O aumento do fluxo de veculos de carga nas rodovias no s do Estado de Mato Grosso, mas do pas inteiro, tem demandado uma fiscalizao mais intensiva das foras de segurana. Entretanto, o principal responsvel pelas rodovias a Polcia Rodoviria Federal (PRF). Diante disso, o superintendente da PRF em Mato Grosso, Francisco Elson Lucena, falou como o rgo tem trabalhado para manter o trfego nas vias com baixos ndices de acidentes e mortalidade. Conforme Lucena, a principal estratgia tem sido se alinhar com os aparatos tecnolgicos, alm da parceria com outras foras de segurana.
H trsanos e meio no cargo, Lucena declarou que est no final de seu ciclo como fronte istrativo da instituio, e no se intimida ao afirmar que est entregando uma PRF melhor do que a que lhe foi entregue. Sem se queixar dos obstculos encontrados pelo caminho, Lucena agradece pela nomeao e torce para que o prximo comandante do rgo realize tantas transformaes positivas tanto quanto ele.
Leia abaixo a entrevista na ntegra:
Leiagora- Como o senhor avalia a atuao da PRF aqui em Mato Grosso?
Superintendente Lucena -Tem melhorado de forma bastante significativa. Ns estamos utilizando de ferramentas de gesto e isso nos trouxe uma nova abordagem de planejamento prvio. Com isso a gente est otimizando nossos recursos humanos e financeiro. Ento, existe por parte da polcia, como um todo, no pas todo, um investimento em tecnologia. Isso nos deu um aprimoramento e uma capacidade de assertividade maior.
Investimos tambm na capacitao. Todos os gestores e policiais da ponta esto recebendo capacitao intensa. Os prprios policiais que aqui esto ingressando j vem bem preparados, aram por uma academia. Porque agora ns temos uma academia e isso tem nos ajudado bastante. Os investimentos, os recursos aplicados aqui na regio, por ser uma regio de fronteira, ser uma regio portal da amaznia, por ser um grande produtor de alimentos, que tem impacto nacional, teve um olhar especial do departamento para alocar recursos em dirias, novas viaturas, obras, investimentos estratgicos como rdio digital.
uma linha pela qual ns atacamos a criminalidade, atacamos tambm a segurana viria e tambem fazemos um trabalho de conscincia social para que populao entenda o trabalho da polcia, que nao s multar. Vai muito alm disto.
Leiagora- Nas rodovias, qual o principal foco?
Superintendente Lucena -Ns somos hoje uma rodovia de pouco mais de 5 mil quilmetros, mas ns temos mais de 30 mil quilmetros de rodovias estaduais. Ns temos uma imensa capilaridade. Considerando as vias de o municipais, ns temos um contexto de 150 mil quilmetros de estrada no estado. O estado gigante, enorme, o maior produtor hoje de alimentos, de soja, milho. Tem a tendncia de crescer ainda mais. Temos riquezas naturais como floresta, como minerais, temos tambm o contexto da fronteira. Temos apenas 141 municpios, e desses 141 municpios, sabemos que a PRF est presente, de forma direta e indireta, em mais de 60%.
Isso nos traz uma responsabilidade, porque muitas rodovias hoje so as principais avenidas de uma cidade. Mato Grosso ainda carece de infraestrutura adequada para adequar esse grande desenvolvimento. Ento, as necessidades hoje elas esto um pouco distantes do que o estado vem provendo. Uma infraestrutura adequada, estradas duplicadas, com rotatrias.
O desafio da PRF tem sido cada vez maior, especialmente no quesito da acidentalidade e letalidade. Ns temos buscado parceria junto com as foras de seguranas, seja de nvel municipal, estadual e tambm federalm para que possamos enfrentar, especialmente, esse grande fluxo de caminhes de carga que est ocorrendo devido ao desenvolvimento socioeconmico.
Leiagora- Mato Grosso faz fronteira com a Bolvia… como essa proximidade influencia nas ocorrncias? A gente pode dizer que Mato Grosso uma rota do trfico, do roubo de veculos?
