Nascido em 1977 na cidade paranaense de Ubirat, Marcos Ritela mudou-se para Mato Grosso em 1978, ano em que o pai do garoto embarcou toda a famlia em um caminho 'pau de arara' para tentar a sorte em solo mato-grossense. A famlia de Marcos se instalou na cidade de Cceres (212 km de Cuiab), local onde o jovem ou a infncia e a adolescncia. Desde cedo o garoto vendia picol para ajudar na economia de casa. Tambm trabalhou em algumas cooperativas e supermercados.
H cerca de 20 anos, o jovem Marcos Ritela recebeu um chamado da igreja e se tornou pastor evanglico, misso que ele levou a srio e com ela j visitou 20 estados brasileiros e pregou em 17 pases mundo fora. S nos Estados Unidos, o pastor da Assembleia de Deus j foi quase 30 vezes para, de acordo com ele, resgatar pessoas.
Conhecido atualmente como Pastor Marcos Ritela, ele concorre pela primeira vez a um cargo eletivo pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Na disputa ao governo do estado de Mato Grosso, Ritela conversou com o Leiagora e contou como surgiu a ideia de se candidatar a um cargo to disputado no meio poltico e aproveitou para falar sobre suas bandeiras de campanha.
Ele rejeita o rtulo de “o candidato dos evanglicos” e afirma que vai buscar o voto do pblico fora da bolha conservadora. Fala tambm quais so seus planos para sade, educao, segurana pblica e o que o difere dos demais candidatos ao governo do Estado.
Leiagora – Primeiro, ns queremos conhecer a sua plataforma de governo e o que diferencia o senhor dos outros candidatos?
Marcos Ritela - A gente est ingressando na poltica agora. Nunca fui candidato, desde a eleio ada j havia um pedido, a gente tem muitos amigos em todas as classes sociais, em todas as idades, a gente senta com o ancio, com a criana, com o jovem, com o adolescente, com o rico, com o pobre e um pedido, ns sabemos, que um pedido da poltica de uma mudana, de uma renovao, porque ns temos uma poltica desgastada, uma poltica corrompida, uma poltica velha.
Por que a poltica velha? Ns chamamos do toma l e d c, e o nosso governo vai ser um governo diferenciado. Sempre tenho falado do nosso governo, vai ser um governo tcnico. No vai ter nenhum tipo de negociao, principalmente se formos no segundo turno, algum, um candidato eleito ou algum: 'pastor, eu vou te apoiar, mas voc me d a secretaria? Me d a pasta?'. No, no vai ter nenhum tipo de negociao. Ns vamos fazer uma poltica limpa, sria, honesta, sem corrupo, transparente.
E quem conhece o pastor Marcos Ritela, nos 141 municpios sabe da nossa integridade, sabe quem o pastor Marcos. Eu no vou jogar o meu nome que demorou anos pra eu adquirir, um nome diante da sociedade, um nome, uma integridade fora, por causa da poltica. Ns vamos fazer uma poltica limpa, uma poltica verdadeira. Ns no estamos aqui pra tudo pelo poder, tudo pra ganhar, pela vitria. Como diz alguns candidatos: 'se for possvel eu fao pacto at com o Diabo'. No, ns no fazemos nenhum tipo de pacto, nenhum tipo de aliana. Esse o diferencial. Vamos fazer a diferena.
Leiagora - A sua base de apoio focada no pblico conservador e no pblico evanglico. Como o senhor pretende sair dessa bolha e falar com outros eleitores?
Marcos Ritela - Essa questo uma questo que algum olha dessa forma: 'o pastor Marcos Ritela o pastor dos evanglico, o candidato dos evanglicos'. S que a que h um grande engano. Porque hoje, o que ns estamos vendo, a direita de Mato Grosso, o bolsonarista do Mato Grosso nos abraou de uma maneira onde ns estamos com cinco, seis telefones atendendo praticamente que 24h por dia pessoas nos procurando, declarando o apoio. Servidores pblicos declararam o apoio, acredito que 80% dos servidores pblicos do estado hoje. Ns estamos reunidos com a rea da segurana, rea da sade, da educao declararam apoio. Todo dia recebemos mensagens, ligaes, todo dia declararam apoio. Eu estive reunido com a classe empresarial, o agro por exemplo, t fazendo conferncia com o agro.
