A escritora HelosaTeixeirafoi empossada nacadeira 30 daAcademia Brasileira de Letras (ABL), vaga aberta desde a morte da escritora Nlida Pion, em dezembro.Recentemente,Heloisa aposentou o sobrenome famoso Buarque de Hollanda - que era do primeiro marido, o advogado e galerista Luiz Buarque de Hollanda- e ou a adotar o Teixeira, de origem materna. A solenidade de posse ocorreu na sexta-feira (28).
Foi com o novo sobrenome - que tambmganhou um lugar de destaquena tatuagem desenhada nas costas- que a escritora assumiu seu assento na academia.
O presidente da ABL, Merval Pereira, disse que “a nova acadmica foi eleita Heloisa Buarque de Hollanda e diplomada Heloisa Teixeira”.
Durante discurso, Heloisa fez questo de citar a disparidade de gnero encontrada dentro da prpria ABL."Ainda somos pouqussimas nessa casa:apenas dez mulheres foram eleitas acadmicas contra um total de 339 homens, o que reflete a desigualdade entre a eleio de homens e mulheres na ABL”. A academia foiinaugurada em 20 de julho de 1897.
Eleita com34 dos 37 votos, ela disse que entra na academia, aos 84 anos, alinhada com o projeto de renovao.“Esse atual projeto de abertura me fascina. E isso no nem o comeo. Tem que ter mulher, negro, ndio. Porque so excelentes tambm. Isso o Brasil, a democracia. Eu estou muito feliz de chegar nesse momento na academia”, destacou Helosa, que teceu uma srie de elogios instituio.
“O que discutido aqui muito srio. So os problemas da lngua nacional, o que certo, errado, bom ou ruim, e no tem nada mais poltico e importante. Acho que seria maravilhoso divulgar a gravidade desse assunto para o pblico em geral. bacana defender a palavra, a lngua, a literatura nacional, a liberdade de expresso. uma instituio a qual vale a pena pertencer.”
A escritora e crtica culturala a ser a dcimamulher eleita para a ABL. A cadeira 30 tem como fundador o contista Pedro Rabelo ecomo patrono o jornalista e romancista Pardal Mallet. J ocuparam o assento comotitulares o advogado Herclito Graa, o mdico Antnio Austregsilo e o ensasta, fillogo e lexicgrafo Aurlio Buarque, alm de Nlida Pion.
Nascida em Ribeiro Preto, interior de So Paulo, Heloisa se mudoucom a famlia para o Rio de Janeiro aos 4 anos. Filha de um mdico, professor e uma dona de casa, me de trs filhos:Lula, Andr e Pedro, todos cineastas.
Trajetria
Uma das principais vozes do feminismo brasileiro,Helosa Buarque de Hollanda - agora, Helosa Teixeira - formada em letras clssicas pela Pontifcia Universidade Catlica (PUC-Rio), com mestrado e doutorado em literatura brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ps-doutorado em sociologia da cultura na Universidade de Columbia, em Nova York. diretora do Programa Avanado de Cultura Contempornea (PACC-Letras/UFRJ), onde coordena o Laboratrio de Tecnologias Sociais, do projeto Universidade das Quebradas, e o Frum M, espao aberto para o debate sobre a questo da mulher na universidade.
Seu campo de pesquisa privilegia a relao entre cultura e desenvolvimento, rea em que se tornou referncia, dedicando-se s reas de poesia, relaes de gnero e tnicas, culturas marginalizadas e culturadigital. Nos ltimos anos, vem trabalhando com o foco nas produesdas periferias das grandes cidades, no feminismo, bem como no impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produo e no consumo culturais.
Entre os livros publicados, destaca-se a histrica coletnea26 Poetas Hoje, de 1976, que revelou uma gerao de poetas “marginais”, como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal.Olivrotrazia a atmosfera coloquial e irreverente que marcaria a dcada de 1970, tambm chamada de gerao mimegrafo ou gerao marginal. Eram poetas que estavam margem do circuito das grandes editoras e que produziam seus livros de maneira artesanal, em casa, em pequenas tiragens vendidas em centros culturais, bares e nas portas dos cinemas. O livro foi uma resposta direta aos anos de chumbo e se tornou um clssico da poesia brasileira, referncia incontornvel para escritores e leitores de poesia.
Com o nome de casada, Helosa Buarque de Hollanda publicou tambm:Macunama, da literatura ao cinema;Cultura e Participao nos anos 60;Ps-Modernismo e Poltica;O Feminismo como Crtica da Cultura;Guia Potico do Rio de Janeiro;Asdrbal Trouxe o Trombone: memrias de uma trupe solitria de comediantes que abalou os anos 70; entre outros.
Agncia Brasil