Superintendente Lucena -O Mato Grosso, infelizmente, acaba sendo um estado de agem e acaba tambm retroalimentando o crime. Por exemplo, ns temos aqui roubos frequentes de veculos utilitrios que servem como moeda de troca na Bolvia. Todos os dias eles [criminosos] mudam a parte operacional. Inicialmente, roubavam e levavam direto, hoje, no. Mantm a famlia presa at que esse veculo chegue do outro lado.
Ento, isso acaba escalonando a violncia, porque poderia ser uma ocorrncia s de um bem material, mas agora est colocando em risco a vida das pessoas. O crime organizado est fazendo uma estruturao cada vez mais organizada, ento ns precisamos cada mais melhorar as nossas atuaes, seja com tecnologia, compartilhamento de informao ou capacitao dos nossos policiais.
Ns sofremos com a capilaridade. So quase 900 quilmetros que, de certa forma, quase humanamente impossvel voc estar em todos os pontos. Ento, o desafio dirio gigante. Por outro lado, essa faixa de fronteira est criando um desenvolvimento. O Vale do Guapor um exemplo clssico. Ali, o agronegcio chegou e est transformando a regio. Tanto o agronegcio, como tambm a questo da pecuria muito intensa, estruturada, e ns temos uma proximidade [territorial]. Ento, essas famlias sofriam constantemente vandalismo ou mesmo furtos e roubos na sua propriedade. H necessidade de o Estado estar cada vez mais presente na fronteira para apoiar esse desenvolvimento, essa populao que est ali margeando.
Inclusive, recentemente, tivemos uma manifestao na 070, ali no Vilarejo Limo, onde a populao pedia que todas as foras de segurana tivessem uma postura mais incisiva para combater esses furtos e esses roubos, que bem prximo ali, a 50 - 30 quilmetros. O Gefron [Grupo Especial de Fronteira] vem fazendo um trabalho excelente. A polcia rodoviria est reaparelhando. Esse no um trabalho somente de uma instituio, deve ser um trabalho de integrao, compartilhando informao, tecnologia, para que possamos fazer frente essas novas demandas.
Leiagora- Quais so os veculos preferidos dos criminosos? Por qu?
Superintendente Lucena -Hoje a Hilux o top de linha. a queridinha do sistema. Hoje ns percebemos que, com a evoluo da indstria automobilstica, no tem muita preferncia. As caminhonetes so preferncia pelas estradas, j os veiculos utilitrios servem no s para eio, mas tambm para atender a demanda dos pequenos proprietrios, pequenos comerciantes e at mesmo os traficantes que utilizam esse veculo para transportar algum tipo de insumo para produo de drogas.
Em razo disso, a gente tem observado com frequncia que a ttica do crime organizado tem mudado. s vezes eles furtam, mantm o veiculo retido por um perodo aqui na cidade, para que depois eles faam mudanas nas caractersticas [do veculo] para lev-lo. Isso tem sido uma prtica cada vez maior. Ento, a gente vai ter que se adpatar a esse novo tipo de metodologia que o crime est impondo.
Leiagora- Alm da Hilux, quais outros veiculos so visados?
Superintendente Lucena -As caminhonetes como a Amarok, espcialmente veculos altos. Hilux, SW4, veiculos altos que facilitam a travessia em estradas que so praticamente cabriteiras, estradas que nao tem infraestrutura. So veiculos altos que facilitam a vida do cidado boliviano para se movimentar nas estradas de pssimas condies.
Leiagora- Quantos agentes esto lotados hoje? O que ainda necessario de estrutura?
Superintendente Lucena -Ns tivemos um projeto chamado Reestruturao da Infraestrutura, e na parte operacional ns propomos que o efetivo minimo necessrio seria de 550 [agentes]. Quando assumimos, ns estavmos com 324 [agentes]. Recebemos agora, em dois novos cursos de formao, um acrscimo, e fomos para 470 policiais. Hoje somos 470 policiais no Estado, distribudo entre 7 delegacias e praticamente 14 unidades operacionais.
