O Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade (ICMBio) informou hoje (30) que vai apurar as causas das mortes de botos em Tef, no Amazonas.
Desde a ltima segunda-feira (23) at ontem (29), o Instituto de Desenvolvimento Sustentvel Mamirau registrou a morte de mais de 100 mamferos aquticos como o boto vermelho e o tucuxi, que viviam no lago.
At o momento, as causas no foram confirmadas, mas h indcios de que o calor e a seca histrica dos rios estejam provocando as mortes de peixes e mamferos na regio. O ICMBio disse que j mobilizou para a regio equipes de veterinrios e servidores do seu Centro de Mamferos Aquticos (CMA) e da Diviso de Emergncia Ambiental, alm de instituies parceiras para apurar as causas dessas mortes.
“Protocolos sanitrios foram adotados para a destinao das carcaas. O ICMBio segue reforando as aes para identificar as causas e, com isso, adotar medidas para proteger as espcies”, informou o ICMBio.
Diante do cenrio, ontem (29), o Instituto de Desenvolvimento Sustentvel Mamirau lanou um alerta populao que mora nas proximidades do Lago Tef para evitar o contato com as guas do lago e o uso recreativo. Segundo o Mamirau, em alguns pontos do lago a temperatura est ultraando a marca dos 39.
Neste sbado (30), em entrevista jornalista Mara Rgia noprograma Viva Maria, daRdio Nacional da Amaznia, um dos veculos daEmpresa Brasil de Comunicao (EBC), a coordenadora do Grupo de Pesquisa em Mamferos Aquticos Amaznicos do Mamirau, Miriam Marmontel, disse que esses animais acabam atuando como sentinelas da qualidade da gua e so os primeiros a ser afetados com mudanas provocadas no ambiente.
"Eles nos deram o alerta e agora a gente tem que ficar atento a isso. A tendncia, se no mudarmos os nossos hbitos, esses eventos vo continuar acontecendo, mais aquecimento global, mudana nos parmetros climticos e eles esto utilizando um ambiente que utilizamos muito, especialmente no Amazonas. A gua para primordial para os amaznidas e essa gua, que atualmente no est propcia para o boto, tambm no propcia para o humano. Tanto para nadar, como consumir. Ento, que a gente fique muito alerta quanto a isso”, disse a pesquisadora.
“O corpo [dos animais] sente, a fisiologia sente e, certamente, os animais esto sofrendo com isso. parte do problema associado mortalidade deles”, afirmou.
“A situao muito crtica, emergencial, uma coisa inusitada. Nunca tnhamos visto algo semelhante, embora j tenhamos ado por vrias secas grandes aqui grandes na Amaznia, aqui na regio de Tef, mas esse ano, alm da seca, da diminuio da superfcie dos rios, da dificuldade dos ribeirinhos, conseguirem gua, de se deslocarem de suas casa at o rio principal, ns tivemos esse evento de uma mortalidade muito grande de golfinhos. Temos animais, o boto vermelho e o tucuxi perecendo aqui na nossa frente, em um lago que, normalmente, cheio de vida, cheio de gua e os animais esto encalhados na praia ou boiando ao longo do lago”, completou.
Em nota, o instituto, que atua na promoo do desenvolvimento sustentvel e para a conservao da biodiversidade, disse que vem trabalhando para identificar as causas da mortandade extrema desses animais, realizando aes de monitoramento dos animais ainda vivos, busca e recolhimento de carcaas, coletas de amostras para anlises de doenas e da gua, e “monitoramento das guas do lago, incluindo a temperatura da gua e batimetria dos trechos crticos.”
As aes so realizadas em parceria coma prefeitura de Tef, o Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade (ICMBio) e a Defesa Civil. Para tentar diminuir os danos, entre hoje (30) e domingo (1.), ser realizada uma ao emergencial para a retirada dos animais ainda vivos.
“A partir desse final de semana vo chegar equipes que vo nos dar apoio e com experincia em resgate de cetceos vivo para que ns possamos capturar e resgatar alguns dos animais ainda com vida, analisar a sade, o sangue, alguns parmetros vitais dos animais para entender melhor o que est acontecendo. E a partir da tomarmos decises do que fazer com esses animais, como melhorar a situao deles, se possvel fazer alguma coisa para que eles no continuem perecendo aqui no lago”, disse Miriam.
Agncia Brasil
