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13/08/2023 s 08:00 22493f

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Yann falou sobre o processo de adoo, a vivncia com os garotos e deu dicas para quem deseja fazer este ato de amor j332e

Paulo Henrique Fanaia

Especial Dia dos Pais: Yann e os filhos mostram que o amor vai al

Foto: Arte Leiagora/Arquivo pessoal

Aos 36 anos, o cuiabano Yann Dieggo j tinha uma vida boa.Porm, sempre sentiu que ainda faltava algo.Foi quando surgiu a vontade de ser pai.De imediato, o advogado e professor de Direito daUniversidade Estadual de Mato Grosso (Unemat)foi at o Frum e iniciou o processo de adoo, que mudaria sua vida.

Por ser um homem solteiro e membro da comunidade LGBTQIA+, oprocurador do municpio de Campinpolis,que sempre militou nas causas humanitrias, pensou que iria encontrar empecilhos durante o processo, mas foi surpreendido de forma incrvel ao conhecer os personagens que o ajudariam pelos prximos trs at, enfim, conhecer a felicidade plena.

Foi em Betim, no interior de Minas Gerais, que Yann encontrou
em 2021os pequenos Kau Hector, de 11 anos, e Kaio Lucas de 8. Hoje, o trio inseparvel forma uma famlia cheia de amor e carinho, que vence todos os dias os percalos do dia a dia.

Neste Dia dos Pais, Yann tirou um tempinho da sua agitada rotina de advogado criminalista, procurador, professor universitrio e pai de dois para conversar com o Leiagora e contar um pouco sobre a histria de amor com os filhos. Em uma conversa descontrada, Yann falou sobre o processo de adoo, a sua vivncia com os garotos e, claro, deu dicas para quem deseja seguir este ato de amor que adotar.

Confira a entrevista na ntegra:

Leiagora - Voc sempre teve o sonho de ser pai?

Yann Dieggo - Sim, eu sempre tive vontade. As pessoas me fazem essa pergunta como se fosse um sonho e eu sempre pontuo que uma vontade. S que uma vontade que no tem volta. A partir do momento que voc leva adiante, no tem um caminho que voc pode falar: “eu no quero mais”, porque na hora que voc a pelo processo voc no tem como negar a criana, no querer a criana. Depois que voc tem interesse e comea a ar pelas entrevistas, pelos direcionamentos das crianas, no tem como voltar atrs. No uma roupa que voc adquire e enjoa, no tem como fazer um juzo de valores: “Ai, eu no gostei por causa disso ou daquilo”. Ento foi uma vontade que eu levei adiante e segui at o final.

LeiagoraE essa vontade surgiu quando?

Yann Dieggo - Na verdade a gente vai envelhecendo e voc vai sentindo a necessidade de experimentar, ter novas experincias. Mas assim, no foi nenhuma questo de presso, nem minha, nem social, para ter filhos. Mas foi de uma questo de experincia mesmo.

Leiagora - Quando comeou o processo de adoo?

Yann Dieggo - Eu achei inicialmente que a gente fazia o cadastro e depois ia nos orfanatos, via as crianas e a comeava a negociao. Depois que eu fiz a habilitao eu vi que era totalmente diferente. Depois da habilitao no frum, voc vai para um cadastro nacional e l o sistema joga voc para o perfil que voc preencheu. Ento, para mim, foi muito rpido porque eu escolhi crianas que quase ningum quer que a faixa etria de 5 a 11 ano. Eu no restringi Mato Grosso, coloquei o Brasil inteiro. Eu s fiz a restrio de idade e sade porque como eu sou sozinho e no dava para adotar crianas com algum problema de sade, porque j ia depender mais do que uma criana j depende.

Leiagora - Voc comeou o processo de adoo em que ano?

Yann Dieggo – Foi em 2018. Foram quase uns trs anos de processo. O que demorou na verdade no foi o processo em si no frum para saber se eu podia ou no ir para o CNA que o Cadastro Nacional, isso durou l tipo um ano. O que demorou foi que estavam tendo um problema de me inserir no CNA. Mas no atribuo
issoao frum, foi um problema do sistema mesmo. A acabou que o frum teve que fazer isso manual. Mas depois que me inscreveram no CNA imediatamente j me ligaram por causa dos perfis das crianas que eu selecionei.

Leiagora - Por ser um homem jovem, solteiro e membro da comunidade LGBTQIA+ voc sentiu algum tipo de preconceito durante o processo de adoo?

