o diretor do Museu Nacional Alexander Kellner, 56, criticou a falta de verbas. "O maior acervo este prdio, um palcio de 200 anos em que morou dom Joo 6, dom Pedro 1, onde foi assinada a Independncia. A princesa Isabel brincava aqui, no jardim das princesas, que no est aberto ao pblico porque no tenho condies", disse Folha.
Um tero das salas de exposies estavam fechadas, incluindo algumas das mais populares, como a que guarda um esqueleto de baleia jubarte e a do Maxakalisaurus topai-o dinoprata, primeiro dinossauro de grande porte j montado no Brasil.
Para reabrir a sala, interditada havia cinco meses aps um ataque de cupins, o museu armou uma campanha de financiamento coletivo na internet -arrecadou R$ 58 mil, mais do que a meta de R$ 30 mil.
Mas a decadncia fsica do prdio j era visvel para os visitantes, que pagavam R$ 8 pelo ingresso inteiro. Muitas de suas paredes estavam descascadas, havia fios eltricos expostos e m conservao generalizada.
No bicentenrio, a instituio celebrou com o BNDES um contrato de R$ 21,7 milhes para investir em sua restaurao. Havia outra negociao milionria encaminhada para bancar uma grande exposio -a expectativa era de que cinco das principais salas fossem reabertas at 2019.
Alexandre Kellner dizia ser necessrios R$ 300 milhes, investidos ao longo de pelo menos uma dcada, para executar o Plano Diretor do museu.
O diretor lembrou tambm que o ltimo presidente a visitar o museu foi Juscelino Kubitschek (1956-1961). "O Brasil no sabe da grandeza, da riqueza disso aqui. Se soubesse, no deixaria chegar neste estado", disse Kellner, em maio.
Direto deRio de Janeiro, RJ, e Braslia, DF(FOLHAPRESS)
16:00
15:45
15:19
15:03
14:45