Ilustrao feita por Fellipe Csar retrata o Minhoco do Pari
Foto: Fellipe Csar
O Dia das Bruxas, chamado de Halloween, celebrado mundialmente no dia 31 de outubro. Conhecido por ser festejado principalmente nos Estados Unidos, a data uma celebrao popular de culto aos mortos.
comum, neste dia, ver crianas irem de porta em porta atrs de doces, ver enfeites em casas com adereos ‘assustadores’ e festas fantasia.
O termo tem origem na expresso em ingls 'All Hallow’s Eve' (Vspera de Todos os Santos), pois comemorado um dia antes do dia 1 de novembro.
Para sair um pouco da cultura americana, o Entretquer lembrar o leitor de lendas e histrias assustadoras que esto um pouco mais prximas da nossa realidade: as lendas e o folclore cuiabano.
As lendas so contadas de gerao em gerao. Toda vez que algo de estranho acontece e no tem explicao lgica, surge o questionamento se no foi obra de uma criatura mstica.
Grande parte dos contos foi retratado em livros pela professora e historiadora Dunga Rodrigues.
Um dos principais, seno o mais conhecido, a lenda do Minhoco, ou Minhoco do Pari.
um grande monstro em forma de serpente, que circula pelos rios e guas do Pantanal virando canoas, devorando pescadores, levantando grandes ondas e desmoronando barrancos dos rios.
Algumas verses da lenda dizem que no se pode reformar ou restaurar as igrejas histricas da capital, pois o minhoco encontra-se preso pelos fios de cabelo de Nossa Senhora.
Para Joo Carlos Vicente Ferreira, professor e historiador em Cuiab, o Minhoco do Pari a lenda mais regional.
“Guardadas devidas propores, o Minhoco do Pari est para Cuiab, assim como o monstro do lago Ness est para as Terras Altas da Esccia, no Reino Unido. O que existe, de fato, a lenda que segue atraindo curiosos sobre sua origem. O que mais se aproxima da nossa realidade a possibilidade desse ‘minhoco’ ser uma sucuri de tamanho descomunal”, disse ao Entret.
Segundo Ferreira, essa situao possvel pelo fato de essa lenda ser antiga, poca em que o rio Cuiab ainda abrigava cacharas, pintados, jas e outros peixes com medidas superiores s contemporneas e peso facilmente ando dos 100 kg.
“Da, a termos sucuris gigantes um o. O que pode ter ocorrido foi o encontro de pescadores desavisados com essa enorme cobra na barra do rio Pari com o Cuiab. A partir da a imaginao popular entra em ao e cria personagens e situaes inusitadas que permeiam nosso imaginrio at os dias de hoje”, completou o historiador.
Me d'gua
Outra lenda que ainda contada nos dias atuais a Me D’gua. Seria uma ‘parente’ da sereia e mantm o mesmo hbito de se pentear em cima de uma grande pedra. Nos dias em que o pescador no consegue pegar peixe, dizem se tratar da beno da me d'gua sobre o anzol. Protetora dos peixes, considerada um mito ecolgico.
Negrinho D'gua
Tambm conhecido como Caboclo D'gua em outras regies, uma espcie de Saci-Perer do rio, que vive fazendo travessuras com os pescadores. Andam em bandos e, no fundo dos rios, h a cidade dos negrinhos d'gua. s vezes, quando capturam um pescador, o levam para o fundo do rio para dar surras!
Os livros histricos guardados no Arquivo Pblico de Mato Grosso relatam muitos dos contos que fazem parte da cultura cuiabana e que so contados de diversas maneiras.
Mulher de Branco ou Noiva de Branco
A famosa Mulher de Branco ganhou uma nova identidade. Por aqui, ela pantaneira e seduz os homens com sua beleza alva em estradas noturnas, fazendo-os perder o controle e desaparecendo sem deixar rastros.
Em outra verso, ela os leva at uma manso luxuosa e, no dia seguinte, eles acordam nus e enrolados em espinhos. No lugar onde antes havia a casa, no h mais nada.
