Setembro Amarelo: psicloga derruba 'mito' e diz que sinais de suicdio comeam com conversas sobre o assunto 6k4c1j
Ao Leiagora, especialista disse que, normalmente, quem fala muito sobre a morte talvez esteja pensando em cometer o ato, e os motivos que podem levar uma pessoa a se suicidar so inmeros 3n6a4r
Desde a instituio do Setembro Amarelo, ms dedicado preveno ao suicdio, comum ver campanhas sobre o tema em Unidades Bsicas de Sade e hospitais. No entanto, ser que essas aes realmente impactam a vida das pessoas? Para a psicloga Pollyanna Tavares, especialista em relacionamentos e formada em Terapia Sistmica Familiar, essas campanhas tm um papel crucial na divulgao de formas de apoio para aqueles que enfrentam momentos difceis.
Segundo ela, ainda existe um grande tabu em torno da discusso sobre o suicdio, muitas vezes influenciado por questes religiosas. No entanto, fundamental que o tema seja amplamente debatido, para que as pessoas se sintam acolhidas e a preveno dos casos seja realmente eficaz.
Em entrevista ao Leiagora, a psicloga Pollyanna Tavares explicou quais sinais podem indicar que uma pessoa est pensando em suicdio e desmistificou a ideia de que “quem muito fala, pouco faz”. De acordo com ela, muitas pessoas que acabam tirando a prpria vida do avisos claros sobre suas intenes, mas, infelizmente, no so levadas a srio.
Confira a entrevista completa:
Leiagora: Em primeiro lugar, qual a importncia do Setembro Amarelo na sua opinio?
Pollyana: Todo ms tem uma campanha relacionada sade, no s sade mental, e a grande importncia a difuso de informaes, promover informaes para a sociedade sobre como acolher as pessoas que esto em situao de vulnerabilidade emocional. Nas campanhas, tm toda uma orientao. Acho muito interessante essa campanha do Setembro Amarelo, porque tem todo um cuidado para no divulgar dados, maneiras, modos, mas sim dar publicidade em como promover acolhimento, sade mental. uma campanha bem construtiva mesmo.
Leiagora: Quais sinais familiares e amigos devem observar em pessoas que podem estar em risco?
Pollyana: Normalmente, o sinal maior dizer. E, a, at um mito que eu gostaria de dar nfase, porque as pessoas falam “ah, quem fala muito no faz”. No, no mesmo. Tem que se dar a devida ateno para quem est falando, porque a pessoa est vivendo no s da ideao. Ela est vivendo a dor, ela est vivendo uma dificuldade em lidar com outra vida, lidar com os problemas da vida. E a cada pessoa vai dar uma ateno, vai tomar uma proporo muito maior diante dos desafios da vida. Ento, voc tem que ouvir, sim, tem que acolher, tem que fazer o devido encaminhamento. Ento, uma pessoa que t falando muito dessas dificuldades, com o desafio da vida, dificuldade em lidar com o desafio da vida. Uma pessoa que t em isolamento social, que tem muita dificuldade para se relacionar afetivamente com outras pessoas, para sair de casa. Uma pessoa est com sintomas depressivos, lidando com luto em geral, que no s luto por morte, mas uma situao de desemprego, uma situao de separao. Tudo isso luto, e a pessoa fica muito vulnervel emocionalmente falando. Ento, voc tem que dar ateno. Esses so os sinais.
Leiagora: Apesar dos inmeros avanos, ainda existem estigmas e quais voc percebe que cercam o tema, principalmente com relao ao suicdio e sade mental?
Pollyana: Eu acho que o maior de todos, podemos at chamar de mito, o que disse anteriormente: “Ah, quem muito fala, pouco faz” e tambm tem [imediatismo] porque procurou ajuda e foi algumas sesses de terapia, comeou o tratamento psiquitrico e t tudo bem e a pessoa abandona normalmente o processo teraputico. Justamente que ela que tem essa ausncia de energia, energia vital mesmo para sustentar um tratamento, um acompanhamento. Ento, as pessoas pensam, “nossa, fulano no falou mais, ento ela t livre, nunca mais ela vai voltar a pensar”. No, no verdade. O tratamento s finaliza quando o profissional d a alta. Ento, tem esses mitos. Tambm existe o mito de que ns no devemos falar sobre suicdio para no aumentar o risco de pessoas que esto com ideao. Ns devemos falar, devemos informar a sociedade.
Leiagora: Quais estratgias devem ser adotadas para ajudar uma pessoa que est ando por uma crise depressiva e com ideao suicida?
Pollyana:Em primeiro lugar, voc precisa estabelecer uma abertura de confiana, estabelecer uma relao de confiana com a pessoa, no julgar, no condenar, mas estabelecer uma relao de confiana, que o qu? Voc validar, tentar extrair as emoes que a pessoa est sentindo e validar aquelas emoes para voc compreender o que est levando a pessoa a ter as suas ideias, esses pensamentos, e voc dizer que voc pode contribuir de alguma maneira. Ento, acolher sem julgamentos, estabelecendo o clima de confiana primeiro, acolher sem julgamentos, no condenar a pessoa, no julgar a pessoa, mas acolher de fato.
Leiagora: Por ltimo, como as famlias enlutadas devem seguir aps um episdio de suicdio na famlia?
Pollyana: Em psicologia ns damos um nome para esse acompanhamento da famlia de “ps-veno”. Enquanto a campanha do Setembro Amarelo uma preveno, a inteno prevenir. No caso, esse acompanhamento famlia, a gente d o nome de ps-veno, porque a famlia vai ficar marcada para o resto da vida. Me, pai, pessoas que estavam ali, que fazem parte do crculo familiar daquela pessoa. Ento um termo que ainda pouco conhecido no Brasil, mas esse o nome que se d para todas as atividades de acolhimento e fortalecimento aps uma perda de um ente pelo suicdio. Toda uma equipe profissional montada com psiclogos, psiquiatras e assistentes sociais. Todo e para toda a famlia para lidar com aquela ausncia, com aquela falta, com esse luto.
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