A sede tem o menor efetivo j visto em toda sua srie histrica em Mato Grosso. Hoje ns temos prximo de 12%. Anteriormente, era 20%. Hoje, de todo efetivo, 12% que esta aqui na nossa sede. Isso foi graas ao investimento em tecnologia, desburocratizao, usando a ferramente do teletrabalho, eliminando o papel. tudo eletronico. Isso nos ajudou e nos fez diminuir a quantidade de servidores disposio na sede. Os processo foram mapeados, foram padronizados para que a gente no perdesse muito tempo.
Por exemplo, processo de contratao: ns temos um modelo. Processo da parte operacional, ns temos as isses. Elas foram padronizadas e criaram um ciclo de eficincia, e isso fez com que ns diminussemos bem a quantidade de policiais que ficavam disponveis, queagora so alocados nas unidades operacionais. Com isso, pudemos atender mais a demanda. O efetivo ainda 393 na ponta, o que no o ideal. O ideal seria prximo de 500.
Existe uma promessa por parte do departamento em reaparelhar a quantidade mnima. O Estado, como eu j disse, tem mais de 5 mil quilmetros de rodovias federais, mais de 30 mil quilmetros de rodovias estaduais. Temos um agronegcio punjante, que necessita da presena da fora de segurana, tanto municipal, federal e estadual, para atender esse grande fluxo de produo. Esse grande fluxo de movimentos de pessoas, e de riqueza do nosso estado, que vai servir no s para o desenvolvimento da nossa regio como tambm para o desenvolvimento nacional.
Leiagora- Tem alguma mena do gov federal no concurso para ver quanto vai aumentar de servidores?
Superintendente Lucena -O Governo Federal, ns temos um dilogo permanente, frequente com o Ministrio da Justia. O nosso diretor tem nos atendido bastante nisso. A gente tem uma agenda hoje bem estruturada, porque ns fizemos um planejamento que vem desde 2018 sendo implementado. Lgico que as mudanas esto ocorrendo, no de forma brusca, mas tem at 2023 para queo planejamentonos atenda.
Ns estamos fazendo uma reestruturao na nossa comunicao, seja ela de voz, tambm de captura de imagem. Ns estamos investindo maciamente na nossa infraestrutura dos postos. Os postos hoje recebem uma nova estrutura, inclusive para que a gente possa receber outras foras. A unidade operacional da polcia rodoviria no mais somente dela, de todas as foras de segurana. L tambm est sendo adequada para atender todas as foras de seguranas e qualquer outra instituio que queira desenvolver atividade relacionada rodovia.
Ento, ns temos hotel de trnsito, parte conveniada, auditrio para capacitar, cobertura, temos infraestrutura de telecomunicao, internet, tudo disponivel para que todos possam executar suas aes de uma forma cada vez mais eficiente. Por exemplo, o Sefaz usa nossos postos para combater sonegao e repercutiu de forma positiva.
Porque s vezes precisa levar uma quantidade expressiva de gente at para fazer a segurana. Ns fazemos a segurana e o pessoal faz o combate sonegao, cada um fazendo seu trabalho de forma cada vez mais eficiente e a polcia contribuindo no s com o Estado, como o Municipio, mas tambm com o pas para melhorar a prestao de servio para a sociedade.
Leiagora- Qual o foco da PRF esse ano?
Superintendente Lucena -Foco nesse ano terminar… em 2019, quando assumimos, ns tinhamos 32 aes para complementar, que era reestruturao istrativa, reestruturao da infraestrutura, fazer os termos de cooperao tcnica dos Estados com os Municpios. Ns precisamos terminar esse planejamento, terminar as obras. Ns estamos com 11 obras em curso. Acompanhar essas obras para que a execuo seja feita de forma correta, conforme o projeto executivo, finalizar os pactos com 35 municpios.
