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Mato Grosso, 274 anos: o que o hino revela sobre a Histria e a Cultura do Estado? 3qz6i

O escritor e historiador Joo Carlos Vicente Ferreira fala do vanguardismo de Dom Aquino Corra, autor da "Cano Mato-grossense" 3y5d9

Priscila Mendes

Mato Grosso, 274 anos: o que o hino revela sobre a Hist

Foto: Reproduo

“O ouro deu-te renome to grande / Porm mais, nosso amor te dar!”. Esses so apenas dois dos versos que compem o Hino de Mato Grosso, poesia de Dom Francisco de Aquino Corra e msica do maestro Emlio Heine, que j registram dois dos tesouros mato-grossenses, o ouro - razo da colonizao - e o povo.

Mato Grosso celebra, neste dia 9 de maio, 274 anos desde que a capitania de Mato Grosso foi criada, atravs de Carta Rgia da Coroa Portuguesa que a separava da Capitania de So Paulo, em 1748, e nomeava o primeiro Capito-general Antnio Rolim de Moura.

Mas at 8 de abril de 1919, bicentenrio de Cuiab, o Estado no tinha um hino e compor uma cano de valorizao foi iniciativa do ento presidente de Mato Grosso (sim, o ttulo do governante poca era ‘presidente’) Dom Aquino Corra, para fazer emergir nos mato-grossenses um sentimento maior de identidade.

Quem explica ao Entret o momento histrico e cultural que Mato Grosso vivia em 1919 o historiador e escritor Joo Carlos Vicente Ferreira, imortal da Academia Mato-grossense de Letras (AML), ex-presidente do Instituto Histrico e Geogrfico de Mato Grosso e autor de livros como 'Mato Grosso e Seus Municpios' e 'Enciclopdia Ilustrada de Mato Grosso'.

Para Joo Carlos, Dom Aquino Corra, arcebispo de Cuiab, primeiro mato-grossense a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, fundador da AML, criador do Instituto Histrico e Geogrfico de Mato Grosso, era uma pessoa “iluminada”, porque ele tinha uma “viso universal” do Estado, antes da diviso que criou Mato Grosso do Sul.

Era uma figura muito irada e, quando foi eleito presidente, em 1918, aos 32 anos, tinha bom trnsito com a ento capital brasileira Rio de Janeiro. Tambm se preocupava com a interiorizao do Estado com grande dimenso territorial. “Ele foi o governante que saiu de Cuiab a cavalo e andava pelos municpios. Ele fez uma viagem de barco at Corumb e, de l, viajou o interior do que hoje o Mato Grosso do Sul”.

Hino e braso

At 1918, Mato Grosso - a diviso de Mato Grosso em dois estados ocorreu apenas em 1977 - no tinha hino nem braso, apenas bandeira. No primeiro ano de governo, Dom Aquino Corra j props o braso e, em dia festivo, nas celebraes dos 200 anos da capital Cuiab, o hino foi apresentado pela primeira vez.

Ainda conforme o professor Joo Carlos, como chamado, a proposta de Dom Aquino era despertar nos mato-grossenses o que tinha de diferente, de nico. “Ele sabia da necessidade de firmar na cabea das pessoas a importncia da cultura de Mato Grosso”, comentou, acrescentando que esse sentimento, que o prprio entrevistado cunhou como “matogrossismo”, que seria algo correspondente ao nacionalismo ou ao bairrismo - sentimento de pertencimento sua terra, com entusiasmo, merecia destaque.

O pas vivia um momento cultural de se desvencilhar da produo cultural europeia, mais especificamente sa, para reconhecer o que lhe prprio, o que brasileiro - em nvel de pas - e o que cultura mato-grossense. Esse caldeiro cultural fervilhante transbordou na Semana de Arte Moderna, em 1922, que o professor v como um marco, uma ponta de tudo que acontecia no Brasil naqueles anos.

Dom Aquino Corra, grande poeta e intelectual, foi alm do momento cultural brasileiro e quis valorizar a histria de Mato Grosso. Isso, para registrar a trajetria de conquistas do Estado, j que asterras ao ocidente eram de domnio espanhol e o territrio de Mato Grosso resultado de guerras e batalhas, a exemplo da Guerra do Paraguai.

Por essas batalhas - e como todo hino - a msica conduzida pelo “gnero marcial” - aquele gnero musical pensado para incentivar os guerreiros. Mas a letra registra a fronteira que o Estado faz com ( poca) Bolvia e Paraguai, as "minas faiscantes", as guerras e conquistas, o sol e o calor, os campos e o Pantanal, o gado, a fauna, a flora, os rios, os indgenas, os bandeirantes e muito mais.

Hino ou cano?

Mas o hino no nasceu hino. Nasceu “Cano Mato-grossense”, que at 1983 no havia sido oficializada como o hino de Mato Grosso. A Constituio brasileira de 1946 restabeleceu os smbolos oficiais dos estados, mas Mato Grosso s tinha oficialmente o Braso de Armas e a Bandeira. A lacuna buscou ser corrigida apenas pelo ento governador Jlio Campos que, antes de determinar que a poesia de Dom Aquino fosse registrada como hino, criou uma comisso avaliativa composta por Adauto Alencar, Archimedes Pereira Lima, Marlia Beatriz Figueiredo Leite, Ldio Modesto da Silva e Pedro Rocha Juc.

Isso, porque a Cano Mato-grossense citava os municpios de Dourados e Corumb, que desde 1977 compem Mato Grosso do Sul. Mesmo assim, os membros da comisso sugeriram que a composio de Dom Aquino e de maestro Emlio Heine fosse oficializada Hino de Mato Grosso, mantendo-se “inaltervel no seu todo ou nas suas partes”, como mencionou professor Joo Carlos Vicente Ferreira.

Cante junto

Confira o vdeo-clipe foi produzido pelo Sebrae/MT em 2007, com equipe de 270 profissionais mato-grossenses, entre msicos, cantores e tcnicos de criao, produo, gravao e direo de vdeo, que buscou enaltecer as belezas naturais e a diversidade cultural do Estado. O Entret tambm coloca a letra do Hino na ntegra, para voc cantar junto.



Limitando, qual novo colosso,
O ocidente do imenso Brasil,
Eis aqui, sempre em flor. Mato Grosso,
Nosso bero glorioso e gentil!
Eis a terra das minas faiscantes,
Eldorado como outros no h
Que o valor de imortais bandeirantes
Conquistou ao feroz Paiagus!

Salve, terra de amor, terra do ouro,
Que sonhara Moreira Cabral!
Chova o cu dos seus dons o tesouro
Sobre ti, bela terra natal!

Terra noiva do Sol! Linda terra!
A quem l, do teu cu todo azul,
Beija, ardente, o astro louro, na serra
E abenoa o Cruzeiro do Sul!
No teu verde planalto escampado,
E nos teus pantanais como o mar,
Vive solto aos milhes, o teu gado,
Em mimosas pastagens sem par!

Hvea fina, erva-mate preciosa,
Palmas mil, so teus ricos flores,
E da fauna e da flora o ndio goza,
A opulncia em teus virgens sertes.
O diamante sorri nas grupiaras
Dos teus rios que jorram, a flux,
A hulha branca das guas to claras,
Em cascatas de fora e de luz.

Dos teus bravos a glria se expande
De Dourados at Corumb,
O ouro deu-te renome to grande
Porm mais, nosso amor te dar!
Ouve, pois, nossas juras solenes
De fazermos em paz e unio,
Teu progresso imortal como a fnix
Que ainda timbra o teu nobre braso.
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