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31/03/2025 s 11:36 4v704a

Crdito do Trabalhador: uma soluo que pode agravar o endividamento dos brasileiros 3c46m

A recente iniciativa do Governo Federal, batizada de Crdito do Trabalhador, que prope a utilizao do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Servio (FGTS) como garantia para emprstimos consignados, surge como uma tentativa de injetar recursos na economia e atenuar o desgaste poltico.

No entanto, essa medida, sob a aparncia de ser vantajosa, pode agravar o j elevado nvel de endividamento da populao brasileira.

Um dos pontos que mais preocupa que o trabalhador vai ter que pagar para usar um dinheiro que, na verdade, j dele. A taxa de juros de 3,01% ao ms, que aproximadamente 40% ao ano, configura uma cobrana significativa sobre um valor que o trabalhador acumulou ao longo de sua trajetria profissional.

Essa dinmica levanta questionamentos ticos e econmicos sobre a justificativa para tal cobrana. Em vez de facilitar o o a recursos prprios em momentos de necessidade, o governo parece estar criando uma nova via de receita s custas do trabalhador.

Alm disso, a regra que permite usar a multa de 40% que o empregador paga quando demite para pagar o emprstimo um risco grande para o trabalhador. Em um cenrio de instabilidade econmica e alta rotatividade no mercado de trabalho, a possibilidade de perder essa importante proteo financeira em um momento de vulnerabilidade real e preocupante. Utilizar a multa rescisria para saldar um emprstimo pode desproteger o trabalhador justamente quando ele mais precisa desse e.

Outro aspecto alarmante o limite do emprstimo, que pode alcanar at 35% da renda bruta do trabalhador. Esse percentual pode chegar a 50% da renda lquida, comprometendo significativamente a capacidade financeira do indivduo. Imaginar um trabalhador tendo que viver por longos perodos com metade de seu salrio lquido visualizar um cenrio de aperto financeiro extremo, com potencial para gerar um ciclo vicioso de endividamento.

importante reconhecer que a maioria da populao brasileira no possui o nvel de educao financeira necessrio para avaliar completamente os riscos e as complexidades envolvidas em um emprstimo dessa natureza.

Simplificar a questo, atribuindo a responsabilidade total ao trabalhador por suas decises financeiras, ignora a realidade socioeconmica de muitos brasileiros, que frequentemente se encontram em situaes de vulnerabilidade e com o limitado a informaes e ferramentas de planejamento financeiro. A falta de conhecimento pode levar a decises impulsivas e mal-informadas.

A Fecomrcio v essa ao governamental como potencialmente prejudicial aos trabalhadores. Embora a injeo de dinheiro na economia possa gerar um impacto positivo em curto prazo, impulsionando o consumo e a atividade econmica, os custos sociais e individuais a longo prazo podem ser muito elevados.

O risco de um superendividamento em massa pode gerar instabilidade econmica, aumento da inadimplncia e um impacto negativo no bem-estar das famlias brasileiras.

fundamental que o governo reavalie essa medida, considerando os potenciais danos que ela pode causar aos trabalhadores. O foco deveria ser a promoo de um crescimento econmico sustentvel e inclusivo, que beneficie a todos os cidados, e no apenas a criao de mecanismos que possam agravar a vulnerabilidade financeira de uma parcela significativa da populao.

A sade financeira dos trabalhadores um pilar fundamental para a estabilidade econmica e social do pas, e medidas que a coloquem em risco devem ser cuidadosamente ponderadas e, se necessrio, revistas.

Jos Wenceslau de Souza Jnior

Jos
* Jos Wenceslau de Souza Jnior empresrio do setor de materiais de construo h mais de 40 anos em Cuiab e presidente do Sistema Comrcio de Mato Grosso, formado por Fecomrcio-MT, Sesc-MT, Senac-MT e IPF-MT.
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