Aps o prefeito Abilio Brunini (PL) afirmar que o municpio pretende reassumir a gesto dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de urgncia e emergncia da capital, o promotor de Justia responsvel pela Sade em Cuiab, Milton Mattos, avaliou que a mudana possvel, mas ponderou que a eficincia na regulao depende de outros fatores alm da entidade a.
Para Mattos, o “fator humano” precisa ser minimizado no processo para que a gesto de leitos seja mais eficiente. “O problema da regulao que h muito fator humano para dar certo. preciso ter algum muito comprometido, atento ao NIR [Ncleo Interno de Regulao] do hospital, e com boa vontade para receber aquele paciente. J na Central de Regulao, tambm necessrio que haja algum em sintonia com o NIR”, comentou imprensa na segunda-feira (19).
O promotor tambm destacou que um simples erro na coleta de dados do paciente, cometido pela equipe, pode fazer com que ele fique retido em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) por semanas, por exemplo. Como soluo, sugere substituir os processos manuais por sistemas automatizados, baseados em inteligncia artificial.
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Outro aspecto que precisa ser considerado, segundo ele, a infraestrutura e a capacidade dos hospitais, tanto do municpio quanto do Estado. “Para falar de regulao, preciso entender que os hospitais precisam estar 100% equipados, com tudo funcionando, e que o NIR do hospital — onde fica o mdico regulador — tambm esteja alinhado. Porque a regulao no coloca nenhum paciente dentro do hospital se aquele hospital no aceitar o paciente”, explicou.
Uma reunio para decidir os rumos da Central de Regulao municipal est marcada para esta semana. Segundo Mattos, o Estado demonstra estar disposto a devolver a gesto das UTIs de urgncia e emergncia ao municpio de Cuiab. “Se o municpio quiser assumir, o Estado, pelo que eu entendi, tambm vai devolver”, afirmou.
Interveno
A regulao dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de urgncia e emergncia da capital ou para a gesto do Estado durante o perodo de interveno na sade de Cuiab, que ocorreu entre maro e dezembro de 2023, por determinao do Tribunal de Justia de Mato Grosso (TJMT).
Mattos relatou que, na poca, o sistema de regulao era disfuncional, pois as equipes do Estado e da Prefeitura no mantinham o contato necessrio para viabilizar a transferncia eficiente dos pacientes entre as unidades de sade.
“Na Central de Regulao ficavam as equipes do Estado e do municpio, mas a informao que tnhamos era de que eles no se conversavam. Talvez por questes polticas da poca, no se sabe exatamente. Mas era uma regulao que batia cabea e, s vezes, no conseguia resolver o problema”, relatou.
Desde ento, o municpio seguiu regulando apenas os procedimentos e cirurgias eletivas — modelo que, segundo o promotor, tambm adotado em outros estados do pas.