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18/02/2024 s 08:03 185nr

ATO DE DESRESPEITO 1q3c23

Presidente do Sinpol-MT repudia desfile da Vai-Vai e diz que ao foi desnecessria 4g6w6p

Escola de samba chamou a ateno ao retratar, em uma de suas alas, a tropa de choque da Polcia Militar com traos demonacos durante o carnaval 2kt5j

Amanda Garcia

Presidente do Sinpol-MT repudia desfile da Vai-Vai e diz que a

Foto: Reproduo

No semana ada, o sambdromo do Anhembi em So Paulo foi palco de uma polmica envolvendo a tradicional escola de samba Vai-Vai. Durante seu desfile, uma ala da escola retratou a tropa de choque da polcia militar (PM) de maneira demonaca, remetendo alta represso policial dos anos 90.

A escola homenageou o Hip Hop prestando homenagem ao lbum “Sobrevivendo no Inferno”, do grupo Racionais MC’s. Lanado em 1997 e considerado um dos mais marcantes do gnero, o disco retratava a onda de brutalidade policial pela qual ava So Paulo na dcada de 1990.

Em uma das alas, com o mesmo nome do lbum, os istas caracterizados com chifres e asas, a tropa de choque da Polcia Militar foi retratada com traos demonacos. Diante disso, no demorou muito para que a ao repercutisse de maneira negativa, nacionalmente.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso (Sinpol-MT), Glucio Castanon, avaliou como ‘desnecessria’ a ao da escola de samba Vai-Vai ao retratar, em uma de suas alas, a tropa de choque da Polcia Militar com traos demonacos, durante desfile de carnaval no sambdromo do Anhembi, na ltima semana. reportagem, Castanon ainda enfatizou que o ato aconteceu de forma ‘totalmente fora de contexto’ e levantou questionamentos sobre a ‘quem interessa’ hostilizar e represar as foras policiais brasileiras. Em conversa com o Leiagora, o investigador de polcia destacou que alm de ofensiva, a manifestao desrespeita toda a categoria da Segurana Pblica.

Leiagora - O Sinpol-MT acompanhou a polmica envolvendo ao desfile da Vai-Vai e a categoria policial? Como vocs reagiram a forma que a escola de samba optou por representar os policiais no autdromo?

Glucio Castanon - Olha, ns no chegamos e emitir a nenhum documento enquanto entidade representativa de mbito Estadual, mas j houveram vrias manifestaes em entidades representativas classistas, de uma abrangncia Federal. Ns recebemos esse tema carnavalesco com muita tristeza, porque o carnaval que um movimento que atinge uma grande massa nos tempos atuais e eu acho que isso foi completamente, absurdo e desnecessrio. Foi um fato totalmente fora de contexto e a pergunta que fica agora : a quem interessa rear esse tipo de mensagem para a sociedade? Ser que esse o tipo de mensagem que queremos rear da polcia? Quem estava assistindo, pagou o ingresso, comprou um abad e foi l prestigiar o carnaval, muitas vezes so pessoas que tm parentes que so policiais e que precisam diariamente da polcia, que j tiveram familiares mortos nas mos de marginais, que j tiveram suas residncias arrombadas ou vtimas de vrios crimes, infelizmente. Mas o nosso inconsciente no consegue perceber que esse tipo de mensagem, que uma escola de samba, utilizando da livre liberdade potica, da arte da cultura para colocar a sociedade contra a polcia, sem entender o policial, que tambm integrante da sociedade e que veio tambm do tecido social de quem sofre, assim como qualquer um outro.

Leiagora - A Vai-Vai justificou que a apresentao era uma retratao fiel do cenrio dos anos 90, onde haviam conflitos intensos entre a comunidade civil perifrica e a polcia. Como voc avalia esse cenrio? Pensando em um contexto histrico, justificvel?

Glucio Castanon - Leituras de sociedade e do mundo so feitas atravs do conhecimento adquirido por cada indivduo. A gente reproduz aquilo que ns vemos. Por exemplo, o meu pai comerciante, ele vai ter uma interpretao conforme a realidade que ele vivenciou, h quem diga que no foi tudo isso, mas, claro que houveram acesos. E quando eu digo que houveram excessos, poca, eles estavam muito mais relacionados ao regime militar de direita diante de uma resposta a um outro movimento, que tambm se pregava uma outra ditadura, a ditadura do proletariado.

