O pantanal mato-grossense vem atraindo olhares de voluntrios, ambientalistas e ONGs desde que foi palco de grandes incndios e secas severas nos ltimos dois anos. Viralizaram imagens de pessoas carregando animais para longe do fogo e distribuindo gua em locais estreis.
No entanto, a atitude dos grupos criticada por produtores rurais e entidades dos setores. Os produtores dizem que tm conhecimentos prprios e sabem como o Pantanal funciona entre perodos de seca e chuva.
Eles alegam que a interferncia de voluntrios pode afetar o ciclo natural no Pantanal.
Para o produtor rural Alcides Caetano Martins, de 67 anos, que tem uma fazenda em Pocon, h muitas discusses ambientais, mas o ‘homem pantaneiro’ tem sido esquecido.
Ele veio de So Paulo em 1982 depois de se encantar com o Pantanal. Para ele, naquela poca, os produtores tinham liberdade para trabalhar.
“Minha esperana que deem valor ao homem pantaneiro e que ele possa fazer coisas que ns fazamos antes e que no deixavam causar as queimadas. Estamos cientes de que precisamos ter o boi e a vaca, como dizem a, o ‘boi-bombeiro’. Se voc no tiver ele, isso que acontece como aconteceu em outros anos”, declarou o produtor.
O termo ‘boi-bombeiro’ veio tona em dezembro de 2020 quando a ento ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o boi o "bombeiro do Pantanal" e que, se houvesse mais gado no bioma, as queimadas e o "desastre" na regio poderiam ter sido menores.
poca, ela disse que o fato de o boi comer capim seco e inflamvel previne o alastramento do fogo.
O mesmo discurso defendido pelos produtores. Para Alcides, a ao de voluntrios e ONGs interferiu na ‘questo ambiental’ do Pantanal.
“Ns estamos com interferncia de ONGs e de, do que eu chamo, ecologeiros. Ecologista uma coisa, ecologeiro outro. Ele no conhece o que o Pantanal. Ele vai l dar gua para jacar. uma vergonha”, criticou.
O produtor diz que o ato de dar gua para o jacar durante a seca severa, no momento em que ele hibernava esperando as chuvas, confunde o animal.
“O homem pantaneiro no faz isso. Ele deixava o jacar na normalidade dele: enterra no barro, espera vir a chuva e sai para comer. Se voc joga uma gua, voc falsifica aquilo para ele. Ele vai achar que choveu, mas no tem o peixe e ele morre”, afirma o produtor.
Marcos da Rosa, segundo vice-presidente e diretor da Federao da Agricultura e Pecuria do Estado de Mato Grosso (Famato), diz que o que aumenta a degradao no Pantanal a ausncia do estado, especificamente em falta de assistncia tcnica.
“Muitas pessoas de fora, para ter um dia de notcia, divulgam coisas de maneira errada. As pessoas tm que ter respeito pelas populaes locais”, pontuou.
Nascido em Pocon, o produtor rural Cristvo Afonso da Silva, de 45 anos, critica as atuais leis ambientais. Segundo ele, as normas limitam a produo nas fazendas. Os produtores reclamam da demora na emisso de licenas ambientais no estado.
“No se pode investir, no se poder fazer nada. Voc vai privar uma regio inteira de produzir por causa de leis ambientais erradas? Ningum preservou mais como ns, com 94% [do bioma] preservado. Deixe-nos em paz, a gente sabe o que fazer”, disse.
O Pantanal Mato-grossense integra 15 municpios – Baro de Melgao, Cceres, Cuiab, Curvelndia, Figueirpolis D’Oeste, Glria D’oeste, Ititquira, Jucimeira, Lambari D’oeste, Mirassol D’oeste, Nossa Senhora do Livramento, Pocon, Porto Esperidio, Santo Antnio de Leverger e Vrzea Grande.
Todas reas juntas tem um rebanho estimado de 3,8 milhes de cabeas, segundo os dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuria (Imea).
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