A Polcia Rodoviria Federal disponibilizou os rdios digitais para o Estado e tambm quer ampliar isso para o Municipio. Ns temos hoje 15 solues. Ns no temos mais talonrio de papel, tudo eletrnico. Queremos disponiblizar isso apra os municpios, chamamos de multiagncia. Queremos ampliar nossa capacidade de fibra tica, que uma complementao. Temos muito trabalho.
Ento, ns no queremos comear projetos novos, ns queremos finalizar os projetos que j iniciamos a 1, 2 anos. Acredito que o ciclo se fecha. E a ter a eleio, ter o novo governo e um novo planejamento. Mas a ideia nossa fechar aquilo que iniciamos. Finalizarmos os pactos, finalizar as obras, finalizar todas essas entregas que prometemos no incio da nossa gesto.
Leiagora- Por que a gente v motoristas ainda utilizando drogas? Falta educao da base? Onde est o problema?
Superintendente Lucena -Eu acho que tudo contribui. Por exemplo, nossa infraestrutura hoje no adequada para este tipo de trnsito. O ambiente acaba provocando um estresse acima do normal. muita parada, muito congestionamento, uma rodovia que no tem infraestrutura para receber adequadamente. Nem todos os postos tem banheiro adequado, tem ptio adequado, segurana adequada. Os postos esto muitos distantes um do outro... ento o motorista acaba dormindo em local inapropriado, se alimentando mal. Isso vai sobrecarregando o corpo humano, e ele acaba tendo um estresse... e a bebida, a droga, uma rota de fuga.
Existe tambm uma produo muito excessiva. Hoje produzimos e o caminho se torna um armazm ambulante e isso impe um ritmo alucinante de trabalho. O motorista remunerado por proatividade, ento, quanto mais ele trabalha, melhor ele ganha. Ento ele pressionado a produzir, em razo tambm dos grandes ndices de aumento de produo. Isso impe tambm maior responsabilidade para o motorista, que tem que transportar, tem que entrar no porto, tem que entregar no setor ferrovirio... chega l, cheio de fila.
Acho que o nosso motorista, especialmente, precisa de tratamento mais adequado, precisamos criar uma estrutura mais adequada, precisamos prepar-lo cada vez mais. Temos a tecnologia de simuladores para verificar se ele est bem para estar digirindo, criar instrumentos trecnolgicos, que antes dele pegar [o caminho], tem um dispositivo, um sensor tipo um bafmetro no caminho na hora que ele for embarcar, se ele esta apto ou no para dirigir.
Ento assim, tudo vai contribuir, mas isso a longo prazo. Infelizmente a gente no tem ainda empresa estruturada para fazer esses investimentos. Tem muitas empresas que tem contribudo, investido muito nisso, em razo do valor do frete. O fretre hoje no est nos melhores momentos. Ns temos aumento constante dos combustveis, pautado pelo cenrio internacional, e isso impacta na rentabilidade. E a acabam deixando de investir na capacitao, deixando de investir na condio do veculo e o motorista sempre deixado em segundo plano.
Ento, ele realmente precisa ser levado em considerao. Acho que precisa, por parte de todas as autoridades, seja ela pblica ou privada, um olhar especial pra essa classe que contribui para o desenvolvimento da nossa sociedade.
Leiagora- A gente comentou sobre a tecnologia. O que a PRF tem de potencial?
Superintendente Lucena -A Polcia Rodoviria Federal vem investindo h mais de 10 anos na tecnologia e vem se tornando a polcia tecnolgica. Ela quer ser a polcia da informao. Quer agregar vrios bancos de dados. Imagine s, eu fazer uma pesquisa no smartphone, de onde a pessoa vem, se ela tem agem, se tem mandado de priso, se teve envolvimento em acidente, multas aplicadas e qual foi o percurso dela. Isso um instrumento importante para o policial da ponta. Quando ele fizer a abordagem, ele poder dizer: “esse motorista est mentindo, ou, ele j teve problemas com bebida, ou teve problema com acidente”.