Leiagora - Na sua avaliao, voc acha que ainda persiste essa “rixa” entre a polcia e a populao perifrica?

Glucio Castanon - Olha, vamos analisar a situao aqui do nosso Estado, eu gostaria de saber se algum conhece algum policial abastado. Porque eu posso te garantir que a maioria de ns viemos de uma realidade humilde e de bairros perifricos. A maioria, assim como nossas famlias, so compostas por pardos ou pretos. Ento, o que eu vejo muitas vezes, so pessoas investindo em uma retrica que gere certa polmica. Hoje ns estamos vivendo em um pas que vive em prol do politicamente correto, que sempre busca causar e, infelizmente, tem muita coisa que eles conseguem vender.

Leiagora - Fazendo uma anlise autocritica, por que essa hostilidade acontece? Voc acredita que a polcia contribua de alguma forma para que essa imagem voltada ao autoritarismo.

Glucio Castanon - A polcia como um todo, assim como diversos outros profissionais esto suscetveis ao erro. Muitos profissionais podem errar, no s a classe policial, os professores, os jornalistas, um engenheiro, um padeiro e assim vai. Agora, acredito eu que talvez a falta de engajamento social contribua para essa imagem empregada. Ns tambm vivemos em um tempo onde recebemos um grande volume de informaes e as pessoas no conseguem mais filtrar o que verdade ou no. Eu me pergunto de verdade, quem financia essas coisas? Quem patrocina esse momento? Ser que ele pautado? So tantas perguntas.

Leiagora - E enquanto profissional da Segurana Pblica, como voc se sentiu ao ver a imagem policial sendo retratada dessa maneira?

Glucio Castanon - uma injustia sem tamanho algum que esteja diariamente na rua exposto a todo tipo de violncia ser retratado como diabo, ou sei l, anjos demonacos, ou outra qualquer coisa nesse sentido. So essas pessoas que so mortas pelo simples fato de serem policiais. Que enfrentam grandes batalhas em prol da sociedade, dia e noite, no sol e na chuva. Isso me trouxe uma sensao muito desagradvel. Eu atuo a 23 anos na Segurana Pblica, na hora eles estavam retratando policiais da Rota, mas posso te garantir que aquilo no atingiu s a mim. Com certeza atinge todos os integrantes das foras de segurana do pas e eu, enquanto representante dos Policiais Civis, me solidarizo com os meus colegas militares que ali foram retratados, daquela maneira.

Leiagora - E como podemos mudar esse cenrio? Existem aes da polcia que so pensadas nesse intuito, de construir uma maior proximidade entre a populao e os policiais?

Glucio Castanon - Existem sim, conheo grupos que atuam em pequenas comunidades no intuito de detectarem famlias que esto ando necessidade. Muitos fazem campanha, todo o trabalho de manuteno e levam suprimentos at essas famlias mais carentes. Eles tambm esto policiais nas escolas, falando sobre drogas e outras matrias sociais. Mas tambm temos que fazer uma participao mais efetiva na mdia, principalmente, nas redes sociais.

O QUE DIZ A VAI-VAI

Em nota, a Vai-Vai disse que o enredo do Carnaval deste ano “tratou-se de um manifesto, uma crtica ao que se entende por cultura na cidade de So Paulo, que exclui manifestaes culturais como o hip hop e seus quatro elementos – breaking, graffiti, MCs e DJs”. “Alm disso, o desfile buscou homenagear e dar vez e voz aos muitos artistas excludos que nunca tiveram seu talento e sua trajetria notadamente reconhecidos”. “Vale ressaltar que, nesse recorte histrico da dcada de 1990, a segurana pblica no estado de So Paulo era uma questo importante e latente, com ndices altssimos de mortalidade da populao preta e perifrica. Alm disso, de conhecimento pblico que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundo, sofrendo represso e, sendo presos, muitas vezes, apenas por danarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado pra poca. Ou seja, o que a escola fez, na avenida, foi inserir o lbum e os acontecimentos histricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile”, finaliza a Vai-Vai.

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