Yann Dieggo - No senti nenhum. Quando eu fui na primeira entrevista virtual, por causa da pandemia, eu expliquei isso, falei da minha condio, porque eu no sabia se estava no relatrio do CNA, se chegaram a comentar para o pessoal da Casa Lar. Claro que no tinha essa informao, mas que tambm no tinha nenhum problema. At quando eu fui buscar as crianas eu perguntei se eles tinham comentado, se eu deveria falar. A me falaram uma coisa at interessante: “Yann, esse um tipo de informao que para eles igual voc chegar e perguntar se o cu azul. No faz diferena”. Ento eu no senti nenhuma dificuldade em razo da sexualidade, muito menos em razo de ser solteiro.

Muita gente pensa: “Mas como voc conseguiu se solteiro?”. No tem nenhuma dificuldade porque na hora que voc vai fazer o processo de habilitao, a assistente social e o psiclogo vo na sua casa para estudar a sua realidade, ver a ambientao, entrevistar, te explicam o que vai mudar e voc s tem que ir atrs de uma rede de apoio, seja bab, seja famlia.

Leiagora - Como foi para eles o processo de adaptao?

Yann Dieggo - Eu tive alguns problemas com adaptao, principalmente no fato de trabalhar em dois lugares. Eu optei pelo domiclio deles ser em Barra do Garas porque tem mais estrutura, escola. Descobri depois que o mais novo tem TDAH. Ento, tem um reforo, psiclogo, esses acompanhamentos. Quando eu ia para Campinpolis a eles meio que desobedeciam a bab. s vezes no queriam ir pra aula, o mais velho no queria comer, fazia algumas rebeldias tentando chamar ateno porque eu no estava ali. Ento eu tive algumas dificuldades nessa adaptao, mas eles sempre me respeitaram. O pessoal da Casa Lar sempre me falava: “so dois anos pra adaptar”, mas a como eu tenho ansiedade eu fico querendo j consertar tudo e o nosso tempo no o mesmo deles. Mas eles j esto bem pertencidos. Essa a palavra que eles usam muito quando se trata de adoo: “pertencimento”. Os problemas que eu tenho hoje so mais na questo da idade, adolescncia, so coisinhas pequenas.

Leiagora - Sobre a questo da sua sexualidade, voc j sentiu que eles sofreram algum tipo de preconceito na escola, com os coleguinhas ou algo assim?

Yann Dieggo - Nunca me relataram. Eu sempre tratei esse assunto de forma muito natural, eu nunca sentei com eles pra explicar o que , mas sempre tentei introduzir esses assuntos de forma natural. Quando s vezes chamam com algum coleguinha de “viado” eu chamava ateno falando que “viado” no xingamento. O meu namorado por exemplo, quando ele est vindo eu falo: “meu namorado est vindo”. Eu no fico de muita explicao do bvio. Com os coleguinhas deles tambm quando vo l em casa eu nunca cheguei a falar, mas eles sabem. Eu trato muito bem os amigos, os pais, eu mando mensagem pros pais autorizando a dormir l em casa ou se os meus podem dormir l na casa deles. Ento eu nunca vi nenhum problema com relao a isso. O mais velho, por exemplo, na rua ele j contou que foi adotado, eu mesmo no contei. Ele no tem vergonha disso. Na hora que os amigos perguntam: “quem aquele ali?”, “ meu pai”. Mas eles no me chamam de pai ainda.

Leiagora - O que era a sua vida antes e o que a sua vida hoje depois da chegada dos meninos?

Yann Dieggo - Eu sinto que eu tinha muitas responsabilidades profissionais e hoje eu tenho tambm responsabilidades afetivas, um vnculo maior. Ter que voltar para casa porque eu tenho a quem proteger e quem cuidar. Muda um pouco a sua percepo de mundo, voc comea a entender um pouco mais sobre como voc foi como filho e tambm entender como voc deve tambm cri-los. No necessariamente projetar o que foi com voc. Tem tambm que entender que eles esto num processo novo, assimcomo pra mim para eles.

Leiagora - Voc quer mandar algum recado para os pais neste dia?

Yann Dieggo - O recado que eu daria para quem tem dvida sobre adotar: que tambm olhe para as crianas que j esto em idades maiores. A dificuldade da adaptao ela vai ter, mas isso no impede o sucesso da adoo no sentido de que essa preferncia por recm-nascidos, ela mero capricho quando existem crianas dispostas a serem adotadas. A transformao a mesma do que essa busca apenas por bebs. Essas preferncias e essas discriminaes aleatrias acabam impedindo crianas de fazerem parte de uma famlia e de serem felizes.
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1 comentrio 403t38

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  • Ubiracy Oliveira Souza 13/08/2023 s 00:00

    Sou tio biolgico do Yann, tudo que ele disse posso confirmar, pois com a maior honestidade e sinceridade que ele cuida dessas crianas, inclusive j aram frias em minha casa e nos demos muito bem, parabns Yann, continue sendo esse menino de muitas qualidades...

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