Ns no temos condies de viajar os 141 municpios, muito pouco espao. Fazendo conferncia eu estou impressionado como que essas pessoas nos abraaram. Ento, hoje eu sou o candidato do povo mato-grossense, no tenho nenhum problema. Eu acho que essa questo j foi quebrada. Essa questo a j no existe mais, 'o pastor do nicho dos evanglicos'. No. Eu sei que os meus irmos, o meu povo que eu viajei nos 141 municpios levando a palavra, abenoando eles, tenho uma amizade muito grande com esse povo que me abraou, est comigo. S que hoje, o povo fora desse nicho me conheceu, est me conhecendo e j me abraou e sabe que no vou ter dificuldade pra governar porque eu vou governar o povo de Mato Grosso. Eu no vou governar s os evanglicos. Se fosse pra eu governar os evanglicos eu estaria l na igreja como pastor. Eu vou governar Mato Grosso. Ento, eu acho que esse paradigma j foi quebrado.
Leiagora - Vamos falar agora sobre tpicos especficos. Quais so suas propostas e planos para a sade pblica do estado?
Marcos Ritela - A sade ns temos que descentralizar. Eu recebi hoje mesmo algum dizendo que tem que sair l de Vila Bela, vir pra Cceres, 300 km, pra fazer uma hemodilise. Isso um absurdo! Ns temos que construir grandes, ampliar na verdade, todos os hospitais das cidades polo, como Pontes e Lacerda, Juna, Cceres, Rondonpolis, Sinop, Alta Floresta e outras cidades polo.
Ns no podemos deixar um paciente sair, como algum me procurou, l de Sinop pra fazer uma radioterapia, teve que vir para Cuiab. Chegou aqui, o equipamento estava em manuteno, ficou uma semana, voltou sem fazer.
Ento ns temos que ampliar em tecnologia, infraestrutura, em pessoas, em gente, em ser humano, capacitar, pra pessoa no andar 300, 400, 500 km pra fazer um tratamento, uma cirurgia, ou seja, o hospital que nem Pontes e Lacerda, tem que fazer uma cirurgia, tem que fazer uma hemodilise, no pode vim pra Cuiab.
Ento, a sade algo primordial que o ser humano precisa, faz parte da dignidade do homem. Pessoas esto morrendo mingua enquanto o atual governo pega o avio qualquer hora do dia e da noite e vai tratar nos melhores hospitais de So Paulo.
Eu quero construir uma sade pra eu me tratar, pra minha filha, pros meus netos, pros meus amigos chegar e ter condies. Se morrer, todo mundo, todo homem vai morrer, mas vai morrer com dignidade, pelo menos foi tratado, ou pela cirurgia. As filas de cirurgia so um absurdo! Ento, a gente vai focar na sade desses hospitais bsicos, os hospitais polos, ampliar pra que possam fazer cirurgia e atender a populao que merece isso.
Leiagora – Quais os planos do senhor para a rea da educao?
Marcos Ritela - A rea da educao outra grande decepo. O estado uma vergonha a nvel nacional, porque o Mato Grosso hoje o 23 da educao a nvel de Brasil.
Inclusive, os trs candidatos ao governo tiveram o capricho de deixar fora do seu plano a Unemat que tem 39 polos, uma universidade histrica, uma universidade que tem sobrevivido diante de tanta dificuldade, no tem um investimento. Simplesmente, o governo abandonou, queria fechar como o que d a entender que o governo que quer fechar a Unemat, como fechou algumas escolas, fechou algumas delegacias, o governo do caos, o governo do fecha tudo. No fechou s o comrcio, o lockdown, no fechou s as igrejas, fechou vrias entidades, fechou colgio, fechou delegacias.
