Esta tera-feira um dia especial para os amantes da literatura e dos livros, afinal em25 de julho comemorado em todo Brasil o Dia Nacional do Escritor. A data foi instituda em 1960 em homenagem ao I Festival do Escritor Brasileiro, realizado pela Unio Brasileira de Escritores (UBE). E para comemorar, o Entret conversou com duas geraes da literatura mato-grossense.
Mdico, poeta, escritor e imortal da Academia Mato-Grossense de Letras, o cuiabano, que leva no nome o amor pela Capital, Ivens Cuiabano Scaff dispensa apresentaes. Aos 72 anos, o escritor um dos maiores representantes da literatura no estado, com oito livros infantis, cinco livros de poesia e mais dois em produo. Um deles ser uma trilogia de romance histrico sobre as Bandeiras em Mato Grosso.
quase que impossvel para ele instituir o momento em que se tornou um escritor de fato: a atividade sempre esteve enraizada na sua vida, afinal, desde pequeno Ivens j se deliciava com os contos infantis dos Irmos Grimm e pelas histrias fantsticas de Monteiro Lobato, o criador de “Stio do Pica Pau Amarelo”. Lado a lado com a paixo pela escrita, veio a medicina.
“Comecei a escrever tarde porque eu fui seguir a carreira de mdico primeiro e isso ocupa todo o seu tempo, mas desde os anos 70 eu j escrevia algumas poesias nas ltimas folhas dos cadernos. Eu fui realmente comear a escrever porque me pediram para fazer um texto pequeno no Sesc sobre o Minhoco do Pari, eu j tinha quase 40 anos. Eu comecei a escrever e o texto se alongou e acabou virando meu primeiro livro que o ‘Uma Maneira Simples de Voar’. Teve uma poca em Cuiab que muita gente que escrevia se reunia em torno do quadrinista Wander Antunes e eu ajudava a fazer os roteiros do personagem Gonalinho”, conta Ivens.
Crianas de todas as idades j puderam se apaixonar pelas histrias de Scaff, desde as narrativas de um pequeno garoto que conhece o dia a dia de um menino pobre no atemporal “Mame Sonhei que Era um Menino de Rua”, at mesmo nos momentos em que os pequenos sentam ao lado dos pais e pedem para que eles leiam a lenda de “Mame Loba e Mame das Cavernas”, obra esta que h quatro meses foi selecionada pelo Ministrio da Educao para integrar o Programa Nacional do Livro e do Material Didtico, o que faz que com a obra seja adotada em todas as escolas do Brasil.
Sempre bem-humorado, Ivens diz que acho engraado quando os leitores descobrem que ele um mdico. E para ele, a escrita representa isso: “Uma maneira de viajar para outro mundo e recarregar as baterias para enfrentar o dia a dia da medicina”.
O autor sabe que atualmente vivemos em um mundo majoritariamente visual em virtude das redes sociais e do advento da internet, porm ele fica feliz em saber que, mesmo assim, os jovens esto sempre procurando a leitura. “Tenho encontrado crianas que j leram todos os livros do Harry Potter e do Senhor dos Anis e so livros complexos. Os jovens encaram mesmo a leitura”, o que d muito mais alegria no corao do autor que ama escrever.
A nova gerao
Embora muito jovem, com apenas 26 anos de idade, o professor, palestrante e autor Caio Ribeiro um expoente na literatura de Mato Grosso. Nascido em Rondonpolis e atualmente morando em Cuiab, Caio comeou a contar histrias bem antes de aprender a ler e escrever, afinal, as imagens tambm fazem parte de uma narrativa.
“Quando criana eu desenhava e fazia coisas sem uma linearidade. Eu gostava de desenhar formigas dentro do formigueiro usando roupas de gente mesmo, mas eu no as desenhava paradas, elas estavam sempre se mexendo, ento a folha ficava um grande rabisco. A partir da eu sentava com minha me e contava para ela essas histrias. Depois, aos cinco anos eu pedia para minha av me ensinar a ler porque eu foleava gibis e no entendia nada. Logo que fui alfabetizado eu ei a escrever toda hora”, narra o escritor.
Sempre com a mente funcionando a mil, de maneira independente e sozinho Caio “lanou” seu primeiro livro no oficial, o “Poro das Almas”, um apanhado de escritos adolescentes que ele mesmo reuniu, foi at uma grfica e imprimiu. Mesmo sendo uma obra que representava um momento de rebeldia do rapaz, ela foi o ponto de partida para que em 2017 ele publicasse de forma oficial e por meio de uma editora a obra “Colecionador de Tempestades”.
Formado em Cincias Sociais pela Universidade Federal de Mato Grosso, o autor viveu de escrita de 2019 at meados de 2023, poca em que ele participou de programas como o “Arte da Palavra” do Sesc nacional, a “Fbrica de Poemas” e aproveitou para viajar o Brasil dando cursos de poesia, escrita e palestrando sobre a vida de escritor.
Recentemente, influenciado pelo dolo Ivens Scaff, Caio diz que entendeu que sendo autor “no vamos viver de poesia, ns vamos viver para a poesia e viver para ela exige que tenhamos outra carreira. Por isso eu voltei para a sala de aula dando aulas de histria da arte e literatura para o ensino mdio”, conta.
At o momento ele j tem quatro livros lanados e um em produo. Para ele, o maior desafio de um escritor nunca perder o hbito da leitura, pois ao se aproximar muito das telas do celular, da televiso e dos computadores, as vezes a pessoa pode perder este hbito que deve ser dirio. Outro desafio encontrar uma editora para chamar de casa, algo que ele teve sucesso ao fechar parceria com a editora Entrelinhas.
“A escrita tudo para mim. Tudo que eu olho escrita. Gestos que viram caracteres. A escrita para mim a possibilidade de escrever e ver o mundo, escrever a realidade. o que me traz a dignidade de ser uma pessoa que consegue olhar para as coisas e v-las da forma como so”, diz o apaixonado escritor.
As obras lanadas por Caio so: “Colecionador de Tempestades”, “Manifesto da Manifesta”, “Loucos e Sbios: O Livro dos Diamantes” (em parceria com Marlia Beatriz de Figueiredo) e “Manifesto da Manifesta: Mundo-Livro”.
Alm das salas de aula, atualmente ele faz parte doColetivo Spectrolab – Investigao Cnica. Ele tambm editor e fundador da revista Matacapos e tambm curador e editor geral da Revista Le!a (projeto em parceria do Sesc-MT e Sesc-MS) e tambm j escreveu peas teatrais como “Coi”, dirigiu a pea “Vidas Provisria” e no cinema atuou nos curtas “6 Dias Depois do Fim do Mundo”, “Ausncia”, “Antes do Mundo Acabar” e “Angelus Novos”.
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