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14/01/2024 s 08:00 4x2k3q

ENTREVISTA DA SEMANA 676l4l

Janeiro Branco: sade mental possui diversos fatores que no devem ser tratados de forma isolada, avalia psicanalista 3of5

Especialista destaca a importncia de debater o tema de janeiro a janeiro; confira a entrevista na ntegra 10294y

Eloany Nascimento

Janeiro Branco: sa

Foto: reproduo

O primeiro ms do ano levanta as discusses sobre a importncia dos cuidados e a conscientizao acerca da sade mental por meio da campanha Janeiro Branco, alertando sobre a preveno de doenas decorrentes do estresse, como ansiedade, depresso e pnico.

Segundo dados da Organizao Mundial de Sade (OMS), cerca de 1 bilho de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental no mundo. Desse total, 14% so adolescentes. E o Brasil o pas com o maior nmero de pessoas ansiosas: 9,3% da populao mundial.

Reforando a relevncia do tema, o Leiagora entrevistou a psicloga, psicanalista, psico-oncologista e vice-presidente do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso, Keli Virginia Ebert. Segundo a especialista, a sade mental possui diversos fatores que no devem ser tratados de forma isolada. Alm disso, ela destaca a importncia de debater o tema de janeiro a janeiro."Sade mental algo que a gente deve abordar durante todo o ano", destacou.


Confira a ntegra da entrevista abaixo:

Leiagora - O ano de 2024 acabou de comear e com ele inicia-se a campanha Janeiro Branco, que visa alertar os cuidados com a sade mental e emocional da populao. Gostaria que voc explicasse a importncia dessa campanha.


Keli Virginia Ebert - O tema da sade mental algo que a gente deve abordar durante todo o ano, ainda que haja campanhas para mobilizar essa discusso que muito importante, algo que no deve ficar a algumas datas. A gente deve pensar que esse trabalho ele deve ser contido no decorrer de todo ano.

Outro ponto tambm interessante quando a gente pensa em sade mental, para alm dessa necessidade de no restringir em alguma das datas do calendrio, que a sade mental no deve ser tratada de forma isolada, pois ela atravessada por diversos fatores, ento a gente precisa entender a complexidade desse cuidado que sempre deve ser mltiplo e transversal.

O que eu estou querendo dizer com isso que os fatores que levam as pessoas a estados de sofrimento psquico no se restringem excees unicamente individuais. O ser humano, ele tocado por aquilo que se a no seu entorno, relaes que ele estabelecem os outros no consigo mesmo, portanto a gente tem que fazer pessoas em situaes de vulnerabilidade econmica e social ou pessoas que esto atravessando o estado de sade fsica especficos, so pessoas que tm essas condies citadas como marcadores de possveis especificao do sofrimento dela, estado de ansiedade, depresso e tantos outros estados e tipos patolgicos que a gente chama.

Leiagora - Quais so as principais doenas ocasionadas pela falta de sade mental? E os fatores para o desenvolvimento delas?

Keli Virginia Ebert - A gente tem a um complexo o qual tem vrias possibilidades de doenas mais estreitas como as vindas do sofrimento psquico, o que a gente tem notado com maior frequncia so os estados depressivos, ansiedade e pnico, so diversos.

Esses estados podem desencadear pela falta de saber lidar com dificuldades, situaes problemticas da vida, mas no s isso, a gente precisa pensar que toda questo econmica, social, como esto as relaes, o ambiente que as pessoas vivem, tudo isso interfere e pode levar ao sofrimento psquico.

O Conselho Federal de Psicologia criou a campanha sade mental de Janeiro a Janeiro e, nessa proposta que eu comecei falando aqui, propondo que a gente possa estar atento a essa dimenso da vida porque ela to importante, e devemos estar a ela constantemente. Como ainda ele vai falar pra gente pra tratar da preveno da Sade Mental no basta s a gente fazer um encaminhamento psicloga ou ao psiclogo, a gente precisa pensar que a preveno ela deve se fazer amparado ali os direitos bsicos do ser humano, como uma boa educao, sade, emprego, lazer, proteo infncia e assistncia populao vulnervel economicamente. Ento a gente pode pensar em estratgias de preveno do adoecimento fsico, conseguindo fazer isso considerando os fatores amplos por meio da poltica pblica.

Leiagora - Quais os preconceitos e estigmas que ainda se tem em relao a problemas de sade mental?

Keli Virginia Ebert - Infelizmente, tem a um fato cultural que ainda respinga muito nas pessoas diante da dificuldade em buscar acompanhamento psicolgico, buscar auxlio e ajuda, pois isso 'significa fraqueza' e sabemos que no se trata disso. Buscar os cuidados com a sade muito pelo contrrio, poder dar conta de enfrentar algo que muito srio e importante na vida.

Falar sobre e disponibilizar o tema assim como vocs esto fazendo vem ajudando muito as pessoas a desmistificar o assunto que faz parte da vida, como se faz necessrio. Ento atravs da divulgao e falando a importncia disso, trabalhando as abordagens que a gente vai desconstruindo todo esse tabu do que a sade mental.