Ento, quando ele vai fazer uma aborgadem, ele tem todas essas informaes, e ns estamos trabalhando junto com as Prefeituras, com o Estado, para que ese banco de dados amplie. At reconhecimento facial... o cara apresenta documento, voc tira uma foto, faz o reconhecimento, e manda pro banco de dados para checar, de repente, se a pessoa est usando documento falso, se latrocida, homicida. A gente tem feito esse trabalho cada vez melhor. Quanto mais esse banco de dados cresce, mais mandados a gente cumpre.
Temos tirado das ruas pessoas fugitivas, pessoas que deixaram de cumprir a determino judicial. Ento, a gente tem ampliado mais de 300% o cumprimento de mandado de priso feito atravs desse instrumento tecnolgico. Ns temos buscado a tecnologia para nos auxiliar, mas a tecnologia ela pautada nos bancos de dados e os bancos de dados so pautados na integrao. Quanto mais ns formos integrados com o Estado e os Municpios, melhor ser a prestao de servio.
Temos a comunicao crtica, que a rdio digital, que a agente tambm est compartilhando com o Estado. Isso pertmite que todos aproveitem o aparelho... quando no tem o celular, eu tenho o rdio. Isso faz com que eu, daqui, converse com a fronteira, o extremo norte e at outros Estados. uma grande rede que esta sendo construida no pas e isso importante, pois ela criptografada. Inclusive a gente georreferencia e tem at velocidade do veculo da pessoa.
Ento, tem outros instrumentos que podemos utilizar como ferramente de gesto, auxiliando em que posio o veculo est, para quando tiver um chamado, a gente j no consegue olhar: “a viatura tal, conforme o rdio digital, est em tal localidade. E qual o tempo de deslocamento?” Eu j consigo traar isso. Ento, a tecnologia vem nos facildiando.
Outra coisa tambm a capacidade nossa de monitoramento. Por exemplo, um carro a por um determinado ponto e a gente vai estabeceler a rota dele. Isso permite que a gente tenha capacidade melhor de enfrentar a criminalidade e mesmo diminuir a acidentabilidade. O que isso? Se eu estou indo de um ponto a outro acima da velocidade mdia, acima de 150 [km/h], esse veiculo vai ser parado. A gente vai saber qual a razo disso e vai diminuir os acidentes graves e as mortes. A tecnologia est sendo feita nesse sentido, para melhorar a capacidade de fiscalizao e a melhoria do nosso servio.
No parar qualquer um por parar, parar aquelas pessoas que realmente devem ser paradas. E ali a gente tem todo histrico... a pessoa ja foi flagrada embriagada? Apresentou os documentos verdadeiros? Est cumprindo uma trajetria. s vezes a pessoa est sonegando imposto... ento, a gente consegueauxiliar, por exemplo, atravs do banco de dados da Sefaz. Eu acabo fazendo um trabalho para a Sefaz, para a Polcia Civil, para o TJ. Ou seja, a polcia rodoviria sendo utilizada de uma forma mais eficiente.
Ento, o recurso que a sociedade nos paga como salrio, como investimento, ela acaba tendo retorno muito maior. Hoje ns recebemos 1 real e devolvemos a sociedade mais de 100 reais. Em termos de diminuio de acidentes, letalidade e apreenso de drogas. Ou seja, ns conseguimos pagar com sobra o que investem, tanto em salrio quanto em investimentos. Ento, se a polcia fosse uma empresa, ela daria lucro.
Leiagora- Como feita essa tecnologia de monitoramento? Com satlite?
Superintendente Lucena -Ns temos BI [Businees Intelligence], o data center, onde acumulam todas as informaes proveniente dos parceiros, dos nossos pontos de observaes. Tem o BI, uma inteligencia artificial, que faz os cruzamentos, rotas, s vezes pega um caminho que tem uma emisso de nota de Sorriso Rondonpolis, mas ele est indo para Tangar da Serra. Uma rota que distoa. Pode ser que o cara s faa uma entrega... mas ele a a ser observado e pode possivelmente ser parado.
