A Unio Progressista nasce grande. Com cerca de 20% dos parlamentares no Congresso Nacional, a federao formada por Unio Brasil e Progressistas (PP) se impe como uma superpotncia poltica. Mas o que parece um imprio inabalvel esconde fissuras e em Mato Grosso, essas rachaduras j do sinais de vida.
A federao desembarca no estado com o peso de cinco deputados estaduais na Assembleia Legislativa: Eduardo Botelho (Unio), Dilmar Dal Bosco (Unio), Jlio Campos (Unio), Sebastio Rezende (Unio) e Paulo Arajo (PP). Sob o comando do governador Mauro Mendes (Unio), o grupo parece coeso no papel. Na prtica, o cenrio mais complexo.
Dilmar Dal Bosco, veterano do grupo, ensaia uma sada em direo ao Partido Renovao Democrtica (PRD). Paulo Arajo, que chegou como entusiasta da federao, j circula entre rumores de que tambm planeja trocar de sigla. Em um movimento inverso, a senadora Margareth Buzetti flerta com o retorno ao PP, sua velha casa poltica.
O senador Jayme Campos (Unio) quer disputar o governo em 2026, mas enfrenta o ime de ter como adversrio o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), que tem o apoio do governador Mauro Mendes. No entanto, caso encontre resistncia, o parlamentar no descarta deixar a legenda, da qual filiado desde os tempos antigos da Arena, ainda no perodo da ditadura militar.
Mas o embate no se limita a Mato Grosso. Na Paraba, a Unio Progressista j v o lder do Unio no Senado, Efraim Filho, e o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) como potenciais rivais em uma disputa estadual. No Acre e no Paran os conflitos internos seguem o mesmo roteiro. E a tenso nacional atinge a pr-candidatura de Tereza Cristina (PP), ex-ministra da Agricultura, e Ronaldo Caiado (Unio), governador de Gois, Presidncia da Repblica. O que seria uma demonstrao de fora se transforma em um embarao: s h espao para um candidato.
O que est em jogo no apenas o controle da mquina pblica, mas o futuro do prprio modelo de federao. A lgica simples: com o fim do financiamento empresarial, as federaes oferecem musculatura poltica e financeira, mas cobram um preo em fidelidade e convivncia interna.
E quando o assunto dinheiro, a Unio Progressista tem muito. Com quase R$ 1 bilho em fundo eleitoral, R$ 536,5 milhes do Unio Brasil e R$ 417,2 milhes do PP, segundo dados de 2024 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a federao nasce com o bolso cheio. Mas dinheiro no compra harmonia.
A matemtica impressiona: so 109 deputados, 14 senadores, seis governadores, 1.400 prefeitos e cerca de 12 mil vereadores em todo o pas. Na teoria, uma fora colossal. Na prtica, uma equao com variveis que desafiam at os mais experientes articuladores.
Mato Grosso o espelho desse cenrio: uma federao que promete, mas que j enfrenta seu primeiro teste de unidade antes mesmo de decolar. E se em Braslia os nmeros impressionam, no estado a poltica segue sendo um jogo de sobrevivncia.
Parlamentares como Eduardo Botelho (Unio) cobra uma movimentao do partido para comear a discutir a chapa de estadual, mas at o momento, o partido resiste em se reunir e debater o assunto, deixando alguns preocupados com o futuro.
Futuro esse que deve ter um cenrio mais claro depois de maro de 2026, quando encerrar a janela partidria. S ento, a Federao Unio Progressita ter noo do seu real tamanho, tanto em nvel nacional, quanto estadual.