Os brasileiros que fumam destinam cerca de 8% da renda familiar per capita (por indivduo), mensalmente, para a compra de cigarros industrializados. O gasto mensal chega a quase 10% da renda entre os fumantes na faixa etria de 15 a 24 anos, atingindo 11% entre aqueles com ensino fundamental incompleto. Os dados constam de pesquisa do Instituto Nacional do Cncer (Inca).
Quando se mede o gasto entre as regies brasileiras, a Regio Centro-Oeste tem com Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal gastos de 6% cada. Enquanto que Mato Grosso e Gois alcanam 9% cada. No Sudeste, Rio de Janeiro e Minas Gerais apresentam gastos em torno de 8%, enquanto So Paulo e Esprito Santo atingem 7%. Na Regio Sul, Paran e Rio Grande do Sul registram 8% de gastos com cigarros e Santa Catarina, 7%. Nas regies Norte e Nordeste concentram os maiores gastos com o tabagismo, sendo o Acre o estado com o maior comprometimento de renda 14%, seguido por Alagoas 12%, Cear, Par e Tocantins 11% cada.
Andr Szklo informou que essa contribuio derivada de duas variveis: quanto a pessoa est gastando em mdia, naquele ms, com cigarro, e o rendimento mdio dos domiclios daqueles estados onde h um morador fumante. “No necessariamente vai ser o mesmo (gasto) para todos os estados. Porque tem a relao de quanto voc gasta e o rendimento mdio do domiclio daquele estado, per capita’. Por exemplo, quando se nota que Mato Grosso do Sul tem contribuio menor, isso pode ser em funo tanto de um rendimento maior domiciliar entre as famlias que tm pelo menos um fumante, como tambm um gasto proporcional menor desse fumante de Mato Grosso do Sul, no necessariamente porque ele est comprando menos cigarro, mas tambm pelo preo que est pagando pelo produto.
“De maneira geral, a variao maior ocorre no rendimento e no tanto no gasto. Para pessoas que tm escolaridade mais baixa, que moram em estados ou regies em que a renda mdia menor, o gasto com cigarro acaba tendo uma contribuio relativa maior”, destacou, em entrevista Agncia Brasil, o mdico Andr Szklo, um dos autores do estudo, realizado pela Diviso de Pesquisa Populacional do Inca. Por isso, entre os fumantes de baixa escolaridade, o comprometimento do gasto com cigarro, em funo da renda domiciliar per capita do domiclio onde reside, maior do que entre fumantes que tenham escolaridade mais elevada.
A mesma coisa ocorre em regies do pas. No Norte e Nordeste, onde a renda mdia menor, comparada com o Sudeste e Sul, o comprometimento do gasto com o cigarro acaba sendo maior tambm, indicou Szklo. Por sexo, o percentual alcana 8% para os homens e 7% para as mulheres.
Preo mais barato
O pesquisador do Inca lembrou que Mato Grosso do Sul faz fronteira com o Paraguai, porta de entrada importante para cigarros que no pagam imposto, os chamados ilegais, cujo preo menor do que o do produto legal. Depois do Paraguai, o Brasil o pas que tem o cigarro mais barato das Amricas. “Desde 2017 que a gente tem uma queda real, isto , j descontada a inflao, do preo do cigarro legal brasileiro. um cigarro muito barato”. No gasto analisado pelo Inca, est includo o gasto com cigarro legal e ilegal.
Como se consome um cigarro muito barato no Brasil, Andr Szklo disse que isso leva a pessoa a no parar de fumar e, tambm, que adolescentes e jovens, principalmente, acabem sendo motivados e conduzidos a comear a fumar, estimulados pelo preo muito baixo. O pesquisador alertou que o gasto com cigarro que est comprometendo a renda domiciliar poderia ser aproveitado de outra forma, como no consumo de alimentos saudveis ou investindo em atividades de lazer, fsicas, esportivas, de preveno de uma srie de doenas. Mas, ao contrrio, ele est sendo direcionado para o consumo de cigarros.
Com Agncia Brasil