Ento, nesse sentido. Voc tem ali 18 mil veiculos ando na rodovia, quem escolher? Ns temos que pegar a tecnologia para nos auxiliar a fazer a escolha certa para que possa trazer resultados prticos na diminuio de acidentes, no combate a criminalidade. Ento, a polcia est usando isso. Mecanismos de um data center, onde acumula vrias informaes e tem uma inteligncia artificial. Hoje, por exemplo, se seu veculo for furtado e voc entrar no nosso site, colocar o sinal... ela dispara num raio de 100 km para todos os policiais daquilo que voce georreferenciou.
Isso a tecnologia em favor da sociedade. Tem um desaparecido… ontem mesmo, ns recebemos uma informao que havia uma pessoa de Senador Carnedo, um jovem com problemas psiquitricos, que pegou rumo ignorado e a fampilia estava totalmente atordoada. Lanou nos desaparecidos e ns recebemos isso. Numa fiscalizao de rotina, de madrugada, nos deparamos com um jovem cruzando a 070, sem saber pra onde ir, perdido. Ns fizemos a parada, acolhemos, entramos em contato com a famlia e mantemos o jovem, que era de maior, sob nossos cuidados, at que a famlia levasse o jovem para casa.
Ento, a tecnologia nos ajudando a ser eficientes, nos aproximando dos problemas sociais. com veiculo furtado, desaparecido, com veiculo de agem, velocidade mdia... a pessoa agindo de uma forma imprudente, ao par-lo, ele sabe que est sendo monitorado. Nosso objetivo salvar vidas e combater a criminalidade, esse o grande propsito.
Leiagora- Ainda existe o Raio X? Consegue pegar droga? Se no, vai pela inteligncia do policial?
Superintendente Lucena -Ns temos sim. Ns temos os ces, temos o expertise, temos a inteligncia artifical, o scanner… utilizamos uma infinidade, no so uma varivel, ns temos um conjunto de variveis. Esse conjunto, a cada dia, est amadurecendo, sendo incrementado com novas variveis. Isso tem feito com que a polcia se destaque na apreenso de drogas, no combate criminalidade, na reduo de acidentes. Esse conjunto estruturado, que tem uma inteligncia artifical por trs, que tem dado efetividade da PRF neste momento to imporatne para a sociedade.
Leiagora- Toda essa aparelhagem fez quanto de apreenso?
Superintendente Lucena -Ns samos de 2 toneladas para 16 toneladas nos ltimos 3 anos, um crescimento bem acentuado. Ns samos de uma apreenso de pouco menos de 3 mil a 4 mil metros cbicos de madeira para quase 10 mil metros cbicos. De mais de 500 kg de veneno para praticamente 90 mil kg de veneno. Ns samos com uma reduo de acidentes de quase 30%. Isso tem feito com que a polcia utilizasse os recursos de forma mais efetiva.
Ento ns estamos cumprindo nosso papel. Ns temos tambm trabalho social, como o Fetran, o Redatran. Ns temos o Educar e temos atendido mais de 20 mil pessoas anuais com palestras, com nossa interao. Ns temos feito combate incisivco explorao sexual de crianas e adolescentes. Ento, hoje quase no existe, nos postos de gasolina e em paradas, essa explorao como ocorria h 10 anos. No quer dizer que no exista, mas no e to descarada.
A gente tem contribudo muito com os municpios, o compartilhamento, a capacitao. Recentemente ns fizemos uma capacitao de tcnico de abordagem para a Secretaria de Trnsito, especialmente aqui pra Secretaria de Cuiab, a Semob. Fizemos j o Reuse, compartilhando aquilo que no nos serve mais, como viaturas. Redistribuindo para as universidades, para as IFMTs. Todas elas foram providas para algum municpio pelo sistema Reuse. Ns distribumos computadores que foram destinados s crianas, especialmente nesse momento de pandemia, foram reutilizados para jovens, adolescentes carentes. Queremos avanar mais, queremos ter o apoio no s da sociedade, mas da imprensa. Que divulgue nosso trabalho, para que possamos estar sempre frente das expectativas da sociedade.
