Vídeos | Fepoimt aponta incêndios em 39 terras indígenas e destruição de fonte de alimento e pertences dos povos
Eliane Xunakalo afirma que tem dialogado com governos federal e estadual, mas que se sente impotente diante do caos instalado nas aldeias; segundo ela, forças de combate são insuficientes
A Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt) divulgou nesta terça-feira (10) que 39 terras indígenas do estado foram impactadas pelas queimadas até o momento. De norte a sul de Mato Grosso, populações originárias sofrem com a perda de casas, plantio e vivem a expectativa de melhora no tempo seco, que tem adoecido as comunidades.
Ao Leiagora a presidente da organização, Eliane Xunakalo, relatou a insuficiência de bombeiros e brigadistas indígenas para conter os incêndios, os diálogos com os governos estadual e federal e a arrecadação de fundos e mantimentos para os grupos afetados.
Ao todo, conforme a postagem no Instagram, 39 terras indígenas estão queimando. Apenas seis brigadas indígenas se dividem em todo o Estado na tentativa de suprir a demanda e conter o avanço do fogo, o que tem sido insuficiente e deixado um rastro de destruição nos territórios. Em vídeos disponibilizados por Eliane, é possível ver moradias em chamas de altas proporções, muita fumaça e desespero.
A presidente argumenta que está em diálogo com os governos federal e estadual, mas, até o momento, pouco tem sido feito pelas regiões mais afetadas, o que gera, segundo ela, uma sensação de impotência diante do caos instalado nas aldeias.
“A gente tem dialogado e eles têm nos atendido na medida em que podem. A gente ouve que teve corte de recursos, demorou para decretar o estado de calamidade. Tem que investir mais em bombeiros, aumentar o contingente de brigadas indígenas e não indígenas [...] A aldeia está no meio disso tudo, não tem para onde correr. As pessoas estão respirando fumaça e precisando de ajuda. Precisando de ajuda porque perderam alimento, roupa, documento, calçados, remédios, apoio de equipes de saúde”, declarou a presidente.
Somado a isso, assim como acontece na ‘cidade’, ela conta que também nas terras indígenas tem aumentado os casos de doenças respiratórias e a proliferação de vírus devido à inalação de fumaça e do tempo seco. “Muita gripe, viroses, os nossos parentes estão pedindo socorro. Está no auge”.
Diante da situação, a Fepoimt disponibilizou uma chave pix para que toda a população possa ajudar essas comunidades por meio de doações em dinheiro. Além disso, no endereço situado na rua Estevão de Mendonça, nº 1876, bairro Quilombo, em Cuiabá, voluntários poderão doar, roupas, calçados, remédios e água aos indígenas impactados pelo fogo.
Com isso, Eliane cobrou não somente uma participação mais efetiva de combatente ao fogo, mas uma ‘desnaturalização’ dos incêndios de grande proporção este ano e do período de seca, que, de acordo com ela, já havia sido previsto por indígenas mais velhos ainda em março e comunicado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
“A gente vai esperar morrer o Pantanal, por exemplo, para vir às Forças Nacionais para cá? A gente precisa de ajuda que não chega. Mato Grosso enfrenta uma crise, a situação é desesperadora, e estamos assistindo isso e parece que está normal. [...] Nós fomos na Sema no início do ano, em março, na coordenação de mudanças climáticas e falamos: ‘os nossos velhos nos disseram que esse ano seria um ano de muita seca’, porque eles já tinham visto os sinais. Ninguém deu muita importância e estamos falando de uma sabedoria de leitura da natureza”.
Vale lembrar que para a população indígena o território tem relação muito mais ampla com aqueles que nele residem, seja em relação à vegetação, aos seres vivos e à água. É da natureza que vêm os recursos que nutrem seus parentes e garantem o fluxo linear de suas vidas. “O fogo quando chega ao território indígena ele está destruindo boa parte do que a gente acredita. A tristeza é ainda maior, ela pesa mais”, reforçou Eliane.
Confira a lista completa de terras indígenas queimadas:
1 - Perigara
2 - São Marcos
3 - Sangradouro/Mata Grande
4 - Areões
5 - Parabubure
6 - Ubawawe
7 - Marechal Rondon
8 - Pimental Barbosa
9 - Tapirapé
10 - Kayabi
11 - Kawahiva do Rio Claro
12 - Piripkura
13 - Arara do Rio Branco
14 - Aripuanã
15 - Bahia dos Guatos
16 - Sete de Setembro
17 - Areões
18 - Chão Preto
19 - Erikpatsa
20- Tirecatinga
21 - Nambikwara
22 - Valé do Guaporé
23 - Utiariti
24 - Mercure
25 - Bahia dos Guató
26 - Portal do Encantado
27 - Terra indígena Sararé
28 - Umutina
29 - Urubu Branco
30 - Capoto/Jarina
31 - Zoro
32 - Apiaka do Pontal e Isolados
33 - Enauwene
34 - Xingu
35 - Marawatsede
36 - Menkragnoti
37 - Wedezer
38 - Parque do aripuanã
39 - Lagoa dos Brincos
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