O pacote de aes para enfatizar o combate ao crime organizado em Mato Grosso fez com que o Ministrio Pblico Estadual (MPE) e a Ordem dos Advogados do Brasil seccional Mato Grosso (OAB-MR) entrassem em rota de coliso. Isso, porque a entidade no gostou em nada das declaraes do procurador-geral Deosdete Cruz Junior, que durante o lanamento do programa defendeu que as conversas entre advogados e clientes nos presdios do Estados sejam gravadas.
Ele justificou a medida dizendo que, muitas das vezes, os juristas se transformam em “pombos correio do crime”, para atender aos interesses do cliente faccionado que est da liberdade.
“Essas pessoas [criminosos] continuam falando l de dentro com, muitas vezes, advogados que usurpam dessa funo, que so pombos correio do crime”, declarou.
Deosdete afirma que respeita a Ordem dos Advogados, mas acredita que essa discusso precisa ser feita o quanto antes “pelo bem da sociedade. “Aqui eu fao uma deferncia OAB, um respeito a essa instituio to essencial a democracia, mas precisamos relativizar esse direito, sim. O advogado que est atendendo um faccionado tem que ter a sua conversa gravada para o bem da sociedade. ou da hora de discutirmos sobre isso. Precisamos colocar o dedo nessa ferida", acrescentou.
A proposta do procurador, contudo, no pegou bem entre os profissionais. Por meio de nota, a presidente da OAB-MT, Gisela Cardoso, repudiou as declaraes do chefe do Ministrio Pblico e disse que ele est tentando criminalizar o exerccio da advocacia.
"Eu quero aqui, publicamente, repudiar a infeliz, inaceitvel fala do procurador-geral de Justia de Mato Grosso. Dizer ao ilustre procurador que a advocacia mato-grossense exige respeito. Lembrar que a advocacia indispensvel istrao da Justia, nos termos da Constituio Federal e que entre advogados, magistrados e membros do Ministrio Pblico no existe hierarquia, nos termos da Lei 8.906/1994", ressaltou Cardoso.
A presidente destaca que o sigilo advogado/cliente direito absoluto que em hiptese alguma pode ser relativizado, uma prerrogativa da advocacia, que representa a garantia dos direitos fundamentais, as garantias constitucionais do cidado.