Leiagora - Durante a pandemia, percebeu que houve um aumennto de ocorrncias" />
Superintendente Lucena -No primeiro momento, teve um choque. Todos agiram com muito mais senso de prudncia. Lgico que teve uma reduo drstica no atendimento de acidentes, mas ns tnhamos uma misso de manter o fluxo de insumos circulando pelas rodovias. Ento, ns fizemos um trabalho de acolhimento dos motoristas, porque algumas cidades tomaram a deciso de fechar e no prover meios para atendimento. A polcia teve ideia de abraar, colocar os postos como centro de distribuio de alimentos, de medicao, de testagem, de vacinao. Fizemos isso com outras instituies, a Sesp, Semat, as Prefeituras, o prprio Estado. Foi um mutiro de esforos, mas como ns tnhamos a capilaridade, ento a polcia se colocou disposio. Isso foi fundamental a primeiro momento, porque ningum sabia o que fazer.
Ento a polcia tomou essa vanguarda, inclusive nos comprometendo. Ns tivemos baixas… infelizmente alguns colegas faleceram em razo de estar na linha de frente, mas essa a nossa misso. E num segundo momento, ns tivemos um relaxamento e os indicadores comearam a aumentar. No aumentaram tanto, mas vinham numa mdia nacional, a gente fez algumas aes e conseguimos segurar os nmeros. Agora, com a liberao, ns percebemos uma necessidade da populao de sair, viajar, beber. Teve uma exploso nesse primeiro momento, em razo desse confinamento social.
Leiagora - Perceberam essa exploso quando?
Superintendente Lucena -Ns percebemos do final do ano ado para agora. Ns encontramos um problema srio, pessoas que no estavam preparadas para encontrar uma rodovia com tantos caminhes, especialmente em Mato Grosso. Como ns tivemos seca no sul e no sudeste, a maioria desses motoristas migraram para c. Ns tivemos uma boa produo e muitos motoristas que no conheciam o trecho vieram pra c. Ns tivemos uma exploso de quantidade de caminhes aqui, um aumento de 30 a 35%. Isso precarizou os fretes, porque os fretes caram, j no eram bons e precarizaram. Ns tivemos uma diminuio da manuteno preventiva, uma capacidade de motoristas no entendeu a situao e ns tivemos aquele momento que todo mundo queria viajar.
Ento, imagine s, eu tenho motoristas de carga que no esto preparados para conduo, concorrncia que acaba precarizando o frete, no tem manuteno e um povo vido viajar. Ento explodiu em janeiro e fevereiro, e agora estamos revertendo a situao. Tnhamos tambm outro problema: as rodovias federais no estavam ainda adequadas. Elas no so preparadas para tanto fluxo. Essas rodovias simples foram projetadas para determinados tipos de veculos e agora tm veculos superdimensionados, de 26 a 30 metros trafegando.
Agora ns fomos pegos de surpresa em razo de que no tnhamos um efetivo adequado. Ns estamos nos posicionando, e a partir de maro, a gente conseguiu baixar os nmeros para o ndice pr-pandmico. E ns estamos trabalhando para que os nmeros sejam cada vez menores. Mesmo assim, comparando o histrico de 2010 at agora, 2022, ns tivemos um aumento de 100% da frota, ns tivemos um aumento prximo de 60% da produo e ns estamos com um nmero mais baixo que 2010…. de mortes, feridos. E isso uma vitria. No so os nmeros desejveis, mas j conseguimos segurar esse touro que o trnsito.
Leiagora- No prximo feriado vai ter algum tipo de ao especial?