Eu fui informado, no busquei a pesquisa, mas fui informado na regio de Cceres que fechou 17 delegacias, um absurdo! O governo do fecha tudo. Ento ns temos que investir nas universidades, investir em cursos profissionalizantes, cursos tcnicos, temos que tirar o jovem, a criana da favela, colocar ele integral em um curso, dar oportunidade, porque o povo merece isso, o povo precisa disso.
Leiagora - Quais os planos do senhor para a segurana pblica?
Marcos Ritela - Segurana pblica outro grande problema, um caos. Ns estamos vivendo um momento difcil, hoje tem mais de, eu vi uma reportagem, mais de 20, parece que 30, no sei, 1.000 faccionados no estado do Mato Grosso. Todas as faces do Brasil j esto implantadas. Tem que fazer uma fiscalizao severa, a tecnologia hoje algo muito importante, ns temos que equipar, fazer concursos, a nossa segurana pblica hoje no suficiente, os policiais, t faltando policiais nas ruas, t faltando fiscalizao, t faltando equipamentos, ns vamos trabalhar pra suprir essa necessidade, fiscalizar com mais rigidez pra eliminar esse tipo de coisa que t acontecendo.
Leiagora - Aqui no estado ns temos a situao das fronteiras e o problema das drogas. Como que o senhor pretende fazer esse combate na fronteira?
Marcos Ritela - A fronteira um grande problema que vem h dcadas. um problema tambm federal, um problema nacional. A questo da fronteira no uma questo do estado, s que o estado no pode cruzar os braos. Eu me lembro muito bem que teve uma poca que quem comandava a fronteira era o exrcito e pra ir pra Bolvia, ningum entrava na Bolvia sem fazer uma averiguao, documento, como que est a situao.
Ento, ns temos que, depois que veio o governo Lula foi tirado o exrcito da fronteira. Hoje ns temos o Gefron, que uma polcia fantstica, faz um trabalho fantstico, um trabalho muito lindo, tem batido recorde todo ano na apreenso de droga, mas ns temos que ter uma fiscalizao, temos que voltar novamente junto ao Governo Federal.
Ns temos que ver se conseguimos implantar novamente o exrcito pra que todo cidado que entra no Brasil e sai do Brasil ele a por uma averiguao. Temos que colocar tecnologia na fronteira pra saber quem que t entrando no Brasil. Tem antecedente criminal? Como que a vida desse cidado? Tem pessoas que comete um crime no Brasil, foge pra Bolvia e s vezes o Gefron t numa operao e a algum sem ser revistado, sem ar por uma averiguao. Ento ns temos que fechar a fronteira. A fronteira no pode ser uma fronteira aberta, uma fronteira livre. E ns vamos, junto ao Governo Federal, ns vamos viabilizar, vamos batalhar pra que o exrcito volte a comandar a nossa fronteira novamente.
Leiagora – Alm dessas trs reas, tem mais alguma outra que o senhor acha que prioritria?
Marcos Ritela - A infraestrutura. Se fala que construiu, construiu, construiu, mas construiu nada, no resolveu o problema. A 163 a BR da morte, morre gente toda semana na 163, uma vergonha! 'Ah, mas uma questo Federal e teve um problema com a concesso, contratou outra concesso'. Tem que resolver o governo, qual que o problema? Tem que ir junto ao Governo Federal resolver e o estado est praticamente sem nenhuma infraestrutura.