Leiagora - Como trabalhar as abordagens da campanha Janeiro Branco com a populao ?

Keli Virginia Ebert - Um dos principais pontos que a gente tem que fornecer populao o conhecimento que temos da rede pblica, que pode contar com a rede de ateno psicossocial, possui diferentes pontos de ateno sade. Essa rede foi criada para acolher pessoas em sofrimento mental e com necessidades decorrentes do uso de lcool e drogas dentro do Sistema nico de Sade.

Ento todos temos direito sade mental e preciso buscar esse auxlio e preciso tambm esclarecer populao, ento atravs dessa rede e da luta do fortalecimento das redes que a gente vai poder garantir o cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento contnuo e da ateno s urgncias que a gente encontra a na dimenso da sade mental.

Leiagora - A senhora falou dos servios garantidos na rede pblica, mas no sempre que a populao procura e consegue uma terapia com constncia. A senhora acredita que a psicoterapia ainda muito elitizada? Se sim, como melhorar e garantir esse atendimento populao?

Keli Virginia Ebert - Debater isso importantssimo porque ainda tem essa questo muito forte de que o o sade mental elitizado. Hoje a gente conta com um projeto popularmente chamado de atendimento social, onde o psiclogo (a) se rene para oferecer consulta populao. Alm disso, a gente nunca pode se esquecer da rede pblica como eu disse anteriormente que precisamos fortalec-la com o controle social, onde a populao precisa conhecer os direitos que ela tem, ter um entendimento que existe o SUS para que ela possa recorrer e exigir direito de todo cidado.

Eu t falando de duas dimenses, uma que dentro da rede pblica que o Sistema nico de Sade que oferece tudo que oferece, mas eu t falando tambm de profissionais que vo abrindo projetos sociais para atender a populao que infelizmente fica s margens desse direito muitas vezes.

A mudana na situao difcil num primeiro momento, porque s vezes no se sabe onde buscar o autoconhecimento e como fazer. Ento, por isso importante um mapeamento para onde eu vou e o que eu preciso fazer.

No segundo momento tambm no fcil, porque a rede muitas vezes no d conta de atender a gente, ento preciso exigir isso e tambm necessrio lutar para que seja fortalecido isso no nosso estado e no Brasil.

Leiagora - Atualmente vemos a sade mental muito voltada para a psiquiatria com medicaes. Como a senhora v esse tipo de tratamento ? Acredita que uma opo melhor seria o Centro de Ateno Psicossocial (Caps) para terapia com psiclogo?

Keli Virginia Ebert - A questo da medicao em muitos casos importantssima, ela entra na medicalizao de alguma condio da sade mental, s vezes um fator indispensvel e que vai ter que andar amparado ao processo psicolgico.

A medicao uma forma de estabilizar uma condio da pessoa, atenuar o estado de sade mental da pessoa, mas a transformao ela s se d a partir desse processo que o atendimento psicolgico. Ento so reas que caminham juntas, entendem cada uma em algum momento particular, mas que precisam das peas caminhando e se amparando uma outra.

No entanto, h casos em que no h necessidade de medicao, porque a gente no pode optar por todo e qualquer tipo de sofrimento fsico a gente querer medicalizar, e partir para a ideia de que tomar uma plula e j t tudo resolvido, no assim que funciona. No um medicamento que vai transformar a vida do sujeito, mas sim o processo de transformao que precisa correr em cada um.

Leiagora - Como funciona o trabalho do CRP em MT?

Keli Virginia Ebert - O Conselho uma autarquia que existe para orientar os profissionais da psicologia. Ento, ele tem esse carter orientativo e de fiscalizao para saber que cada profissional est agindo de forma tica. Alm disso, o CRP tem uma funo social de orientar tambm a populao que busca o acompanhamento psicolgico profissional. Temos em nossa agenda o trabalho de estar participando do controle social, de saber o que est sendo discutido no Senado, o que podemos lutar para conseguir uma psicologia cada vez mais justa e igualitria. Essas so as funes de um conselho que s funciona quando a categoria se faz de forma contida, participativa, acompanhando as resolues que vm sendo ditas e acompanhando o cdigo de tica. um trabalho contnuo.

Leiagora - Por fim, gostaria que fizesse suas consideraes finais sobre a importncia do cuidado com a sade mental.

Keli Virginia Ebert - Pensar na sade mental como um aspecto mais amplo estar atento aos aspectos da vida e de alguma maneira saber lidar com algum tipo de desconforto e enfrentar. s vezes, esse desconforto algo muito ntimo que a gente vai ter um trabalho de transformar aos poucos.

s vezes o desconforto em relao s faltas que a vida em si nos traz, como falta de uma educao adequada, a falta de sade e a falta de emprego adequado e a a gente precisa recorrer poltica pblica. Pensar o que deve ser feito porque reunir e poder buscar a transformao no s de algum espiritual, mas uma transformao no mundo uma transformao que social, poltica e econmica.
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