Trs mulheres negras - me e duas filhas - encontraram nas tranas afro uma forma de contribuir com a autoestimade pessoas pretas em Cuiab e abriram um novo empreendimento,o espao Nefertiti Beleza Afro, no bairro Boa Esperana, pararesgate da cultura e da prpria identidade.
uma empresa de uma famlia majoritariamente feminina: as filhas Amanda de Paula e Fernanda de Paula e a meDbora de Paula.
As irms sempre foram incentivadas pela me a manterem os cabelos naturais. Debora fez cursos para aprender a cuidar e cortar os fios das filhas, evitando o alisamento.
A famlia veio do interior de Gois e, em 2018, as jovens faziam tranas nas casa das clientes e se identificavam como as ‘Braid Irms’. Tempos depois, contaram com a ajuda de uma amiga, cuja me tinha um salo de beleza, e assim conseguiam utilizar o espao em dias de pouca movimentao.
Amandaou a atender em sua prpria casa, enquanto Fernanda, aos 16 anos, decidiu trabalhar com outras coisas, que no tranas.
Com a pandemia, Amanda intensificou o trabalho para ajudar nas contas da famlia. “Foi quando decidi deixar a faculdade. Em outubro de 2020, emprestei uma sala em Vrzea Grande, porque estvamos nos mudando para a casa que estamos hoje em dia, foi meu primeiro grande o profissional e foi quando comecei a perceber o que eu realmente gostava de fazer”, relata.
A me das meninas, poca sem emprego fixo, resolver reunir o prprio conhecimento em cortes de cabelo afro com o trabalho das trancistas. “Diante das circunstncias, vimos como uma oportunidade. Ento, decidimos nos juntar e agregar servios mais completos”.
Mas as contas continuavam a chegar e Amanda e Fernanda comearam a fabricar toucas de cetim e durags, itens culturalmente usados pela comunidade negra. A primeira leva foi costurada mo, mas Amanda decidiu investir. “Sem nunca nem ter visto uma mquina de costura de perto, eu decidi comprar uma e tentar. Comeamos a aprender sozinhas e como era teste, a gente dava de brinde para as clientes. S depois que comeamos a vender”.
Representatividade, troca e autoestima
As irms sempre foram criativas. Pintavam os cabelos, faziam tranas e penteados com o auxlio de Dbora. Dizem que sempre entenderam a importncia da esttica para a mulher preta, mas foi tranando que identificaram diversas outras histrias de meninas e mulheres, que aram pela transio e viram nisso a maneira de serem referncias, servindo de inspirao para outras geraes.
“Atendi uma mulher que chegou na minha casa chorando muito, pois ela estava fazendo transio e, aquele dia, decidiu cortar o cabelo ela mesma. Comecei a fazer as tranas e, durante a conversa, houve essa troca. Ela contou que decidiu ar pela transio por causa da filha, porque por mais que ela falasse o quo o cabelo da criana era lindo, surgia o questionamento ‘mas porque o seu no igual?’. Ela sentiu a necessidade de ser a primeira referncia da filha”, diz Amanda.
“Foi um marco conhecer essa mulher, porque pude perceber a importncia da autoestima, ao mesmo tempo que identifiquei as diversas violncias que as mulheres sofrem no dia a dia, principalmente a mulher preta. Quando terminamos, ela comeou a chorar muito e disse: ‘eu ia embora de Uber, mas eu vou de nibus, porque no quero sair da mesma maneira que entrei’. Percebi que essa exposio no nibus foi um problema para ela na vinda e, saber que isso mudou em uma tarde foi incrvel”, finaliza.
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