05/07/2018 s 20:00 1r3t6v
Iury Lupaudi
O aplicativo de mensagens instantneas WhatsApp anunciou nesta tera-feira, 3, sua primeira grande iniciativa para combater as notcias falsas na plataforma. A empresa vai oferecer bolsas de estudo para pesquisadores que se dediquem a entender o fenmeno. O investimento se junta a outras pequenas iniciativas que o WhatsApp - que faz parte do Facebook desde 2014 - vem adotando para tentar minimizar o problema, que tem se ampliado em pases como Brasil e ndia - neste ltimo, o aplicativo foi responsabilizado por uma onda de violncia.
A princpio, a empresa vai oferecer 20 bolsas de estudo no valor de US$ 50 mil. Para obterem o valor, os especialistas devero investigar qual o impacto que o compartilhamento de notcias falsas no WhatsApp tem na sociedade. A empresa vai priorizar estudos que abordem fatores como as motivaes para pessoas considerarem um contedo confivel e o compartilharem no aplicativo e o uso do WhatsApp durante eleies.
H tambm a preocupao em investigar formas de detectar comportamentos problemticos no aplicativo, uma vez que todas as mensagens trocadas por seus mais de 1,5 bilho de usurios no mundo - 120 milhes deles no Brasil - so criptografadas de ponta a ponta. Na prtica, isso significa que elas so codificadas antes de sair do aparelho do remetente, ando pelos servidores do WhatsApp, at finalmente serem decodificadas no destinatrio.
Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, o WhatsApp est tentando avaliar, com a ajuda desses pesquisadores, como minimizar a circulao de boatos na plataforma, sem prejudicar a privacidade dos dados, uma bandeira que sempre foi defendida pela companhia. A partir das concluses das pesquisas, a empresa pretende testar novos recursos.
Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que as reas de maior preocupao da empresa hoje no Brasil esto relacionadas a sade e eleies. Contudo, h o entendimento de que as medidas no devem surtir efeito em curto prazo.
A empresa, no entanto, j testa uma nova funo que vai sinalizar aos usurios quando eles receberem uma mensagem encaminhada por um contato, mas no escrita originalmente por ele. Alm disso, o aplicativo de mensagens ampliou o poder de moderao dos es de grupos no aplicativo recentemente.
Educao
Para os especialistas ouvidos pelo Estado, investir na educao e no esclarecimento de notcias falsas um bom comeo para o WhatsApp. " uma estratgia que tenta reduzir o impacto do servio nessa disseminao", avalia Jacqueline de Souza Abreu, advogada especializada em direito digital. Segundo ela, o esforo considera a complexidade do servio. "Se o Facebook equivale a uma praa pblica, o WhatsApp a sala de estar", diz Jacqueline. "No queremos que exista controle sobre o que uma famlia conversa."
Diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade, Carlos Affonso de Souza vai na mesma linha. "A empresa precisa trabalhar em outros meios de conter notcias falsas que no impliquem no controle do contedo", diz. Para ele, um dos maiores problemas do aplicativo o fato de ser possvel compartilhar qualquer contedo "sem frico" e com alto alcance. "Na rede social, a mensagem filtrada pelo algoritmo e no chega a todos os seus amigos; no WhatsApp, no existe isso."
Souza, porm, chama a ateno para um ponto importante: "Notcia falsa um problema de quem manda, mas tambm de quem recebe", diz. " um dever cvico, ainda mais hoje, mostrar por que aquele dado falso. S assim vo ocorrer mudanas."
Linchamentos
Pelo menos 12 pessoas morreram na ndia, desde maio deste ano, em linchamentos pblicos, aps serem vtimas de notcias falsas disseminadas pelo aplicativo WhatsApp. Segundo o jornal Washington Post, que publicou reportagem recente sobre o tema, os mortos supostamente fariam parte de grupos de sequestradores de crianas e traficantes de rgos - as informaes divulgadas em forma de corrente pelo aplicativo, porm, no so confirmadas pelas autoridades locais.
Em junho, dois homens sofreram um ataque aps pedirem informaes na rua; no ms anterior, uma mulher foi agredida depois de distribuir doces para crianas.
A ndia hoje o principal mercado do WhatsApp no mundo - l ficam 200 milhes dos 1,5 bilho de usurios do aplicativo de mensagens instantneas.
A onda de linchamentos - s no ltimo fim de semana, foram cinco mortos - levou o ministro da Eletrnica e Tecnologia da Informao, Ravi Shankar Prasad, a pedir medidas imediatas para o WhatsApp. "A empresa no pode evitar sua responsabilidade nesses casos", afirmou ele, na semana ada. As informaes so do jornal O Estado de S. Paulo.
Estado Contedo - Bruno Capelas e Claudia Tozetto
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