A BR-163, das cidades que esto ao lado da BR-163, est evoluindo dia aps dia, mas e as cidades que esto fora da BR-163, principalmente a esquerda da regio oeste est abandonada. Ento, ns estamos muito atrasados na questo da infraestrutura. Portos, aeroportos. Portos, podemos dizer, numa escala de zero a 10, est em 2. Em 2010 o Brasil produzia 149 milhes de toneladas. O Mato Grosso, segundo o Imea, o Instituto Mato-Grossense de Agropecuria, em 2030 o Imea disse que Mato Grosso vai produzir o que o Brasil inteiro produzia em 2010. Ento, mesmo com ferrovias, hidrovias ns vamos ter dificuldade pra fazer esse remanejo. Ns temos, por exemplo, de Sinop a Itaituba ns vamos diminuir muito o custo, vai baratear o produto, vai ter mais agilidade, mais rapidez. Essa ferrovia t em estudo ainda, tem que viabilizar junto ao Governo Federal, ver o que t acontecendo pra sair essas ferrovias, no s na regio do norte, mas tambm olhar l pro Vale do Araguaia, pro oeste, olhar l pra 174, aquela BR que sai de Machadinho do Oeste que a por Cotriguau, Juruena, Colniza, tem que investir em infraestrutura. A infraestrutura ela tem que andar, porque ns vamos chegar numa situao que produz e no vai ter como escoar esse produto. Mato Grosso o estado que mais cresce no Brasil hoje.
Leiagora - No seu plano de governo, o senhor fala em reduzir impostos como o IPVA e o ICMS, s que de forma gradativa. Como possvel fazer isso sem afetar a economia do Estado?
Marcos Ritela - Essa questo dos impostos, nosso estado ele foi muito bombardeado. O Brasil hoje o pas, um dos pases que mais se cobra imposto no mundo e o Mato Grosso um dos estados que mais se cobra imposto no Brasil. Como que uma empresa ela vai se instalar no Mato Grosso se ela no tem nenhuma segurana jurdica? Essa empresa vem, ela fica em Campo Grande, ela fica em So Paulo, ela fica em outra regio do Brasil e no consegue se instalar porque no tem nenhuma segurana jurdica.
Esse governo nosso foi uma decepo, amanheci um dia eu vou subir o imposto hoje e subir o imposto e subia. A questo do IPVA ns estamos fazendo um estudo. Antes de finalizar o estudo ns j chegamos a uma concluso, o IPVA do estado do Mato Grosso ele vai ser pago na compra do veculo. Quando o cidado compra o veculo ele vai pagar o IPVA, depois ele no vai pagar mais IPVA. Voc vai observar aqui no nosso estado, agora tem a placa Mercosul e est mais difcil pra voc detectar, mas quando a placa era normal voc podia observar que todas as locadoras do Mato Grosso, a placa era de Belo Horizonte. Por qu? Porque o IPVA mais barato. Todas as transportadoras do Mato Grosso, a placa de Belo Horizonte porque o IPVA era mais barato. Todas as empresas de turismo, frotas de caminhes, a placa de Belo Horizonte. Agora o cidado ele vai comprar o veculo, ele vai pagar o IPVA no dia da compra. Seja novo ou usado. Depois ele no vai pagar mais. Que que vai acontecer? Todas as empresas locadoras, todas as frotas de caminhes, todas as transportadoras, todas as empresas de turismo vai se instalar no Mato Grosso. Ento ns vamos fomentar a economia. Se instalando no Mato Grosso vai comprar o veculo aqui, comprando esse veculo vai gerar imposto, vai gerar dinheiro pro caixa do governo. Vai ter o emplacamento desse veculo, vai ter o seguro obrigatrio, vai ter o licenciamento o IPVA. O que ns vamos perder, ns vamos arrecadar muito mais. Ns no vamos perder, ns vamos ganhar.
Ento, esse estudo nem finalizou, s que eu j t dizendo publicamente aos jornais, j estou abrindo, dizendo que nos primeiros meses do meu governo, eu vou enviar esse projeto pra AL e eu tenho certeza que todos os deputados vai ser unnime, vai esse projeto e o cidado mato-grossense vai ser o nico estado do Brasil que vai pagar o IPVA s na compra, assim como nos Estados Unidos e nos pases de primeiro mundo.
