O Brasil poder completar o trinio de 2023 a 2025 com o registro de 7.930 casos por ano de cncer em crianas e adolescentes de at 19 anos de idade. A estimativa do Instituto Nacional do Cncer (Inca). Conforme o Ministrio da Sade, o valor corresponde a um risco estimado de 134,81 por milho de crianas e adolescentes.
Segundo a estimativa, 4.230 casos novos devem ser no sexo masculino e de 3,7 mil no sexo feminino. Os dados do Inca indicam ainda que o cncer peditrico representa cerca de 3% do total de casos de cncer, considerando adultos e crianas.
O Dia Nacional de Combate ao Cncer Infantil lembrado neste sbado (23). A data foi criada em 4 de abril de 2008 para estimular aes educativas e preventivas relacionadas doena e promover debates sobre as polticas pblicas de ateno integral s crianas com cncer e apoiar os pacientes e seus familiares.
De acordo com o Ministrio da Sade, o nmero de procedimentos realizados no Sistema nico de Sade (SUS) referentes ao cncer infantil vem crescendo ao longo dos anos. Em 2021, foram 10.108 cirurgias, em 2022, 10.115 e em 2023, 10.526. J os tratamentos por quimioterapia variaram. Em 2021 foram 16.059, em 2022 atingiram 15.798 e em 2023 alcanaram 17.025.
Para a mdica Arissa Ikeda Suzuki, do setor de Oncologia Peditrica do Inca, o crescimento na incidncia do cncer infantojuvenil pode ser decorrente de maior nmero de diagnsticos aliado melhoria da tecnologia, que devem estar influenciando na capacidade dos profissionais de suspeitarem e darem este tipo de diagnstico. Isso vem possibilitando tambm um avano nas curas.
“A gente vem observando que tem aumentado [o nmero de casos], mas graas a Deus tambm tem uma evoluo da melhoria da curabilidade delas. Apesar de a gente no conseguir curar totalmente 100% dos casos, temos tido uma evoluo da questo da sobrevida ao longo desses anos, uma melhoria, com maior e e diagnstico mais exato, com estudos moleculares que permitem outros tipos de tratamento, alm da qumio, da radioterapia e da cirurgia. Todos esses avanos esto sendo observados ao longo dessas dcadas”, analisou a mdica, em entrevista Agncia Brasil.
Segundo ela, por ano, o Inca faz o tratamento de 250 a 300 pacientes desta faixa de idade, entre eles, cerca de 16 a 20 crianas ou adolescentes ficam internados na unidade da Praa da Cruz Vermelha, no centro do Rio.
“A gente interna os pacientes que esto mais graves, muitas das vezes aqueles que necessitam de diagnstico mais rpido possvel. No so todos que a gente abre matrcula por ms que ficam internadas. Elas so acompanhadas ambulatorialmente e a gente segue a investigao e segue o tratamento, na maior parte das vezes, ambulatorial”, contou.
O tempo de internao varia conforme o tipo de necessidade de tratamento ou de avaliao mdica sobre a presena dos tumores. “Nem todos internados so para avaliao diagnstica, alguns so por intercorrncia ao tratamento, outros para receberem quimioterapia e infuso contnua so vrios nveis, tem paciente ps-operatrio. So vrias crianas internadas na linha de tratamento do cncer”, explicou.
No perodo de internao, o Inca desenvolve uma rede de apoio famlia dos pacientes com a presena de assistente social. “Sempre um responsvel fica internado com o paciente e a assistncia social daqui d todo o apoio para poder criar uma rede que se mantenha durante o tratamento e essa criana receba melhor tratamento possvel no s pelo hospital, mas tendo essa rede de apoio porque um tratamento a longo prazo e necessita desse e familiar tambm”, informou.
Incidncia
De acordo com o Inca, os tumores mais frequentes em crianas so as leucemias e de sistema nervoso central, alm dos linfomas. Ocorrem ainda os sarcomas (tumores de partes moles), Nefroblastoma (tumores renais), neuroblastoma (tumores de gnglios simpticos), retinoblastoma (tumor da retina do olho), entre outros.
J entre os adolescentes, os tumores mais comuns so neoplasias hematolgicas (principalmente linfoma de Hodgkin e linfoma no-Hodgkin), carcinomas (principalmente mama, tireoide, melanoma e ginecolgico) e tumores de clulas germinativas.
O cncer infantojuvenil tem particularidades que o diferenciam do cncer do adulto. Em geral, apresentam menor perodo de latncia. Segundo o Inca, costuma crescer rapidamente e torna-se bastante invasivo, porm responde melhor quimioterapia. Muitos tumores peditricos so considerados tumores embrionrios, pois mantm caractersticas de clulas presentes nos tecidos fetais.
Sintomas
Os sintomas iniciais do cncer na faixa etria de crianas e adolescentes so inespecficos, o que torna mais difcil o diagnstico precoce. No entanto, a mdica do Inca avalia que sempre existe a capacidade de suspeita por parte dos profissionais de sade como no caso das leucemias, quando pode apresentar algum quadro de anemia, prostrao da criana que fica mais plida e com alguns sinais de sangramento e hematomas pelo corpo. J nos linfomas, s vezes so diagnosticados com o surgimento de ndulos, principalmente, na regio cervical, ou de gnglios na regio inguinal e super clavicular.
“Quando os gnglios comeam a crescer de uma forma mais rpida ou mais lenta, mas com aumento em torno ou acima de 3 cm, indicado, os pais procurarem o atendimento para uma avaliao mais minuciosa”, recomendou, acrescentando que no caso de tumores no sistema nervoso central, que tambm um dos tipos mais frequentes, muitas das vezes esto relacionados a crianas que reclamam de cefaleia associada a vmitos, alteraes motoras e neurolgicas.
Ainda, conforme o Inca, o cncer peditrico representa a primeira causa de morte por doena em crianas e adolescentes entre 1 e 19 anos. No entanto, com o avano no tratamento, este tipo de cncer considerado, atualmente, uma doena potencialmente curvel. Nos pases desenvolvidos, a chance de cura est em torno de 85%. No Brasil o percentual de 80%. De acordo com a mdica, a tecnologia tem sido uma das armas para melhorar a sobrevida dos pacientes. “Em pases em desenvolvimento e pobres, tm uma diferena na taxa de sobrevida, por conta do diagnstico precoce e do e das tecnologias”, relatou.
Embora muitas crianas cheguem com a doena em estgio muito avanado aos centros de tratamento brasileiros, tem evoludo o conhecimento dos profissionais de sade com relao doena, o que favorece o diagnstico precoce.
“Na rede pblica, cada vez mais a gente tem observado que os profissionais que fazem atendimento nas emergncias e clnicas da famlia tm se atentado com maior frequncia na suspeita desse diagnstico. Isso significa que, com as medidas de campanhas e de sistema educacional para esses profissionais que fazem atendimento direto clnicas de famlias e comunidades, eles esto sendo treinados e conseguem fazer uma suspeita diagnstica favorecendo o encaminhamento desses pacientes para os centros de tratamento”, pontuou a mdica.
Agncia Brasil