“ sempre uma defunta que levanta do caixo e sai, noite, para atazanar a vida dos incautos. Ouvi isso quando era um garotinho, contado de diversas formas, de acordo com o bom humor do contador de histrias. Essa uma das lendas urbanas mais publicadas pelos nossos folcloristas”, comentou o historiador.
Cabea de pacu
O Pac um peixe da famlia dos caracdeos, muito abundante no rio Cuiab e seus afluentes. H entretanto certa superstio cabalstica quanto a sua cabea.
Dizem que, ao ingeri-lo, se se trata de um forasteiro, jamais deixar Cuiab. Se for homem solteiro, estar fadado a casar com alguma moa desta terra. E, se for casado, estar condenado a terminar os seus dias aqui.
Quantas vezes voc j ouviu "quem come cabea de pacu no sai mais de Cuiab"?
Me do Ouro
quase uma bola de fogo que brota da gua ou da terra, indicando que h dinheiro ou ouro enterrado por perto. Por isso que Me do Ouro s aparece em regies de minerao.
“As lendas urbanas cuiabanas, salvo uma ou outra, no se diferenciam muito em seu contedo de outras, contadas em verso e prosa por cidades Brasil afora e, especialmente, em Portugal. Sim, somos filhos de Portugal no apenas no idioma, mas na cultura de forma bem abrangente. No folclore brasileiro, so de origem portuguesa a crena em seres fantsticos como a cuca, o bicho-papo e o lobisomem, alm de muitas lendas e jogos infantis como as cantigas de roda. Sempre bom lembrarmos que as duas festas mais importantes em nosso pas, o carnaval e as festas juninas, foram trazidas para c pelos lusitanos”, explicou o historiador.
Porca com leites
s sextas-feiras noite, aparecia uma porca com sete leites em frente ao Largo da Boa Morte, em uma regio que hoje seria a Rua 13 de Junho. Havia uma lagoa onde diziam que, noite, quem asse no local seria perseguido por uma porca feroz acompanhada de sete reluzentes leitezinhos.
Tibaran
Segundo a lenda, o Tibaran a alta noite assobiando. um pequeno arinho encantado. Se algum necessita de algo, um favor ou benefcio, pede ao Tibaran quando ele a noite e lhe promete um pedao de fumo. Realizado o pedido, logo ao anoitecer, aparece um homem pedindo um pedao de fumo. Esse homem o Tibaran que vem buscar o pagamento.
“Esses personagens que mexem com o imaginrio infantil e - por que no de outras faixas etrias - fazem parte de um conjunto de costumes que caracterizam nosso povo. Costumes que am de gerao em gerao e so praticados de maneira coletiva ou individual, obrigando-nos, mesmo que de forma subjetiva, a valorizar esses elementos de nossa cultura. Portanto, saber mais sobre nossas lendas e tradies uma boa forma de estarmos conectados com a nossa ancestralidade e conhecer mais sobre nossos anteados”, avalia o historiador.
P de Garrafa
Outro mito conhecido a lenda do P de Garrafa: fala sobre um homem-bicho, com o corpo coberto de pelos, exceto ao redor do umbigo e, claro, um dos ps tem o formato do fundo de uma garrafa. Por isso, se locomove aos pulos, deixando pegadas redondas, assustando com seu grito e com os assobios que indicam que dono do territrio. Ele capaz de hipnotizar quem encar-lo, arrasta as vtimas para sua caverna e as devora.
“Em tudo que contado sempre tem um fundo de verdade. Lenda uma histria oral narrada de gerao em gerao que contm fatos reais e irreais produzidos pela imaginao humana. Existem algumas lendas e contos macabros que ouvimos que supostamente so reais, mas, de to malucas, acabamos pensando que no am de mais uma lenda urbana”, acrescentou Ferreira.
De acordo com o historiador, os contos e as lendas so narrativas contadas de gerao em gerao e possuem a caracterstica de se moldar conforme o tempo. Assim, os detalhes vo aumentando, a cultura e a tradio popular entram e tornam as descries mais caprichadas.
“Pessoas buscam preservar o ado como um guia que serve de orientao para enfrentar as incertezas do presente e do futuro”, finalizou.
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