Superintendente Lucena -Ns temos um reforo. Ns acreditamos que no teremos condies de manter a restrio de veculos superdimensionados, porque isso represa os caminhoneiros. Como eu falei para voc, eles no tem espao adequado. Por exemplo, quando tnhamos o feriado prolongado, ns faziamos duas coisas: reforvamos o efetivo e colocvamos restrio. Ns s vamos reforar o efetivo, sem colocar restrio, porque no temos espao para segurar essa quantidade de caminhes. Segundo: ns estamos em plena safra, no temos capacidade de armazenamento. Ento, ns vamos parar aquele monte de veculo, parar por 6 horas, e depois soltar? estouro de boiada.
Leiagora- Acho que foi em 2018 que tinha fila em Rondonpolis...
Superintendente Lucena -Fila, todas essas questes. Ento, a gente deixa o fluxo diluir de uma forma tranquila. Todos os caminhes vo andar noite, sem nenhuma obstruo, nenhuma restrio por parte da polcia. A polcia rodoviria entende que, na condio que estamos hoje, sem uma estrutura adequada, no cabe uma restrio pra veculos superdimensionados. Agora, ns vamos reforar o efetivo, reforar as fiscalizaes na questo da velocidade, do freio, do cinto, do uso de lcool ou substncias psicoativas. O foco nosso evitar os acidentes e salvar vidas.
Leiagora- Como eleito o superintendente? Faa um balano da sua gesto
Superintendente Lucena -Neste governo a gente foi tcnico, foi uma escolha tcnica da qual o ministro, na poca era o Srgio Moro, e ele no queria que a indicao tivesse vis poltico e nem sindical. Ele queria que fosse mais tcnico, para que a pessoa pudesse ter mais capacidade e certeza de tomar as decises. Eu sou fbrica de cho, sempre vim da parte operacional. A experincia que tive foi 6, 7 meses como chefe de operaes. Para mim foi uma surpresa receber esse convite e com isso a responsabildiade aumentou.
Sempre fui vido pelas transformaes, focado nos resultados. A polcia precisava investir no que a sociedade pensava da gente, precisava investir em planejamento, investimento tecnolgico para que a gente pudesse cumprir de uma forma ou outra. isso que a sociedade almeja. Por isso tinha que ser tratado como uma empresa... se d resultado, se d lucro. essa viso que eu tenho da polcia.
Fazia algumas crticas e as coisas no aconteciam como deveriam acontecer. Por sorte recebi esse convite, a gente teve o apoio da bancada federal que nos proveu de recurso, trouxe condies para que a gente pudesse realizar nosso planejamento. Ento a gente props uma grande reestruturao na infraestrutura, todos os nossos postos esto ando por melhorias, investimentos, coberturas, rdio digital est recebendo o aporte.Ento a gente apostou nesse projeto, numa entrega cada vez melhor.
Existiam muitos veculos retidos nos nossos ptios. Era um processo que incomodava muito. A gente fez leiles, e leiloamos mais de 8 mil veculos... limpamos o ptio. Fazemos nosso trabalho como deve ser feito, como est na lei, e recebemos sim o apoio de muitos prefeitos, o prprio governador tambm nos apoiou, nos ajudou. O secretrio de segurana, a bancada federal, que agora recebemos um aporte de quase R$ 8 milhes e 700 [mil] para melhorar nossa infratestutura.
Eu espero que ao final desse ciclo… uma eleio, ela por um perodo. improante ter essa renovao. Isso oxigena melhor a gesto. Eu acredito que o superintendente no deve ficar muito tempo, somente uma misso. Cumpriu a misso, abre espao para uma nova misso, novo gestor, novos pensamentos. Isso natural, acho saudvel.
Meu ciclo est se fechando e fico muito feliz. Estou entregando uma polcia melhor que recebi. Espero que o prximo possa fazer o mesmo, e lgico que a gente vai estar aqui para ajudar e colaborar com tudo que for necessrio. Mas uma coisa eu digo, ningum faz nada sozinho. Acho que a juno de esforos de toda sociedade,assim como da istrao, fez com que a gente melhorasse a polcia em todo estado de Mato Grosso.