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30/06/2024 s 10:44 3w363u

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Real completa 30 anos com desafio de manter poder de compra 5h446d

ndice oficial de inflao, IPCA acumula 708% desde a criao da moeda 6f72m

Agncia Brasil

Real completa 30 anos com desafio de manter poder de compra

Foto: Agncia Brasil

Prestes a sair da feira do Largo do Machado, na zona sul do Rio de Janeiro, a servidora pblica Renata Moreira, 47 anos, sente toda semana o desafio da manuteno do poder de compra do real, que completa 30 anos nesta segunda-feira (1). Cada vez mais a mesma quantia compra menos. “Com R$ 100, eu saa com pelo menos seis ou sete sacolas do mercado. Hoje em dia, sai com apenas uma. Fui ao hortifruti anteontem e gastei R$ 70. E nem comprei tanta coisa”, constata.

A reduo do carrinho de compras sintoma da inflao acumulada nos ltimos anos. De julho de 1994, ms da criao do real, a maio de 2024, a inflao oficial pelo ndice Nacional de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula 708,01%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). Isso significa que R$ 1 na criao do real valem R$ 8,08 atualmente. Ou que preciso gastar R$ 100 hoje para comprar o mesmo que R$ 12,38 compravam h trs dcadas.

Frequentadora da mesma feira no Largo do Machado, a aposentada Marina de Souza, 80 anos, tambm experimenta a reduo gradual do poder de compra. “Cada dia a gente v que eles esto assim, aumentando os preos aos poucos. Todo ms, vm R$ 2 a mais. A vai somando para voc ver, n? E assim que eles tiram da gente. O tomate, a banana, o arroz, que dava para fazer uma boa feira com R$ 50, hoje no faz mais. Uma folhagem, que custava R$ 1 h dez anos, hoje custa R$ 4”, reclama. Ela sente que, de um ano para c, o problema piorou.

No aniversrio de 30 anos, o real enfrenta o desafio de manter o poder de compra, num cenrio de inflao global crescente. “A inflao alta no ps-pandemia [de covid19] perfeitamente explicvel e abrange todo o planeta. Tivemos problemas srios, de rompimento de cadeias produtivas, uma mudana geopoltica mundial, com guerras regionais, e mudanas climticas que pressionam principalmente a oferta de alimentos”, explica a professora de economia da Fundao Getulio Vargas (FGV) Virene Matesco.

Economista-chefe da Way Investimentos e professor do Ibmec, Alexandre Esprito Santo diz que a inflao ps-pandemia complexa, que desafia os Bancos Centrais em todo o mundo. “Tivemos um choque de oferta, com a quebra de cadeias produtivas no mundo inteiro que ainda esto se recompondo. Alm disso, os bancos centrais injetaram muito dinheiro na economia global, dinheiro que ainda est circulando. A inflao no ps-pandemia tem vrias causas e ainda vai durar muito tempo”, diz.

Salrios

Outra maneira de interpretar a inflao acumulada de 708,01% seria dizer que o real perdeu 87,62% do valor em 30 anos. Isso, no entanto, no quer dizer que a populao tenha ficado mais pobre na mesma proporo. Isso porque o poder de compra definido no apenas pelo nvel de preos, mas tambm pela elevao dos salrios.

“A inflao depende de muitos fatores. No mdio e no longo prazo, a economia se adapta s variaes, inclusive alta recente do cmbio que estamos experimentando. Existe a reposio dos salrios e a interao do preo de um insumo com o restante da cadeia produtiva”, diz o economista Leandro Horie, do Departamento Intersindical de Estatstica e Estudos Socioeconmicos (Dieese).

Na prtica, a reposio do poder de compra influenciada pelo crescimento econmico. Em momentos de expanso da economia e de queda do desemprego, os trabalhadores tm mais poder para negociar reajustes salariais. Segundo o Dieese, 77% das negociaes salariais resultaram em aumento real (acima da inflao) em 2023. At maio deste ano, o percentual subiu para 85,2%. Com os reajustes acima da inflao, os preos se estabelecem num nvel mais alto, sem a possibilidade de retornarem aos nveis anteriores.

Novos instrumentos

Em relao inflao no ps-pandemia, o economista do Dieese concorda com a complexidade do problema e diz que os instrumentos atuais de poltica monetria, como juros altos, tm sido insuficientes para segurar o aumento de preos. Isso porque a inflao no decorre apenas de excesso de demanda, mas de choques externos sobre a economia, como tragdias climticas e tenses geopolticas.

“No regime atual de metas de inflao, o Banco Central atua como se a inflao fosse meramente de demanda e elevando juros para reprimir a demanda interna. S que a inflao, principalmente nos tempos atuais, de uma natureza de choque de oferta, que a gente chama. A grande questo que tem de ser colocada, em nvel global, que outras formas os governos podem usar para segurar os preos, at porque a inflao envolve centenas de itens”, diz Horie.

Perspectivas

Em 2024, a inflao comeou o ano em desacelerao. O IPCA, que acumulava 4,51% nos 12 meses terminados em janeiro, caiu para 3,69% nos 12 meses terminados em abril. O ndice, no entanto, acelerou para 3,93% nos 12 meses terminados em maio, por causa do impacto das enchentes no Rio Grande do Sul e da seca na regio central do pas. Para os prximos meses, a previso de novas altas, com alguns preos influenciados pela recente alta do dlar.

Alheios s oscilaes econmicas e aos debates tericos, os consumidores sentem os efeitos da inflao no bolso. “A gente sabe que muito da inflao um efeito colateral da pandemia, que vai reverberando ao longo de toda a cadeia, mas acho que a comida, os bens de consumo em geral e os servios tambm aumentaram. Est tudo um pouco mais caro no geral. Todo mundo vai aumentando o preo para tentar sobreviver e conseguir pagar o resto. As contas tambm”, diz o produtor audiovisual Lucas de Andrade, 40 anos.

Tambm cliente da feira do Largo do Machado, Lucas diz ter constatado uma diferena notvel nos preos aps voltar do Canad, onde morou entre 2019 e 2021. “Estive fora do pas, voltei e achei os preos bem absurdos, comparando com a nossa realidade de poder aquisitivo no pas, enfim, toda a desigualdade que a gente vive”, opina.
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